Você sabia que nós temos dois tipos de células gordurosas em nosso corpo e que elas respondem de forma diferente do ponto de vista metabólico? Estas células são denominadas de célula gordurosa branca e célula gordurosa marrom, e possuem funções biológicas diferenciadas.
Entre 85% a 90% das nossas células gordurosas são do tipo branca, responsável simplesmente pela estocagem e depósito de gordura, apresentando uma forte tendência em causar a obesidade. Por outro lado, são apenas 10% a 15% de células de gordura marrom, responsáveis pela geração de calor e energia. Acontece que a célula de gordura marrom contém cerca de 10 mil mitocôndrias por célula, enquanto a célula de gordura branca possui somente 100 mitocôndrias.
Para você entender mais claramente o que isso representa, vamos tomar como exemplo os bebês. Eles apresentam grande quantidade de gordura marrom, por isso eles não sentem tanto frio quanto os adultos. Com o crescimento, eles passam a ter esse tipo de célula somente nas regiões dos grandes vasos da cavidade torácica e também nas regiões da nuca e face interna dos braços.
A existência das células de gorduras marrom foi descoberta pelos cientistas que investigavam as altas temperaturas corporais em ursos polares. Os pesquisadores perceberam que estes animais possuíam grande quantidade de células de gordura marrom. Como resultado, estas células acabam gerando um alto aquecimento e permitindo a sobrevivência em baixas temperaturas.
Ao compararmos pessoas obesas com pessoas mais magras, vamos perceber que elas possuem menor quantidade de células marrom, tendo então o metabolismo menos ativo. A pessoa magra, pelo contrário, já possui uma reserva muito maior destas células, mesmo com uma dieta hipercalórica, tendo a possibilidade de queimar mais gordura. É justamente por isso que elas não ganham peso mesmo comendo em maior quantidade.
O tipo de alimentação é algo decisivo na formação de mais ou menos células de gordura marrom. Nutrientes como a vitamina C, vitaminas B3 e B5, e aminoácido como a fenilalanina, promovem uma maior geração destas células e são de grande efeito termogênico.
O exercício em baixas temperaturas (como a natação, caminhada, ciclismo, etc.) também promove maior geração de células de gordura marrom. Já o excesso de consumo de álcool, gordura hidrogenada, deficiências em zinco, magnésio e vitamina B5, acaba dificultando o processo da geração de calor pela célula.
Um estudo publicado no jornal Disease Models and Mechanism, descobriu que durante o exercício os músculos dos animais liberaram uma enzima chamada irisina que impulsiona a conversão de células de gordura branca em células de gordura marrom. Observou-se ainda que isso também se aplica aos humanos, de acordo com estudos apresentados em 2013 na reunião anual da Associação Americana de Diabetes. Entre os homens, os benefícios foram observados após 12 semanas de treinamento em bicicleta. Os estudiosos acreditam que o exercício não tem apenas efeitos benéficos nos músculos, mas que ele também afeta a gordura.
Diante disso, chegamos à conclusão de que a gordura pode ser treinada, ficando mais marrom e mais metabolicamente ativa.
Portanto, fica claro que não é só o musculo que pode ser treinado, mas a gordura também! A partir deste entendimento você poderá, com muito mais facilidade, alcançar seu objetivo de peso ideal.
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Referências Bibliográficas:
- Disease Models and Mechanisms 2012 May; 5(3):293-5
- Obesity Update, January-February, l989
- Medical Hypothesis, (l989)28, l3-33
- Livro Prevenção: a medicina do século XXI. Editora Gaia