Estima-se que hoje no planeta 463 milhões de adultos têm diabetes tipo 2, e a tendência é de aumento, com previsão de 700 milhões em 2045.
Para evitar essa progressão é fundamental que as pessoas tenham consciência desse risco, pois mais de 40% dos adultos já apresentam pré- diabetes, uma condição silenciosa.
O aconselhamento alimentar clássico para pré-diabetes e diabetes é restrito, concentrando-se no que comer e nas quantidades para se conseguir melhorar a glicemia.
Agora, novos estudos, como o publicado na revista Diabetes, Obesity & Metabolism, mostram que a ordem na qual se ingere os alimentos pode reduzir ainda mais as elevações glicêmicas no pré-diabetes.
- Os pesquisadores avaliaram 15 indivíduos com pré-diabetes, sendo que a cada 3 dias mudavam a ordem dos alimentos, e sempre com mensurações da glicemia nessas condições:
– Carboidratos no início e, 10 minutos após, proteínas e vegetais (CP)
– Proteínas e vegetais no início e, 10 minutos após, carboidratos (PVP)
– Vegetais no início e, 10 minutos após, proteínas e carboidratos (VP)
Na fase PVP houve uma diminuição de 40% dos níveis de glicemia.
Conclui-se que simplesmente alterar a ordem dos alimentos, priorizando a proteína e vegetais, garante um resultado benéfico comparável aos medicamentos que visam reduzir a glicose pós-prandial e melhorar a sensibilidade à insulina.
- Em outro estudo, com 11 adultos (6 homens e 5 mulheres) diabéticos tipo 2 apresentando sobrepeso ou obesos, que consumiram a mesma refeição em semanas separadas, a única alteração era a ordem dos macronutrientes.
Observou-se que essa mudança da ordem dos alimentos nas refeições afetou os níveis de glicose e insulina pós-prandial no diabetes tipo 2.
Na primeira semana, os participantes comiam inicialmente carboidratos. Depois de 10 minutos, ingeriam proteína animal e legumes.
Na segunda semana, inverteu-se a ordem dos macronutrientes, aonde se consumiu primeiro proteína animal com vegetais, seguido de carboidrato, respeitando-se o intervalo de 10 minutos após.
Surpreendentemente, quando se consumia a proteína animal e vegetais antes do carboidrato, houve redução dos níveis de insulina e glicose pós-prandial (pós-refeições), nos períodos de 30 (28,6%), 60 (36,7%) e 120 (16,8%) minutos.
Ou seja, nestas condições, os picos de insulina e glicose foram igualmente reduzidos em mais de 40%, aonde fica claro que a ordem alimentar apresenta uma estratégia comportamental nova e simples para reduzir os riscos e melhor resultado no emagrecimento, pré-diabetes e diabetes.
Os pesquisadores consideram esses resultados “comparáveis aos observados com agentes farmacológicos que visam preferencialmente a glicose pós-prandial”.
Com essa estratégia nutricional, evita-se manifestações de hipoglicemia reacional tão frequente em indivíduos que abusam do carboidrato.
Além disso, permite que esses pacientes consumam algum carboidrato, desde que não abusem desse macronutriente no momento permitido.
Assim, haverá uma absorção lenta desses carboidratos devido aos efeitos da fibra, da proteína animal e da gordura na parte inicial das refeições, sendo portanto, uma intervenção de relevância prática.
“Em contraste com o aconselhamento nutricional convencional em diabetes, que é amplamente restritivo e se concentra em “quanto” e “o que não comer”, este estudo piloto sugere que a melhora na glicemia pode ser alcançada pelo momento ideal de ingestão de carboidratos durante uma refeição.” comentam os pesquisadores.
- Outro estudo confirmando esse resultado foi feito consumindo-se whey protein (proteína de soro de leite) antes de uma refeição, promovendo a redução dos níveis de insulina e glicose pós-prandial.
Ou seja, essas implicações são bem claras da maneira que devemos estruturar as nossas refeições em relação ao diabetes tipo 2.
Outro fator: Janela alimentar
Além disso, a restrição do horário das refeições pode impulsionar mais ainda o resultado no emagrecimento, pré-diabetes e diabetes tipo 2.
Trata-se do jejum intermitente cíclico, onde o organismo é capaz de limitar o açúcar alimentar aumentando a queima do açúcar que está dentro da célula.
Ele promove:
- redução da insulina de jejum
- melhora da sensibilidade à insulina
- melhora do controle da glicemia
- reduz o estresse oxidativo
- maior perda de peso
Para esse objetivo, você deve restringir sua alimentação em uma janela entre 6 e 8 horas por dia.
Consumindo a quantidade adequada para o seu caso, no final de sua refeição, você melhora a sua saúde metabólica.
De toda forma, não se deve abusar do carboidrato, mas restringi-lo a cerca de 10 a 25% da quantidade de macronutrientes.
Além disso, lembre-se de evitar os óleos vegetais (milho, soja e canola), ricos em ácido linoleico (LA), que comprometem a glicemia e insulina induzindo inflamação silenciosa, altamente oxidativa – o que como consequência predispõe doenças crônicas como diabetes.
Evite, portanto, esses óleos e o consumo de carne de animais criados em confinamento, cujas rações são ricas em milho e soja.
Você pode conferir tudo sobre esse assunto no meu e-book Jejum prolongado: A maneira fácil de perder peso e viver mais tempo.
Supersaúde!
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Referências bibliográficas:
- Molecules. 2019 Dec; 24(24): 4501
- Diabetes Obes Metab. 2019 Feb; 21(2): 377–381
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- Am J Clin Nutr. 2018 April 1;107(4):673–675
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- Diabetologia. 2014;57:1807–1811
- J Rehabil Health Sci. 2010;8:1–7
- Livro Diabetes Zero. Dr. Wilson Rondó Jr.