Nesta época de pandemia, à medida que o distanciamento social se estabelece, a solidão e a depressão também podem aumentar, havendo mais consumo de álcool, especialmente o vinho.
Certamente uma taça de vinho tinto pode ser um aliado nestes momentos, mas o abuso desse ou de outras bebidas, como as destiladas, pode suprimir as respostas imunológicas e deixar você mais vulnerável a doenças respiratórias.
Os alimentos ricos em polifenóis são bons para a saúde em qualquer circunstância, mas agora pesquisas sérias estão analisando o papel dos polifenóis no combate ao coronavírus. Veja agora os benefícios que o vinho pode lhe trazer para a parte imunológica.
Vinho: ação imunológica, bactericida e antiviral
Por incrível que pareça, há um elemento que age nas uvas, aumentando a sua sobrevivência e resistência às doenças durante os tempos de estresse, como excesso de luz ultravioleta, infecções e mudanças climáticas.
Eu estou falando do Resveratol.
Em 2020, o National Institutes of Health PubMed listou 621 artigos mostrando seus benefícios.
É uma verdadeira usina de benefícios de saúde. Está bem estabelecido pela ciência que o resveratrol tem propriedades antioxidantes, anti-inflamatória, cardioprotetora, antienvelhecimento e anticancerígena.
Especificamente no caso, promove:
- melhora do sistema imunológico ativando NKs (natural killer) e suprimindo a expressão de genes inflamatórios.
- inibição de infecção e supressão da replicação do RNA de coronavírus (MERS-COV), além de aumentar a resistência da célula.
- antiagregação plaquetária, reduzindo risco de coágulo e trombose, presente em estágios avançados de Covid-19.
- reparação do dano oxidativo no DNA das células.
- inibição da replicação do vírus A da influenza em animais, sugerindo que pode ser valioso como uma medicação anti-influenza.
- no intestino, os polifenóis também podem ajudar a apoiar bactérias intestinais benéficas (seu “microbioma”), inibindo espécies invasoras ou patogênicas. Isso é importante porque a saúde intestinal, ou a falta dela, também pode aumentar a vulnerabilidade a vírus como o coronavírus. Além disso, os estudos são claros mostrando que essa ação reduz o risco de infecção do trato respiratório superior em crianças e infecções respiratórias agudas em adultos.
E o resveratrol no vinho, por estar em meio alcoólico, tem a maior absorção possível, ao contrário dos outros alimentos e mesmo de suplementos nutricionais.
– Antocianidinas
É uma classe dos flavanoides que agem protegendo o seu corpo contra degeneração celular. Trata-se de um pigmento roxo encontrado na casca da uva, que influencia a sua imunidade e combate os vírus da seguinte forma:
- ação anti-inflamatória, antioxidante, antimicrobiana e antiviral.
- inibe a formação de coágulos sanguíneos.
- aumenta a produção de óxido nítrico.
- gera um subproduto, o ácido ferrúlico, que tem grande impacto na destruição viral.
- previne e controla resistência à insulina e diabetes, fatores que predispõe o Covid-19.
– Rutina
É um bioflavanoide potencializador da ação da vitamina C, evitando a sua oxidação e prolongando o seu efeito.
Aumenta também a resistência a infecções e resfriados.
A maior fonte de rutina são as uvas escuras e, portanto, os vinhos tintos.
– Quercitina
É um flavanoide poderoso, antioxidante, anti-inflamatório com altíssima capacidade antiviral e estimulante imunológico.
Eficiente contra gripe comum, SARS e Covid-19.
Sua ação antiviral ocorre de 3 maneiras:
- inibe a capacidade do vírus de infectar a célula
- reduz a replicação de células que já estão infectadas
- reduz a resistência de células infectadas aos tratamentos e medicações antivirais
– Hesperidina e Diosmina
Flavanoides abundantes no caroço e casca da uva, se mostraram efetivas contra uma proteína alvo, a M (pro), responsável por ajudar o coronavírus a se reproduzir.
Agora a boa notícia.
Consumir, no caso dos homens, 02 taças de vinho por dia, e no caso das mulheres, 01 taça, não compromete a sua saúde. Aliás, só melhora, inclusive a sua resposta imunológica.
Porém, o aumento do uso de álcool por dias ou semanas pode suprimir os seus benefícios. Lembre-se que tudo depende da dose! Supersaúde!
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Referências bibliográficas:
- Preprints March 21, 2020
- J Med Food 2018 Aug;21(8):777-784
- Front. Nutr., 21 September 2018
- The Conversation March 19, 2020
- Front Immunol. 2018; 9: 1830
- Eur J Clin Nutr. 2015 Mar;69(3):373-9
- Cochrane Review February 3, 2015