Essas duas terapias podem parecer a grande novidade, mas na verdade já são usadas há mais de 100 anos. Cada vez mais ganha o interesse científico, trazendo novas descobertas que podem reparar e regenerar o seu corpo com mais praticidade do que se imaginava.
Por um lado, as terapias com células-tronco historicamente foram isoladas da medula óssea e usadas em transplantes de medula em pacientes com câncer desde a década de 1930.
No entanto, você pode obter células-tronco de praticamente qualquer tecido em seu corpo, pois cada tecido contém essas células. O grande problema do uso dessas células-tronco de medula óssea é que, além da necessidade de procedimento sofisticado, o que se observa atualmente é que a medula tem realmente quantidades muito baixas de células estaminais mesenquimais, que agora se acredita serem as mais importantes a nível terapêutico.
Essas células estaminais mesenquimais desencadeiam uma resposta imunomoduladora, enviando sinais para todo o corpo e estimulando células para a área que requer cura. A grande surpresa, cheia de benefícios e facilidades, é a descoberta recente de que o seu tecido adiposo é uma fonte mais abundante de células-tronco, e além de fácil acesso, ela contém até 500 vezes mais células estaminais mesenquimais, do que a sua medula óssea.
E tem mais: elas apresentam poucos glóbulos brancos, ao contrário da medula, que tem muitos desses glóbulos pró-inflamatórios.
Apesar dos glóbulos brancos serem parte da sua resposta imune, eles são ativados quando ocorre lesão ou a presença de um corpo estranho no seu organismo, e como não são seletivos, destroem coisas boas e coisas ruins, pelo seu efeito oxidativo.
Outro benefício importante é que à medida que envelhece, sua medula óssea declina com relação ao número de células, enquanto o tecido adiposo mantém um número bastante elevado de células estaminais, mesmo em indivíduos mais velhos.
Como manter a eficiência das células-tronco
É importante que se preserve um ambiente apropriado para essas células funcionarem. Para isso é preciso que você faça uma alimentação adequada, evitando ao máximo alimentos refinados, transgênicos, óleos vegetais hidrogenados e parcialmente hidrogenados, e reduzindo exposição e contaminação por toxinas que agridem o seu corpo, comprometendo esse terreno biológico.
Terapia com célula-tronco não é algo de uma aplicação
Precisa ficar claro que terapias com célula-tronco são procedimentos aonde você imita e potencializa as respostas terapêuticas de autorreparação. Ela não ocorre em uma única dose que te deixa curado para sempre.
É preciso repetir algumas doses para ter resultado.
Cito o exemplo dado pela pesquisadora Kristin Comella, engenheira química e biomédica:
“Quando você pensa sobre um lagarto que perde sua cauda, leva dois anos para crescer de volta. Por que colocamos expectativas irrealistas sobre as células-tronco que estamos tentando aplicar para reparar ou substituir tecido danificado? Este é um processo muito lento. Isso é algo que ocorrerá ao longo de meses e pode exigir uma dosagem repetida”.
O procedimento de retirar as células-tronco de gordura é simples, feito sob anestesia local, o que significa que o paciente permanece acordado. Normalmente se colhe até 15 centímetros cúbicos de gordura, que é uma quantidade muito pequena e garante um número muito elevado de células-tronco.
Indicações clínicas para a terapia com células-tronco
O objetivo é aproveitar as células que estão em algum local do seu corpo e deslocá-las para onde as queremos e precisamos que ajam. Pode ser usado em qualquer parte que esteja inflamada, onde o suprimento de sangue está comprometido, como por exemplo, joelho, ombro, osteoartrite, lesões agudas, dor nas costas associada à hérnia e doença degenerativa discal, tendões ou ligamentos danificados.
Os problemas sistêmicos também podem contar com esse suporte, em patologias como diabetes, doença cardíaca a até pulmonar. Tem ação imunossupressora, portanto pode ser útil nas doenças autoimunes.
Doenças neurológicas, lesões cerebrais traumáticas, esclerose lateral amiotrófica e Parkinson podem se beneficiar da terapêutica. Porém, não são só as células-tronco que resolvem sozinhas, é necessário combiná-las com outros fatores saudáveis de estilo de vida que otimizam a função mitocondrial, como comer uma alimentação saudável, fazer exercícios, dormir bem, evitar toxinas e fazer programas de desintoxicação para influências tóxicas.
Células-tronco para antienvelhecimento
As células-tronco também podem ser usadas como parte de um programa antienvelhecimento. Elas agem reduzindo as reações inflamatórias silenciosas que induzem um encurtamento dos telômeros, que aceleram o envelhecimento.
Plasma Rico em Plaquetas – Células-tronco para efeito estético
Outra forma terapêutica, o Plasma Rico em Plaquetas (PRP), tem importante função de comando, modulando e induzindo a movimentação das células-tronco para se multiplicarem e crescerem, ou para se diferenciarem e formarem novos tecidos.
Estas plaquetas apresentam muitos fatores de crescimento diferenciados que estimulam cicatrização e redução de inflamação. O PRP é realizado utilizando-se uma amostra de sangue e, em seguida, preparado em centrífuga específica que permita isolar as plaquetas sem comprometer suas estruturas. Na sequência, é injetado de forma subcutânea na área a ser tratada.
As plaquetas do PRP se juntam aos receptores de superfície das células-tronco, promovendo uma potencialização da resposta terapêutica que já está indo para a área a ser tratada. É como se o PRP fosse o fertilizante e a célula-tronco a semente. Com isso o resultado é o melhor possível!
É usado comumente em lesões articulares, mas pode ser útil também a nível preventivo e antienvelhecimento, como crescimento de cabelo, reparação de rugas finas e resgate de uma pele radiante.
Células-tronco causam câncer?
Há um questionamento sobre se as células podem causar crescimentos celulares induzindo formação de tumores, mas este é um problema associado a células-tronco embriogênicas que tendem a crescer rapidamente e pode formar um teratoma.
Porém, células-tronco de adultos, obtidas do seu próprio corpo, apresentam fatores inibidores de crescimento, e com isso não formam teratomas.
O que temos pela frente
Esse é o futuro da medicina: as pessoas começarão a receber doses regulares de suas próprias células-tronco. Com o tempo, este será mais um tratamento de rotina.
Referências bibliográficas:
- Plastic & Reconstructive Surgery. November 2004; 114(6): 1502-1508
- Science. May 9, 2014 ;344(6184):630-4.
- Am J Surg. 1993;165:728–737
- New Scientist. July 20, 2016
- Dermatol Surg. 2012;38(4):623-30