Nos períodos de inverno, além de frequentemente haver aumento de doenças respiratórias, as baixas temperaturas e o grau de poluição estão associados com riscos aumentados para o coração e pulmões.
Segundo o trabalho liderado pela geógrafa Priscilla Ikefuti, pesquisadora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e do Centro de Vigilância Epidemiológica, observou-se que em temperaturas abaixo ou acima da faixa considerada de conforto térmico – entre 17 ºC e 24º C – é quando ocorrem as maiores incidências de acidentes vasculares cerebrais.
Essa conclusão é baseada em um estudo na cidade de São Paulo entre os anos de 2002 e 2011, que acaba de ser publicado no International Journal of Biometerology.
O outro fator já conhecido e agravante nesta época fria e seca é o aumento da concentração de poluentes na nossa atmosfera, que também agride especialmente pessoas idosas.
A poluição do ar é composta de partículas extremamente pequenas, e quanto menor o diâmetro da partícula, maior o risco de danos à saúde. Elas podem facilmente passar para os pulmões, causando danos bem conhecidos neles e no coração.
Você provavelmente está ciente de que a poluição do ar afeta seu coração e pulmões, mas e quanto ao seu cérebro?
Esses poluentes não discriminam seus alvos. Eles atingem todo o seu corpo, com efeitos em tudo, desde o comportamento até a saúde do cérebro.
Isso está bem claro também em um novo estudo publicado no Journal of Gerontology que mostra os riscos da poluição do ar na função cognitiva em idosos e concluiu que aqueles que viviam nas áreas mais poluídas tinham pior condição.
Esse comprometimento em adultos mais velhos é devido aos seus efeitos nocivos sobre o sistema cardiovascular, que está ligado ao cérebro através dos vasos sanguíneos e atuando diretamente no próprio órgão.
Descobriu-se que a poluição do ar, por exemplo, tem um impacto negativo no desenvolvimento do cérebro, possivelmente fazendo com que os vasos sanguíneos se contraiam ou causando um acúmulo tóxico no mesmo.
A longo prazo, ela está associada a um declínio cognitivo significativamente mais rápido, inclusive em medidas de memória e atenção dos idosos.
Mecanismos que aumentam o risco cardíaco e cerebral
Em 2013, no Congresso Euro Prevent em Roma, um estudo alemão mostrou que a exposição prolongada a poluentes está associada ao espessamento das artérias levando à aterosclerose.
Acredita-se que este risco aumenta pelo desequilíbrio no sistema nervoso autônomo (SNA), a parte do cérebro que está intrinsecamente envolvida na regulação de funções biológicas, como pressão sanguínea, níveis de açúcar no sangue, coagulação e viscosidade.
A exposição aos poluentes do ar e temperaturas abaixo de 10º C podem desencadear maior risco de doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais por:
- inflamação do sistema vascular
- aumento na contagem de plaquetas
- alterar a frequência cardíaca
- elevação da pressão arterial
- maior viscosidade do sangue
- reduzir a capacidade de dissolução dos coágulos sanguíneos.
Além disso, quando se está muito frio, fica mais difícil para o organismo manter suas funções por alteração da homeostase.
Como evitar a poluição e melhorar a qualidade do ar
O ideal seria estar em um ambiente aonde o grau de poluição fosse mais baixo, porém isso é irreal em muitos casos.
Portanto, evite sair especialmente nos extremos do dia, aonde o grau de poluição e mesmo térmico fica mais delicado.
Procure também:
- Melhorar a qualidade do ar interior dos ambientes, controlando ou eliminando tantas fontes de poluição quanto possível;
- Manter o conforto térmico no ambiente (entre 17 e 24º C);
- Usar um sistema de purificação de ar para os ambientes;
- Limpar a casa com produtos não tóxicos (como bicarbonato de sódio, peróxido de hidrogênio e vinagre) e produtos de higiene pessoal mais seguros;
- Aumente a ventilação abrindo algumas janelas todos os dias.
- Colocar plantas dentro de casa, pois ajudam na desintoxicação dos ambientes. Até mesmo na NASA usa-se isso.
Seu ar interno pode ser mais tóxico que o ar externo
Por incrível que pareça, o ar interno chega a ser 100 vezes mais poluído que o ar externo!
E lembre-se, você fica 90% do seu tempo dentro de ambientes fechados e só 10% em ambiente externo. A falta de ventilação, o excesso de produtos químicos sintéticos que compõem mobília, carpetes, tintas de parede e equipamentos ou produtos que liberem cheiro, certamente contém alto grau de contaminação.
Os sintomas mais frequentes são:
- Dores de cabeça, falta de concentração e esquecimento;
- Depressão, fadiga e letargia;
- Alergias e erupções cutâneas;
- Problemas digestivos e estomacais;
- Problemas neurológicos.
Proteja seu cérebro e todo o seu corpo da poluição. Isso vai prevenir doenças e garantir uma Supersaúde!
Referências bibliográficas:
- US EPA Science Matters June-July 2012
- Medical News Today April 21, 2013
- Environmental Health Perspectives May 21, 2013
- The Journal of Gerontology June 6, 2014
- O Estado de São Paulo. Metropole A6. 19/06/18