Talvez você já tenha ouvido falar da “Síndrome da Classe Econômica”. Acreditava-se que passageiros de avião que ficavam em espaços mais reduzidos, como nas poltronas da classe econômica, teriam maior risco de desenvolver trombose de membros inferiores. Como eu sempre costumo dizer, é preciso que a coisas sejam comprovadas cientificamente… e parece que a história não é bem essa.
Segundo estudo publicado na Revista “Chest”, a classe na qual se viaja nos aviões não tem diferenças nos riscos de desenvolvimento de coágulos, ou seja, tanto faz se você vai apertado na classe econômica ou espaçoso na primeira classe. Os pesquisadores responsáveis pelo estudo fizeram uma longa revisão na literatura e concluíram que não há evidências que comprovem cientificamente que viajar “mais apertado” cause trombose.
Então, quais são os fatores de risco?
Na verdade, os indivíduos que sentam próximo da janela apresentam maiores chances de desenvolver o problema, independente do preço do bilhete.
Isso acontece porque nessas condições a pessoa se movimenta menos, já que está no canto e com a passagem bloqueada.
Viagens longas comprovadamente aumentam as possibilidades de complicações circulatórias, mas o problema também pode ocorrer em transporte terrestre, como em trens e ônibus. Os riscos aumentam no caso do deslocamento por avião devido a fatores como imobilidade, altitude e diferença de pressão.
O que acontece
Com a permanência imóvel por longos períodos, aumenta a chance de um coágulo se formar na corrente sanguínea. Pode ocorrer a obstrução de uma veia profunda, o que dificulta ou impede a circulação do sangue em uma área.
Em pouco tempo, isso pode levar à chamada embolia pulmonar, quando o coágulo obstrui uma artéria próxima ao pulmão.
Sintomas de trombose venosa
- Inchaço anormal nos membros inferiores;
- Dor nas pernas;
- Panturrilha enrijecida.
Pré-disposição
Atualmente, há muitos fatores que podem causar o problema, como alto grau de estresse, alimentação extremamente refinada e industrializada, excesso de açúcar e pouca atividade física. Porém, algumas pessoas são mais susceptíveis como:
- idosos;
- gestantes;
- fumantes;
- obesos;
- diabéticos;
- mulheres que usam pílula anticoncepcional;
- doenças vasculares periféricas (varizes);
- histórico de trombose;
- arritmias cardíacas;
- tratamento hormonal;
- câncer;
- pós-parto;
- infecções.
Como saber seu risco
Na verdade, todos deveriam estar pensando em manter a viscosidade sanguínea adequada para evitar esses riscos, além de infarto e derrame. Podemos estar flertando com o precipício sem saber, pois essa condição é silenciosa, mas pode ser fatal! Antes de viajar, quem está no grupo de risco deve consultar o seu médico e avaliar a necessidade de tratamento preventivo.
Conselhos preventivos
- Procure se movimentar periodicamente, especialmente em voos com mais de 6 horas, onde aumentam os riscos;
- Prefira assentos no corredor;
- Evite sedativos, especialmente com bebida alcoólica. Sedado, você acaba dormindo em qualquer posição, às vezes comprimindo as pernas, o que aumenta o risco de trombose;
- Beba bastante água;
- Vista roupas confortáveis;
- Evite cruzar as pernas.
Suplementos que ajudam a viscosidade do sangue
- Vitamina C: ação antioxidante e que melhora a fluidez do sangue. Seus níveis estão inversamente relacionados com a incidência de trombose venosa. Age em conjunto com a vitamina E.
- Vitamina E: ação antioxidante que reduz a viscosidade sanguínea, reduzindo o risco de trombose em 75 % dos casos, desde que se use a vitamina E natural (d alfa tocoferol). Age em conjunto com a vitamina C.
- Ômega 3: reduz a inflamação arterial e melhora a fluidez do sangue
- Vitamina K: impede a formação de placas por deposito de cálcio nas artérias. Não se deve usar junto com anticoagulante. Só use com orientação médica específica.
- Magnésio: relaxa as artérias, melhorando o fluxo sanguíneo, o que contribui na redução de risco.
- Resveratrol: ação antioxidante e melhora a fluidez do sangue.
Observação: Esses suplementos não apresentam efeitos colaterais, como sangramento gastrointestinal e microderrames cerebrais, que a Aspirina pode gerar.
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Referências bibliográficas:
- Canadian Journal of Cardiology, May, 1997;13(5):533-535.
- The Lancet, April 8, 1995;345:882-885.
- PrevCardiol, Fall 2004;7:190-194
- J Parenter Enteral Nutr, January-February 2001;25(1):1-8
- Journal of Nutrition November 1, 2004: 134(11); 3100-3105
- Folha de São Paulo. 07/02/2012- C10