A influência dos nossos pensamentos na nossa saúde é algo cada vez mais debatido na ciência. Já é praticamente um consenso que o que pensamos e nossas emoções têm resultados diretos no organismo, seja para pior ou para melhor…
Por conta disso, temos ouvido falar bastante sobre os benefícios de “pensar positivo” ou ser sempre otimista – mesmo se as coisas não estiverem tão boas… Será que isso realmente é bom para nós?
Um estudo recente e muito interessante procurou abordar a questão e entendê-la mais a fundo. Pesquisadores da Bath University e da London School of Economics and Political Science, no Reino Unido, acompanharam voluntários durante 18 anos.
O objetivo era entender se a percepção dessas pessoas sobre a vida – ora mais, ora menos otimistas – tinham influência real no bem-estar. Foram avaliadas as percepções autorrelatadas de angústia psicológica e nível de satisfação.
A parte financeira dos voluntários também foi analisada. Os pesquisadores compararam suas expectativas com a situação financeira real durante o tempo do estudo.
Quem tem mais bem-estar? Otimistas ou realistas?
A conclusão dos pesquisadores é clara. As pessoas muito otimistas acabam tendo níveis de bem-estar menores do que as mais realistas. Essa é uma afirmação que preocupa aqueles que defendem o pensamento positivo acima de qualquer coisa, mas é o que os cientistas descobriram depois de tanto tempo.
E não é algo difícil de se compreender. O que ocorre é que quando o otimismo é demais, o indivíduo não encara a realidade das coisas e faz avaliações superestimadas. Quando os resultados esperados não vêm, os níveis de frustação são maiores do que para os mais realistas.
Os pesquisadores chamaram esse tipo de pessoa de “otimista não-realista”, que seria a maior porcentagem da população. Segundo o estudo, eles acreditam fortemente em bons resultados e minimizam os resultados ruins, tendendo a fazer más escolhas.
Por outro lado, ser um otimista mais realista leva a uma avaliação dos prós e contras, levando a melhores decisões e menos frustração. E aumentaria os níveis de satisfação e bem-estar!
Atenção: também não é para ser pessimista!
Fica aqui este alerta. Essa pesquisa não diz que você deve ser um pessimista, achando que tudo dará errado. Isso também é bem prejudicial, pois a negatividade de fato afeta você. É tudo uma questão de equilíbrio.
O Dr. David de Meza, autor do estudo e professor da London School of Economics and Political Science, usa como exemplo a atual situação envolvendo a Covid-19. Tanto pessoas extremamente positivas quanto as muito negativas podem ser prejudicadas:
“Os otimistas consideram-se menos suscetíveis ao risco de contrair a Covid-19, e por essa razão é menos provável que tomem as devidas medidas de cautela. Os pessimistas, por outro lado, poderão cair na tentação de nunca sair de casa ou nunca mais pôr as crianças na escola. Nem uma estratégia nem outra parece ser uma receita adequada para o bem-estar. Os realistas tomam riscos com peso e medida, baseados no nosso conhecimento científico da doença.”
Acho que não exemplo melhor do que esse para entendermos a necessidade do equilíbrio entre o otimismo e o pessimismo. Manter os pensamentos elevados é de fato bom e pode trazer benefícios para a saúde, mas não deixe de ser realista e analisar tudo racionalmente.
Assim, além de se manter saudável você tomará melhores decisões, e elas impactarão no seu bem-estar. Isso também é Supersaúde!
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Referências bibliográficas:
- David de Meza, Chris Dawson. Neither an Optimist Nor a Pessimist Be: Mistaken Expectations Lower Well-Being. Personality and Social Psychology Bulletin, 2020; 014616722093457 DOI: 10.1177/0146167220934577
- University of Bath. “Time to get real on the power of positive thinking.” ScienceDaily. ScienceDaily, 7 July 2020.
- O Pensamento Negativo pode Levar ao Alzheimer? – www.DrRondo.com
- Pessoas com Senso de “Unidade” têm mais Bem-estar – www.DrRondo.com
- 7 Atitudes e Sentimentos que Destroem sua Imunidade – www.DrRondo.com