Nestes últimos tempos os suplementos de vitamina C estão esgotados nas farmácias.
Apesar de ser negligenciada, muitos estudos estão usando vitamina C intravenosa para tratar o Covid-19, com resultado promissor.
Infelizmente nós, os macacos, porquinhos-da-índia e morcegos somos os únicos animais do planeta que não conseguem produzir sua própria vitamina C.
Por outro lado, todos os outros animais produzem a sua própria vitamina C dependendo da necessidade.
Um cachorro de médio porte produz cerca de 20.000 mg de vitamina C por dia, mas em situação de estresse, doença ou lesão, podem aumentar mais de 5 vezes essa quantidade.
Apesar de termos perdido essa capacidade há cerca de 60 milhões de anos atrás, ainda compensávamos essa situação, pois nossa dieta incluía toda a dosagem necessária.
Porém, nesse mundo tóxico que vivemos, nossas frutas e vegetais ficaram espoliadas nutricionalmente. O consumo de carne de órgãos, que é uma ótima fonte de vitamina C, passou a ser raro.
A nossa necessidade de vitamina C continua a mesma dos nossos ancestrais, e hoje cerca de 50% da população está deficiente, em condições subclínicas de escorbuto.
Esse é um fator que com certeza influi negativamente nas nossas defesas imunológicas para combater não só o Covid-19, mas também as doenças de maior prevalência no mundo moderno, como doenças cardíacas, derrame, diabetes, demência e câncer.
Vitamina C na história
Quando se fala de vitamina C, sempre lembramos da sua importância no tratamento do escorbuto, tendo curado centenas de marinheiros séculos atrás.
E sempre que se fala em vitamina C, já lembramos de Linus Pauling, único homem laureado duas vezes Prêmio Nobel, e quase três.
Ele propunha sua utilidade no tratamento de muitas doenças, como gripes e resfriados, infecções, doença cardiovascular, moleculares e câncer.
Infelizmente muitas das pesquisas do professor Linus Pauling, foram ignoradas desacreditadas pela comunidade médica por muitos anos.
Diversos estudos que tentaram replicar os seus trabalhos não foram feitos na mesma dosagem, forma de administração, período de tempo e não seguiram os mesmos critérios.
Certamente, com isso, os resultados foram diferentes.
Formas de administração
Quando usada na forma oral ou endovenosa, há uma enorme diferença em termos de concentração a nível plasmático. Essa variação chega a 25 vezes maior quando usada na forma endovenosa.
Na forma oral, a concentração depende de vários fatores que agem concomitantes, como absorção intestinal, acúmulo nos tecidos e taxa de utilização.
Na forma endovenosa não há interferência desses fatores, portanto pode se chegar a níveis plasmáticos bem mais altos de vitamina C.
Dosagens recomendadas
A ingestão diária recomendada pela ANVISA, para adultos, é 45 mg.
Já o RDA convencionou para homens adultos 90 mg / dia e 75 mg para mulheres não lactantes. Porém, há estudos que mostram que se atinge biodisponibilidade completa com dosagem diária de 200 mg. Acima disso haverá perda de absorção.
Mas, dependendo dos benefícios que se quer atingir, essas dosagens devem ser maiores. Vejam alguns exemplos, como este estudo publicado noThe Journal of Alternative and Complementary Medicine, que afirma:
“Numerosos estudos demonstraram que o consumo de vitamina C maior que o RDA melhora o sistema imunológico e diminui o risco de danos ao DNA. A vitamina C acima 400 mg / dia pode melhorar a proteção contra o estresse oxidativo, certos tipos de câncer e doenças degenerativas e crônicas”.
Outro estudo, sobre fertilidade masculina, afirma que “a suplementação de altas doses de vitamina C (1000 mg duas vezes ao dia) por um período de 2 meses melhorou a contagem de espermatozoides, a motilidade e a morfologia espermática, em homens inférteis”.
Assim fica claro como é importante usar níveis adequados de vitamina C para se ter os benefícios desejáveis.
Benefícios da vitamina C
De acordo com inúmeros estudos, a suplementação adequada de vitamina C – entre 1 e 10 g / dia ou mais, dependendo do caso – tem mostrado resultados extremamente benéficos:
- Estimula o sistema imunológico, melhorandoa função dos leucócitos, atividades antimicróbicas e células killer.
- Protege o endotélio vascular.
- Desempenha papel importante na produção de neurotransmissores, assim como da serotonina, vitais para a saúde cerebral.
- Melhora a visão em pessoas com uveíte (inflamação da parte média do olho) e na degeneração macular relacionada à idade.
