Se você conhece alguém que faz trabalhos voluntários, provavelmente já ouviu essa pessoa falar que se sente bem ao fazer isso. Alguns podem associar essa sensação a uma espécie de alívio na consciência ou coisa do tipo… Mas, segundo a ciência, não é bem assim… Os benefícios são reais!
As pesquisas mais recentes têm cada vez mais mostrado que certas atitudes – que sequer imaginamos – tem sim efeito de melhora da saúde. Afinal, como sempre digo, você é um indivíduo integral, com mente e corpo interrelacionados!
Veja por exemplo uma pesquisa de 2018, que já comentei por aqui. Nela, os pesquisadores analisaram o estado emocional de voluntários que ajudaram ou deram suporte a alguém. Por meio de ressonância magnética, os cientistas observaram o que se passava no cérebro de quem ajudava os outros.
Eles viram que quando isso ocorria, áreas do cérebro relacionadas a comportamento de cuidado parental eram estimuladas. E tem mais: a amígdala cerebral, ligada às respostas ao medo e estresse, tinha menos atividade.
A conclusão é de que o fato de ajudar e se sentir bem traz efeitos positivos ao cérebro. Consequentemente, temos um ganho em saúde de uma forma geral. Afinal, esse órgão controla todo o resto e suas respostas influenciam diretamente nosso organismo.
Entendendo os benefícios do trabalho voluntário
Agora, uma nova pesquisa foi além, avaliando e mensurando de perto como o trabalho voluntário pode ajudar… o próprio voluntário! Além, é claro, da pessoa que é ajudada…
O estudo, que foi publicado no American Journal of Preventive Medicine, analisou cerca de 13 mil pessoas acima de 50 anos que fizeram ou não trabalhos voluntários entre 2010 e 2016.
Ao conferirem seus dados de saúde, os pesquisadores concluíram que aqueles que faziam pelo menos 100 hora de trabalhos voluntários por ano – o que dá, em média, 2 horas por semana – apresentavam risco reduzido de mortalidade, quando comparados com pessoas que não praticavam esse tipo de trabalho.
Levando em conta que os voluntários observados tinham faixa etária superior aos 50 anos, concluiu-se que eles tinham também menor chance de desenvolver limitações físicas devido ao avanço da idade.
Ficou claro ainda que os trabalhadores voluntários eram mais ativos fisicamente. Os achados anteriores foram igualmente confirmados: eles tinham maior sensação de bem-estar após ajudarem alguém, validando o que falamos anteriormente.
Conforme explica o Dr. Eric S. Kim, um dos autores do estudo, ainda são necessárias mais pesquisas para compreender a real influência do voluntariado na melhoria de problemas de saúde. Ainda assim, é inegável que esse processo reduziu o risco de morte nas pessoas analisadas:
“Os seres humanos são criaturas sociais por natureza. Talvez seja por isso que nossas mentes e corpos sejam recompensados quando ajudamos aos outros. Nossos resultados mostram que o voluntariado entre os idosos não apenas fortalece as comunidades, mas enriquece nossas próprias vidas, fortalecendo nossos laços com os outros, ajudando-nos a ter uma sensação de propósito e bem-estar e protegendo-nos de sentimentos de solidão, depressão e desesperança.
A atividade altruísta regular reduz nosso risco de morte, mesmo que nosso estudo não tenha mostrado nenhum impacto direto em uma ampla variedade de condições crônicas”.
Então, lembre-se: ajudando aos outros, você estará também ajudando a si mesmo. Sabemos que nesses tempos de pandemia nem sempre isso será possível, mas fica a dica para um futuro próximo. Supersaúde!
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Referências bibliográficas:
- Eric S. Kim, Ashley V. Whillans, Matthew T. Lee, Ying Chen, Tyler J. VanderWeele. Volunteering and Subsequent Health and Well-Being in Older Adults: An Outcome-Wide Longitudinal Approach. American Journal of Preventive Medicine, 2020; DOI: 10.1016/j.amepre.2020.03.004
- Neural Correlates of Giving Social Support: Differences between Giving Targeted versus Untargeted Support. Psychosomatic Medicine. ., Post Acceptance: July 25, 2018.
- Ajudar as Pessoas faz Bem para o seu Cérebro! – www.DrRondo.com