A nossa dieta moderna, com alimentos falsos e processados, destrói seu intestino, pois reduz a diversidade bacteriana e a saúde geral. Além disso, é rica em gorduras falsas, aditivos químicos…
Por outro lado, o nosso corpo é anfitrião de milhões de micróbios, com pelo menos 160 espécies diferentes de bactérias que colonizam o seu intestino.
Essa “comunidade” é conhecida como microbioma intestinal. É certo que algumas dessas bactérias podem causar doenças, assim como o microbiologista Robert Koch descobriu.
Mas a imensa maioria deles são seus aliados, pois ativam o seu sistema imunológico e impedem que você pegue infecções. Eles extraem os nutrientes do alimento, permitindo seu acesso à corrente circulatória. Resumindo, sua flora intestinal é um delicado equilíbrio entre o bem e o mal.
E a todo esse erro alimentar soma-se o consumo de carnes de animais confinados, que recebem microdosagem de antibióticos. Além de lesarem mais esse equilíbrio de bactérias intestinais, elas causam resistência a essas medicações. Sem falar das drogas químicas como anti-inflamatórios, esteroides e protetores gástricos que alimentam as bactérias ruins e matam as bactérias boas.
Essa é a receita perfeita para a disbiose intestinal, ou seja, quando as bactérias boas são superadas pelas ruins… É quando começam os sintomas de resistência à insulina, inflamação intestinal e ganho de peso.
Disbiose intestinal e ganho de peso
Há uma grande quantidade de estudos que evidenciam os mecanismos pelos quais a microbiota intestinal pode contribuir e / ou influenciar a obesidade.
Segundo publicação na Revista Nutrients, em fevereiro de 2019, observa-se que:
“É consenso geral de que a microbiota intestinal está implicada na obesidade por meio da fermentação dietética de carboidratos, lipogênese, excesso de armazenamento de energia e várias outras vias, incluindo uma vasta gama de metabólitos, hormônios e neurotransmissores, alguns dos quais são conhecidos por controlar a ingestão de alimentos e a regulação do balanço energético “.
Conforme explicado nessa mesma publicação, há bactérias no seu intestino, que protegem sua saúde “deslocando bactérias nocivas, competindo com patógenos por nutrientes e produzindo fatores antimicrobianos”.
Os principais grupos de micróbios intestinais que compõem o microbioma humano são:
- Bacteroidetes
- Firmicutes
- Actinobactérias
No caso, os Firmicutes e Bacteroidetes podem ser usados como marcadores da obesidade, pois desempenham papel importante no acúmulo de gordura.
As pessoas obesas têm em média 20% mais de bactérias conhecidas como firmicutis, e quase 90% menos de bactérias chamadas bacteroidetes do que pessoas magras.
Vale lembrar que a firmicutis ajuda o seu corpo a extrair calorias de açúcares complexos e depositar essas calorias como gorduras.
Além disso, os micróbios intestinais cumprem diversas funções estruturais, protetoras e metabólicas como:
- Desenvolver o sistema imunológico, em especial melhorando a barreira da mucosa intestinal.
- Fermentam amidos resistentes à digestão, transformando-os em ácido graxo de cadeia curta, que ajudam a modular sua resposta imune e inflamatória.
- Extraem dos alimentos os nutrientes minerais como magnésio, cálcio e ferro, permitindo sua absorção na corrente sanguínea.
- Auxiliam a síntese de vitamina K, folato e biotina.
- Promove o equilíbrio apropriado entre os peptídeos reguladores
do balanço energético, da ingestão de alimentos e da saciedade.
Probiótico e normalização do peso
Vários estudos mostram um impacto benéfico na obesidade como:
- Estudo com animais, em 2013, observou que os probióticos encontrados no leite materno humano atuam como inibidor da obesidade e têm efeito antidiabético.
Eles reduzem significativamente o peso corporal e a gordura branca, tanto é que bebês amamentados têm um risco significativamente menor de obesidade infantil.
- Outro estudo contou as bifidobactérias de crianças de idades entre seis e 12 meses, e notou que naquelas saudáveis esse número era o dobro quando comparado ao de crianças acima do peso, enquanto S. Áureos também eram mais baixos. Isso explica porque as crianças que são amamentadas no seio têm menor risco de obesidade, pois as bifidobactérias se desenvolvem no trato digestivo delas.
- Numa publicação do Korean Journal of Family Medicine, os participantes obesos que apresentavam nível de açúcar no sangue em jejum acima de 100 mg / dL receberam probióticos ou placebo por 12 semanas. No final do estudo, o grupo suplementado com probiótico havia eliminado mais gordura corporal do que o grupo controle. Segundo os autores, “Apesar de não haver mudança de comportamento ou dieta, a administração apenas do suplemento de probiótico reduziu o peso e a circunferência da cintura e do quadril”.
- Vários estudos descobriram que indivíduos obesos tendem a ter um microbioma intestinal menos diversificado. Apresentam maior quantidade de bactérias ruins e menos bactérias boas.
- De acordo com alguns estudos, a obesidade está associada a uma redução de até 40% na diversidade da flora bacteriana e melhorar essa disbiose por meio de suplementação com probióticos pode ajudar na perda de gordura.
- Publicação recente observou que pessoas obesas eram mais capazes de reduzir sua gordura abdominal em mais de 5% e a gordura subcutânea em mais de 3% só tomando um bom suplemento probiótico por 12 semanas.
- Além disso, os probióticos são benéficos no tratamento da síndrome metabólica, que anda junto com a obesidade. Ambas são causadas por uma alimentação rica em açúcares e gorduras ruins, levando a resistência à insulina e alimentando o crescimento de bactérias não saudáveis, resultando em excesso de peso.
Como melhorar seu microbioma intestinal
Há 2 estratégias que devem ser seguidas:
1. Uma correção alimentar rica em gorduras, com proteína em moderação, carboidrato virtualmente zero e abundância de vegetais.
Além disso, associar alimentos fermentados tradicionalmente, como Lassi (iogurte indiano), Kefir (leite fermentado) e Natto (soja fermentada).
2. É imperativo uma suplementação probiótica. Embora haja muitos produtos no mercado, na realidade poucos cumprem o seu papel, que basicamente é:
- tenha no mínimo 200 milhões de CFU (unidade formadora de colônia)
- ser um produto que não seja degradado pelos sais biliares e chegue integro no intestino para exercer seu papel terapêutico.
Para atender isso, procure um produto de um laboratório sério e confiável.
A resposta para sua obesidade pode estar dentro de você. Cultive as bactérias boas e o resultado virá!
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Referências bibliográficas:
- Nature 2013 Aug 29;500(7464):541-6
- Nature 2013 Aug 29;500(7464):585-8
- Nutrients 2019 Feb; 11(2): 258, Introduction
- PLOS ONE 2013; 8(1): e54617
- Korean Journal of Family Medicine 2013 Mar; 34(2): 80–8
- Nutrients 2019 Feb; 11(2): 258, 2. Gut Microbiota Composition and Function
- Science Direct, Modulation of Inflammatory and Immune Responses by Short-Chain Fatty Acids
- Nutrients 2019 Feb; 11(2): 258, 3. Gut Microbiota and Obesity
- Nutrients 2019 Feb; 11(2): 258, 4. Gut Microbiota Strains and Obesity
- www.drrondo.com/probioticos-papel-crucial-na-sua-saude/