- Previne resfriado comum e viroses.
- Alivia reações alérgicas.
- Auxilia na recuperação das queimaduras solares.
- Melhora cicatrização de queimaduras e feridas.
- Mantém gengivas saudáveis.
- Ação antienvelhecimento, revertendo anormalidades relacionadas à idade e induzindo o envelhecimento saudável. Reduz taxa de mortalidade em idosos.
- Aumenta a resistência e recuperação de doenças infecciosas e degenerativas.
- Reduz o estresse oxidativo.
- Promove diminuição significativa dos níveis de chumbo no sangue.
- Prolongam a expectativa de vida útil dos pacientes com câncer.
- Pode ajudar na prevenção e no combate contra alguns tipos de câncer, como próstata, pancreático, hepatocelular, cólon, mesotelioma e neuroblastoma.
De acordo com o Stephenson Cancer Center:
“Os mecanismos potenciais pelos quais o tratamento com altas doses de ácido ascórbico pode exercer seus efeitos sobre as células cancerígenas foram extensivamente investigados. Vários estudos demonstraram que o efeito citotóxico direto in vitro do ácido ascórbico em vários tipos de células cancerígenas é mediado por meio de uma reação química que gera peróxido de hidrogênio.
O tratamento de células cancerígenas do cólon com 2 mM a 3 mM de ácido ascórbico resultou em uma regulação negativa dos fatores de transcrição da proteína (Sp), interrupção do metabolismo do ferro e genes envolvidos na progressão do câncer.
Um estudo sugeriu que a morte celular de câncer de próstata mediada por ascorbato pode ocorrer através da ativação de uma via de autofagia… Outro estudo in vitro descobriu que o ácido ascórbico matou células cancerígenas colorretais com mutações no KRAS ou BRAF, inibindo a enzima gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase”.
Benefícios cardiovasculares
Promove redução da constrição dos vasos sanguíneos induzidas por endotelina-1, neutralizando-a. Isso é frequente em indivíduos com sobrepeso ou obesos.
De acordo com o Instituto Linus Pauling:
“A capacidade dos vasos sanguíneos de relaxar ou dilatar (vasodilatação) é comprometida em indivíduos com aterosclerose. Os danos ao músculo cardíaco causados por um ataque cardíaco e o dano cerebral causado por um acidente vascular cerebral estão relacionados, em parte, à incapacidade do sangue dilatar o suficiente para permitir o fluxo sanguíneo para as áreas afetadas.
A dor da angina de peito também está relacionada à dilatação insuficiente das artérias coronárias. A vasodilatação prejudicada foi identificada como um fator de risco independente para doenças cardiovasculares.
Muitos estudos randomizados, duplo-cegos e controlados por placebo mostraram que o tratamento com vitamina C resulta consistentemente em melhora da vasodilatação em indivíduos com doença cardíaca coronária.
Também ocorreu naqueles com angina de peito, insuficiência cardíaca congestiva, diabetes, colesterol alto e pressão alta. A vasodilatação melhorada foi demonstrada com uma dose oral de 500 mg de vitamina C diariamente”.
Reforçando essa ação, a revista Hypertension revelou “uma forte associação entre as concentrações de vitamina C, um indicador de consumo de frutas e vegetais e um nível mais baixo de pressão arterial”.
Age também retardando a progressão do endurecimento das artérias (aterosclerose), mantendo-as flexíveis, além de evitar danos oxidativos por LDL colesterol.
Portanto, já está passando da hora de você contar com a ajuda da vitamina C. Converse com o seu médico para que ele lhe prescreva esse grande aliado na dosagem adequada para o seu caso. Supersaúde!
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Referências bibliográficas:
- Curr Genomics. 2011 Aug. 12(5): 371–378
- Ann NY Acad Sci. 1975 Sep 30.
Knowledge of Health. August 15, 2009 - The Journal Of Alternative And Complementary Medicine Vol 14, Number 10, 2008, pp. 1291–1298
- Health Vol.2, No.8, 819-823 (2010)
- What Is An Optimal Dose of Vitamin C? May 29, 2020
- National Cancer Institute January 24, 2020
- Oregon State University 2020
- Journal of Medicinal Food February and June 2005
- Stephenson Cancer Center 2020
- University of Maryland Medical Center, Vitamin C
- Medical News Daily September 6, 2015
- Daily Mail September 7, 2015
- Linus Pauling Institute, Vitamin C
- Hypertension. 2011 Sep;58(3):372-9.
- FASEB J. 2010 Jan;24(1):158-72.
- World’s Healthiest Foods, Vitamin C