Obesogênios xenobióticos: os Causadores Invisíveis da Obesidade

O controle de peso, a sua manutenção e o combate à obesidade, nos dias atuais, “parecem” cada vez mais difíceis de se conseguir – mesmo que, na maioria das vezes, você se empenhe em busca desse resultado.

Recebo muitos pacientes nos quais é visível o esforço com dieta e exercício, mas há algo relativamente novo que está deixando o nosso planeta mais pesado.

Na verdade, há um grande vilão que está influenciando isso, dificultando cada vez mais o emagrecimento e trazendo outras consequências desfavoráveis à saúde.

Eu estou falando de distúrbios endócrinos causados por ações de certos produtos químicos que estão por todos os lados: agregados na dieta, no ambiente e até nos cosméticos e remédios.

Eles promovem o crescimento das células adiposas, com consequente acúmulo de gordura. E mais: essa distorção compromete os hormônios que regulam o apetite e a taxa metabólica, acentuando ainda mais o depósito de gorduras.

Essa questão ganhou atenção entre os cientistas em 2002, após uma publicação alertando sobre o assunto.

Realizaram-se testes de toxicidade para produtos químicos, pois acreditava-se que pudessem causar perda de peso. De forma surpreendente, observou-se o contrário, ganho de peso. E isso ocorria mesmo com baixas doses, tanto para adultos como para bebês e crianças.

Num estudo subsequente em animais, relatou-se à Newsweek que ratos recém-nascidos expostos a um composto imitador de hormônios tinham 36% mais gordura corporal e eram 20% mais pesados ​​do que os ratos usados ​​no controle.

Avaliando os padrões de crescimento infantil, observa-se uma trajetória ascendente de bebês que nasceram com sobrepeso e que provavelmente permanecerão obesos.        

Achados da Universidade da Virgínia mostram que produtos químicos obesogênicos podem aumentar o potencial de obesidade nas gerações futuras.       

E mais recentemente novas pesquisas suportam a ação dos obesogênios, tanto é que a preocupação agora é pelo nível de exposição a esses produtos químicos ao longo da vida. Assim, os pesquisadores esperam que:

    “Isso informará e orientará futuras abordagens laboratoriais e epidemiológicas que superarão as limitações atuais. Por sua vez, isso nos permitirá avaliar os custos para a sociedade da exposição aos produtos químicos conhecidos por desregulação endócrina e obesogênios com mais precisão. Em uma visão otimista, essas informações podem influenciar os formuladores de políticas a tomar as medidas apropriadas para proteger a saúde pública.”

Aonde estão os obesogênicos xenobióticos

Além de estarem nos alimentos, no ambiente e nos cosméticos, até mesmo os medicamentos causam obesidade. Veja alguns exemplos:

1 – Agressores ambientais de dentro de casa:

  • produtos de limpeza: tolueno, fenol, formaldeído, xileno, butano etc.
  • gases liberados nas residências: clorofórmio, benzeno, etilbenzeno, tricloroetileno, tricloroetano, tetracloroetileno etc.
  • gases de carpetes: formaldeído, benzeno, tolueno, cloroetileno, fitalatos etc.
  • gases dos pisos e móveis imitando madeira, tinta de parede.
  • embalagens de alimentos, panelas antiaderentes, espuma de combate a incêndios, móveis resistentes a manchas, vinil e plásticos. Eles contêm bisfenol-A (BPA), parabenos, retardadores de chama, PFASs e pesticidas.            

2 – Agressores por produtos de higiene íntima:

  • sabonetes, xampu, condicionador, cosméticos, perfumes, protetores solares, amaciantes de roupas etc.

3 – Agressores na alimentação:

  • alimentos refinados, industrializados, muito açúcar, frutose.
  • pesticidas, corantes, conservantes, transgênicos e antibióticos.
  • água e ar. 

4 – Medicações:

Hoje, segundo estudo recente da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (NHANES) observou-se que cerca de 25% dos americanos estão fazendo uso desses “medicamentos obesogênicos”, por interferirem nos hormônios.   

E aqui incluem-se os mais populares, que também causam ganho de peso. Veja alguns exemplos:

  • Antidepressivos e Antipsicóticos – Depressão e ansiedade
  • Antidiabéticos – Glicemia elevada e diabetes
  • Glicocorticoides e Anti-histamínicos – Alergias e anti-inflamatórios
  • Antibióticos – Interfere na ecologia intestinal, influenciando ganho de peso
  • Betabloqueadores – Pressão arterial
  • Contraceptivos – Gravidez

Portanto, fique atento. Além de cuidar da sua alimentação, lembre-se desses poluentes. Eles também podem ser responsáveis pelo ganho de peso que você não sabe de onde vem. Supersaúde!

Referências bibliográficas:

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