Nos dias atuais é muito frequente as pessoas usarem barras de cereais como um substituto de refeição saudável, especialmente para pessoas ocupadas que estão na correria do dia a dia.
Além disso, elas são também para atletas que precisam de energia rápida antes e depois de um treino.
Infelizmente esse chamado “alimento saudável” contém um ingrediente que é mais viciante do que cocaína, heroína e álcool, podendo causar reações comportamentais semelhantes àquelas produzidas por drogas comuns.
E em relação à cocaína, esse alimento saudável estimula os mesmos circuitos cerebrais.
Trata-se do adoçante artificial com xarope de milho rico em frutose.
Mas o problema é maior e não fica só no cérebro. Esse adoçante artificial, muito usado nas barras de cereais, acumula-se no fígado, levando a uma condição perigosa chamada doença hepática gordurosa não alcoólica.
Há cerca de 15 anos atrás não se ouvia falar nessa doença, e o que se sabia é que esse tipo de problema só ocorria em alcoólatras.
Trata-se de uma epidemia do mundo moderno, das que mais crescem. Seus casos dobraram desde 1980, concomitante com o uso crescente de xarope de milho rico em frutose e excesso de alimento refinado e industrializado.
E ocorre em pessoas que não bebem nada, muitas delas com pouco mais de 30 anos!
De fato, um estudo da Universidade da Flórida descobriu que pacientes com doença hepática gordurosa ingeriam de duas a três vezes mais xarope de milho rico em frutose.
E esse adoçante não age como os outros açúcares, pois a maior parte vai direto para o fígado em vez de entrar em seus músculos e tecidos para obter energia.
Ele promove a formação de novas moléculas de gordura, que são armazenadas nas células hepáticas, exatamente aonde não deveriam estar.
Com o tempo, essas células ficam inflamadas, gerando edema doloroso e fibrose.
A partir daí a doença pode progredir para hepatite, cirrose, câncer de fígado ou insuficiência hepática.
A doença hepática gordurosa é uma patologia silenciosa, sendo que mais de 30% das pessoas apresentam o problema sem ter conhecimento disso.
Inicia-se com fadiga, náusea e possível dor ou desconforto no quadrante superior direito do abdome.
Outros sintomas são fraqueza, confusão mental, diminuição de libido e edema de membros inferiores.
Para saber se você está em risco, peça ao seu médico para verificar seu sangue, checando suas enzimas hepáticas.
Meu conselho é que reduza ao mínimo o consumo de carboidratos refinados, doces e pães que contenham esse adoçante – e isso inclui aquelas barras de cereais, como comentei no início.
Para prevenir e até reverter a doença hepática gordurosa, veja esses suplementos que podem ajudá-lo a ter um fígado saudável:
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S-Adenosylmetionina (SAMe)
Essa molécula natural apresenta função essencial em muitas reações bioquímicas envolvendo enzimas de transmetilação. É produzida endogenamente à partir do aminoácido metionina e de adenosina trifosfato (ATP).
Pode melhorar a função hepática e até restaurá-la a níveis normais. Em doenças hepáticas é muito frequente níveis baixos desse elemento.
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Vitamina E completa
Contém associação de 8 elementos – 4 tocotrienóis e 4 tocoferóis.
Em um estudo da Malásia, os pesquisadores deram a 30 pacientes tocotrienóis diariamente. Depois de um ano, 15 estavam completamente curados dessa “doença incurável”. Outros cinco mostraram melhora significativa.
Em outras palavras, em 67% de casos de doença hepática gordurosa não tratáveis melhorou com apenas vitamina E.
Evite suplementos de vitamina E marcada como tocoferol “dl-alpha” ou “all-rac”, que são sintéticas, perdendo muito em biodisponibilidade.
Como a vitamina E é um anticoagulante natural, é aconselhável conversar com o seu médico especialmente se estiver fazendo uso de um anticoagulante ou se tiver um distúrbio hemorrágico.
Em termos alimentares, procure elevar os tocotrienóis ingerindo nozes, ovos e vegetais crucíferos (brócolis, couve flor, repolho, couve de Bruxelas, couve etc.). Outras fontes excelentes são óleo de palma e o óleo de coco.
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CoQ10
Esta enzima também pode ajudar nesse tratamento. Segundo estudo publicado, o uso de CoQ10 mostrou melhoras importantes nos pacientes que fizeram uso dessa enzimapor 12 semanas, comparado com o grupo placebo.
Você pode obter CoQ10 de alimentos, especialmente carne, sardinha, amendoim e carnes de órgãos como fígado e rim. Mas os valores em alimentos não serão suficientes para deter o problema.
Por isso é recomendado um suplemento de CoQ10 na forma de ubiquinol, que é três vezes mais eficaz que na forma de ubiquinona. Converse com seu médico sobre a melhor opção para você. Ah! E diga adeus às barras de cereais adoçadas!
Referências bibliográficas:
- Gastroenterology. 1990 Jul.
- J Hepatol. 2008
- DigDisSci. 2008 Oct.
- Hepatology. 2010.
- Science News. 2013, May 22
- J Am Coll Nutr. 2016 May-Jun.
- www.drrondo.com/frutose-cirrose-hepatica-nao-alcoolica/