De tempos em tempos se cria um ataque contra a carne vermelha e agora que ela causaria câncer.
Mas veja o que realmente dizem os estudos sobre isso.
Há cerca de 70 anos, os cientistas especulam que o consumo de produtos de origem animal estavam ligados com câncer.
A própria organização mundial de saúde rotula o bacon e outras carnes curadas e processadas como “grupo1 de carcinógenos”, colocando-a junto com: tabaco, amianto (asbesto), álcool e arsênico.
Já a carne fresca, classificam com “grau 2ª”, que sugere como “provável carcinogênico para os humanos.
Quão forte são essas evidências
Entretanto, essas alegações na verdade, não são tão fortes como os proponentes alegam.
Em 2010, uma revisão dessa evidência, baseada em 35 estudos, foi publicado no Obesity Reviews e o que se encontrou foi uma fraca correlação não significativa estatisticamente.
Já uma análise publicada pela The Women’s Health Study, os pesquisadores encontraram uma forte e linear inversa correlação entre consumo de carne vermelha e câncer de cólon.
Muitos estudos mostram na verdade uma associação, mas não comentam que essas pessoas fumam, comem alimentos refinados, usam óleos de sementes, açúcar, são sedentários, obesos ou apresentam doenças de base, que por si só já causariam o câncer.
Mas em 2019, um artigo da Dalhousie University, no Canadá, uma das maiores avaliações já feitas confirmaram as corretas recomendações dietéticas.
O artigo só apresentou evidências “baixas a muito baixas” de que a carne vermelha desencadeia problemas de saúde.
O que o estudo recente encontrou sobre a carne vermelha
Em 2022, os cientistas do Institute for Health Metrics and Evaluation da University of Washington publicaram uma revisão sistemática da literatura na Nature Medicine, aonde eles tiveram que admitir que também não conseguiram encontrar nenhuma evidência forte de uma ligação entre a ingestão de carne vermelha não processada e seis resultados de saúde.
Evidenciou-se que a carne vermelha realmente é uma vilã muito fraca, quando se trata do câncer colorretal, diabetes tipo 2, câncer de mama, doença cardíaca e Alzheimer.
Em relação ao acidente vascular cerebral hemorrágico e ao acidente vascular cerebral isquêmico, a evidência é inexistente.
Quando se referem a “evidências fracas”, eles nada mais estão fazendo do que encontrando uma saída honrosa, pois na verdade, considerando todas as variáveis relevantes, o resultado aponta na direção oposta: ele aponta em direção aos benefícios reais da carne vermelha.
Mesmo assim, os pesquisadores vão continuar insistindo que a carne vermelha é ruim e não deve ser ingerida pelas pessoas.
Microbiota intestinal e câncer de colon
Outro ponto que precisa ser levado em consideração é a microbiota intestinal, pois na disbiose com a presença de Bacteroides Fusobacterium, Clostridia e Helicobacter pylori, há maior risco de câncer.
E a presença de bactérias boas como Lactobacillus acidophilus, L. plantarum e Bifidumbacterium longum, há ação inibidora de carcinogênese.
Um estudo recente comparativo da microbiota de 60 pacientes com câncer colo retal com um grupo controle de 119 pacientes normais.
Observou-se que os pacientes com câncer tinham elevação significante de bacteroides /prevotella (duas espécies de bactérias reconhecidas como lesivas, quando comparado com grupo controle.
Isso mostra que o consumo de carne vermelha e câncer pode em parte, estar relacionada com o microbioma do paciente.
Ou seja, disbiose pode causar aumento de risco de câncer, caso a pessoa consuma alta concentração de carne vermelha processada ou fresca, enquanto nos indivíduos normais, com microbiota saudável isso não ocorre.
A influência da alimentação, estilo de vida e microbioma no câncer, tem importante influência no processo.
As pessoas que usam a dieta cetogência e com estilo de vida saudável, apresentam risco bem reduzido quando comparado com pessoas que usam a dieta padrão americana, comendo a mesma quantidade de carne vermelha.
Carne carbonizada e câncer
Neste caso, há compostos que incluem agentes avançados de glicação (AGEs), aminas heterocíclicas (HAs) e hidrocarbonos aromáticos policíclicos (PAHs).
Isso vale para qualquer carne, mas continuam dizendo que é só a carne vermelha.
Esses compostos são formados quando a carne é cozida e os PAHs também são formados quando os vegetais e grãos são cozidos.
Já a formação de AGE é inibida pela carnosina, um aminoácido presente na carne.
Se você quer grelhar ou fritar suas carnes, pode reduzir significantemente a formação destes compostos usando um preparo através de tempero marinado. Neste caso, a formação de AGE reduz em 50%, e de HA em 90%.
Com isso há redução dos riscos possíveis e se desfruta de um sabor especial na carne.
E lembre-se, consumir cerveja e especialmente vinho tinto de qualidade reduz ainda mais o risco!
O debate em torno da carne vermelha e sua associação com o câncer tem sido intenso e, muitas vezes, mal interpretado. Como médico com profundo conhecimento em nutrição e saúde, observei que os estudos frequentemente não consideram fatores de estilo de vida cruciais que contribuem para o risco de doenças. A verdade é que, quando ajustados para fatores como dieta, exercícios e a saúde do microbioma intestinal, os riscos associados ao consumo de carne vermelha podem ser significativamente diferentes. Convido você a explorar uma abordagem mais equilibrada e informada sobre como a carne vermelha se encaixa em um estilo de vida saudável. Para entender melhor como integrar de forma segura e saudável a carne vermelha em sua dieta, e para discutir como seu estilo de vida pode influenciar seu risco de doenças, agende uma consulta comigo. Visite https://linkbio.drrondo.com/ para mais informações e começarmos sua jornada para uma saúde otimizada.
Referências bibliográficas:
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– drrondo.com/carne-vermelha-vila-da-epidemiologia-nutricional/