Estou surpreso com o estudo que acabo de ver. Trabalho inédito da Universidade de São Paulo (USP), sugere que respirar o ar de São Paulo engorda.
O grupo de pesquisa da USP, investigando os efeitos da poluição, simplesmente confirmou o que os estudos epidemiológicos mostram da relação entre poluentes e o comprometimento do metabolismo.
Eles trabalharam com camundongos expostos a uma concentração de poluentes semelhante à medida na média diária de São Paulo, que está 90% acima dos níveis considerados seguros pela OMS.
Os achados sugerem que o mesmo deve ocorrer com humanos.
Há um comprometimento da saciedade, em especial do hormônio leptina, além de diminuir o metabolismo.
Ou seja, os animais não ficavam saciados com a quantidade alimentar habitual, e passam a comer mais. Com isso, engordam.
Outro estudo, realizado em Pequim, que tem uma das piores poluições atmosféricas do mundo, mostrou resultado semelhante.
Foram colocados dois grupos de ratos em câmaras separadas. Eles receberam a mesma dieta.
Após 19 dias, os ratos expostos à poluição do ar ficaram 18% mais gordos.
Apresentaram níveis maiores de LDL em 50% e de triglicérides em 46%. Isso indica altos níveis de gordura no sangue. Para piorar, tiveram aumento de inflamação nos pulmões em 25%e no fígado 16%.
Continuando nessa pesquisa, ligando os poluentes do ar à obesidade, encontrei um estudo realizado por um pesquisador do estado de Ohio.
O pesquisador expôs grupos de ratos a diferentes tipos de condições da cidade. Estes incluíam fumaça, fumaça de carros e muito mais.
Após 10 semanas, todos os ratos tiveram um aumento dramático na gordura da barriga. A gordura da barriga é um indicador chave de doenças cardíacas, diabetes, pressão alta, câncer e mortalidade.
Isso explica porque estamos engordando, muitas vezes fazendo tudo corretamente. Vivemos uma realidade que não existia no passado:
Obesidade ligada à poluição do ar.
Isso realmente é um problema do século XXI.
Um estudo sueco medindo a massa gorda humana descobriu que as pessoas com mais poluentes no sangue eram 10,6 quilos mais gordos do que aquelas com menos poluição no sangue.
Estamos recebendo passivamente esses agressores perigosos como:
Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs) são compostos não biodegradáveis que permanecem na atmosfera para sempre. Mesmo se você optar por viver no topo de uma montanha ou numa ilha deserta, as correntes de vento e água garantem que esses poluentes logo cheguem até você.
E como exemplo temos:
- Metais pesados, gases nocivos e fumaça de tabaco – esses poluentes se instalam profundamente em sua pele e órgãos, mudando a maneira como seu corpo e seu metabolismo funcionam.
- BPA – plásticos de policarbonato encontrados em garrafas de água e outros recipientes de alimentos.
- PCBs – estes estão em toda a sua casa… Em tintas, fiação, luminárias fluorescentes antigas e selantes para calafetar.
- PBDE – um retardante de chamas usado em tecidos, espuma de móveis e alguns aparelhos.
- PFOS – usado em panelas antiaderentes e panelas, produtos resistentes a manchas, tapetes e estofados.
- Atrazina – herbicida proibida na Europa, mas usada nos outros países em parques e plantações.
Como eles causam obesidade?
Respirar essas toxinas ambientais causa um desarranjo hormonal, reduzindo o metabolismo. Com isso as suas células passam a armazenar mais gordura. Além disso, seu pâncreas começa a secretar muita insulina, levando ao ganho de peso e diabetes tipo 2.
Outros impactos causados pela poluição
Segundo Mariana Veras, do laboratório de poluição do ar da USP, as pesquisas apontam danos diversos além da obesidade.
- Deficiência de vitamina D: Como a luz solar não atravessa adequadamente a camada de poluição, ela não chega como se espera.
- Cérebro: Compromete as células cerebrais, acelerando o aparecimento e progressão de doenças degenerativas como Alzheimer e Parkinson.
- Pulmão de fumante: Respirar o ar poluído por 2 horas no trânsito equivale a fumar 1 cigarro. Isso é considerado o mesmo nível de um fumante leve. Piora doenças respiratórias e cardiovasculares.
- Gravidez: Predispõe nascimento de bebês prematuros e de baixo peso.
Portanto, tente respirar fundo e pense em programas de desintoxicação, algo desnecessário no passado, mas hoje fundamental. É sua única saída para se viver no terceiro milênio magro e com Supersaúde.
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Referências bibliográficas:
- FASEB. 2016
- Circulation. 2009 Feb 3; 119(4).
- Chemosphere. 2011.
- American Lung Association. 2015.
- O Estado de São Paulo. A12. 05/12/17
- www.drrondo.com/poluicao-ambiental-metais-toxicos/
- www.drrondo.com/metais-toxicos-comuns-mal/
- www.drrondo.com/convivendo-perigo-plasticos-bpa-bps/
- www.drrondo.com/embalagens-sem-bpa-da-para-confiar/
- www.drrondo.com/baixas-temperaturas-poluicao-cerebro/