Recordo-me de que quando eu era pequeno perguntava à minha mãe por que é que eu tinha pontos brancos nas unhas. Muito provavelmente ela não sabia a resposta correta para aquilo, e também não parecia estar tão preocupada com isso, o que é algo comum, e me dizia que deveria ser por alguma mentira que eu tivesse contado.
Por muitos anos eu acreditei nessa resposta. Mas, assim como Papai Noel e Coelho da Páscoa, esse também foi um mito de infância que começava a cair na minha adolescência.
Mais tarde, já na escola, ouvi dizer que isso era a indicação de deficiência de cálcio. E como eu nunca gostei muito de leite e nem fui consumidor de espinafre, comecei a ter uma sensação de culpa pela minha condição nutricional. Então, eu novamente acreditei nisso, fato que se mostrou errado no futuro.
Deficiência nutricional é um fator muito importante, mas, o cálcio não é o culpado. Nesse caso, isso acontece mais por deficiência de zinco. Você pode estar surpreso sobre o quanto a nossa saúde pode ser afetada por não ter a quantidade adequada de zinco, mas saiba que as suas unhas são só o começo.
O zinco desempenha um papel importante no crescimento e desenvolvimento estando relacionado com quase toda função estrutural do nosso corpo. Ele é essencial para todas as formas de vida. A função neurológica e reprodutiva são particularmente dependentes de zinco. A sua deficiência pode ter um sério impacto e causar problemas de pele, diarreia, comprometimento de cicatrização, queda de cabelo, alteração da sensação de paladar, apetite reduzido, cegueira noturna, edema, opacificação da córnea, e até mesmo distúrbio de comportamento.
As crianças estão em maior risco de deficiência de zinco, pois esse mineral é usado em altas concentrações pelo corpo durante períodos de intensa divisão e crescimento celular.
Os alimentos ricos em zinco, como as ostras por exemplo, provavelmente não estão entre os mais consumidos diariamente pelos jovens, a menos que façam parte do recheio de uma bela pizza! Porém, outros frutos do mar, ovos, fígado e carne vermelha, especialmente de animais criado em pasto, são boas fontes de zinco. Mas, como a tendência de vegetarianismo tem aumentado, a melhor atitude é usar suplementos de zinco.
O risco da deficiência de zinco não termina nos anos da juventude. É preciso ficar atento a todos os sinais ao longo de nossa vida. Ao menor deles, converse com o seu médico para que ele possa indicar uma suplementação de zinco (picolinato ou citrato) ao seu regime alimentar e também uma suplementação de cobre para prevenir o desequilíbrio da relação entre os dois.
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Referências bibliográficas:
- Is Zinc Deficiency a Public Health Problem, Sandstead, Harold H., M.D., Nutrition, 1995;11:87-92.
- Mild to Moderate Zinc Deficiency in Short Children: Effect of Zinc Supplementation on Linear Growth Velocity, Nakamura, Toshiro, M.D., Ph.D., et al, Journal of Pediatrics, July 1993;123:65-69