Autismo e Disbiose

As crianças com autismo frequentemente apresentam distúrbios gastrointestinais.

Essa condição mostra mais uma vez a ligação entre intestino e cérebro, aonde em certos casos ocorre uma disfunção no eixo intestino-cerebro, induzindo o aparecimento do Autismo.

Acredita-se que possa ser por mutações em genes intestinais e cerebrais, comprometendo a comunicação neuronal causando as manifestações intestinais.

O motivo disso, pode ser por mutações R 451C, associado ao Autismo, que alteram a função sináptica do hipocampo e no cérebro, com isso promovendo um comportamento social prejudicado.

Porém, a influência genética nestes casos, é bem rara, mas podem ocorrer expressão de vários outros genes diferentes.

Diversos estudos mostram que as mutações como a da neuroligina 3 R451C, desencadeiam essa conexão intestino-cérebro no Autismo.

A principal pesquisadora de um destes estudos, Dra. Elisa Hill-Yardin, professora associada da RMIT University em Melbourne, Austrália, disse ao Neuroscience News:

    “Sabemos que o cérebro e o intestino compartilham muitos dos mesmos neurônios e agora, pela primeira vez, confirmamos que eles também compartilham mutações genéticas relacionadas ao autismo. Até 90% das pessoas com autismo sofrem de problemas intestinais, que podem ter um impacto significativo na vida diária para eles e suas famílias.

    Nossas descobertas sugerem que esses problemas gastrointestinais podem derivar das mesmas mutações em genes que são responsáveis ​​por problemas cerebrais e comportamentais no autismo. É uma maneira totalmente nova de pensar sobre isso – para médicos, famílias e pesquisadores – e amplia nossos horizontes na busca de tratamentos para melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo.”

Sabemos que nas doenças, sempre se precisa pensar na influência genética e ambiental.

O fator genético é sempre pequeno, mas o fator ambiental é a maior parcela dos problemas.

Quando não se faz atenção à essa parte, acentua-se a possibilidade de um gene vir a se manifestar.

 

Fatores ambientais

São eles:

Exposição à:

– metais pesados como mercúrio, alumínio

– glifosato e outros defensivos agrícolas

– campos eletromagnéticos por wi fi e celulares

Fatores maternos:

– parto prematuro, placenta defeituosa e barreira hemato encefálica imatura

– microbioma desequilibrado da mãe, cesária

– mamadeira com formula infantil

– dieta com alimentos processados, açúcar, antibióticos, pílulas anticoncepcionais, antes da concepção

– vitamina D baixa, antes e durante a gravidez.

Condição da flora intestinal entre crianças saudáveis e com Autismo

Independente do fator genético, o microbioma pode influir no desenvolvimento de Autismo.

Estudo publicado na PLOS One, em 2013, aonde analisou-se conteúdo microbiano de amostras fecais de 20 crianças saudáveis e 20 crianças com Autismo.

Observou-se menor diversidade do microbioma intestinal nas crianças com Autismo, comparado com crianças normais, especialmente com redução de 3 gêneros bacterianos:

– Prevotella

– Coprococcus

– Veiltonelaceae

Com isso formam uma comunidade bacteriana inadequada frente as agressões ambientais, e portanto, menos susceptíveis aos efeitos das toxinas ambientais.

Além disso, um dos principais autores do estudo comentam da importância de um microbioma diversificado ser fundamental para se ter um intestino saudável.

Sugere ainda que o uso de antibióticos com muita frequência nos 3 primeiros anos de crianças Autistas, em comparação com crianças não Autistas, eliminando bactérias benéficas pode ser um gatilho no desenvolvimento desta condição.

 

Referências bibliográficas:

– Neuroscience News May 30, 2019

– Autism Research May 22, 2019

– Proc Natl Acad Sci U S A. 2011 Aug 16;108(33):13764-9

– Science 2007 Oct 5;318(5847):71-6

– CDMRP April 22, 2015

– PLoS ONE July 3, 2013 8(7): e68322

– Medical News Today July 5, 2013

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