Como se sabe, a deficiência de iodo leva ao comprometimento da função tireoidiana. Essa é uma situação preocupante, pois está correlacionada a diversas doenças, inclusive o câncer.
O problema é que, segundo estudos, isso não é tão incomum. De acordo com Dr. David Browstein, que tem usado iodo por duas décadas, cerca de 95% das pessoas estão deficientes dessa substância. Por outro lado, tenho percebido o aumento da suplementação de iodo, o que é igualmente motivo de alerta: até os médicos devem fazer isso com muito cuidado!
Riscos do excesso de iodo
Normalmente, quando há deficiência de iodo, ocorre hipotireoidismo, como é de conhecimento geral. Porém, estudos recentes alertam que muito iodo leva a uma condição subclínica de hipotireoidismo, ou seja, a pessoa tem os sintomas, mas os exames não revelam!
Não costumo recomendar aos meus pacientes o uso de suplementos de iodo, como o Lugol ou Ioderol, porque a tireoide somente transporta iodo na sua forma ionizada (iodeto). A sua tireoide reduz o iodeto em iodo para que esse seja usado na formação de tireoglobulina. Nesse processo, ocorre uma reação oxidativa que causa a geração de radicais livres.
O seu corpo não utiliza iodo diretamente. Assim, quando o iodo é usado sem necessidade, ele pode causar estresse oxidativo e promover tireotoxicose. Por isso aconselho sempre, de preferência, melhorar os seus valores de iodo através da ingestão de alguns alimentos. Veja quais são:
Fontes naturais de iodo
- Consuma alimentos orgânicos, dentro do possível, e lave-os bem para minimizar a exposição a pesticidas;
- Minimize o consumo de água de garrafas plásticas;
- Evite pães com bromato, procure produtos de grãos integrais orgânicos;
- Evite água fluoretada;
- Tome Spirulina;
- Consuma leite cru, ovos, vegetais marinhos e sal ionizado.
Causas de redução de iodo
Nas últimas décadas houve uma redução importante no consumo de iodo, por diversos motivos:
- Consumo de bromato – quando você ingere produtos que contém bromato, como pães, refrigerantes e medicações, ou tem contato com o bromato através de plásticos e pesticidas, por exemplo, ocorre um desequilíbrio do iodo. Isso aumenta o seu risco de câncer de mama, de tireoide, ovário e próstata;
- Redução do consumo de alimentos ricos em iodo – sal iodado, ovos, peixes e vegetais marinhos;
- Consumo de água fluoretada;
- Solos empobrecidos, e com isso, menos iodo nos alimentos.
Há sólidas evidências de que o motivo da baixa taxa de câncer no Japão ocorra por causa da alta ingestão de alimentos ricos em iodo, como os vegetais marinhos e peixes. Para se ter uma ideia, o consumo de iodo no Japão é quase 90 vezes maior do que nos Estados Unidos, onde a taxa de câncer é alta. Essa proteção do iodo ocorre pela sua ação antioxidante e propriedade antiproliferativa de tumores.
Faça um teste dos seus níveis
Para saber como andam seus níveis de iodo, o caminho mais comum é solicitar ao seu médico um teste de urina. Outro modo simples de saber se você tem iodo suficiente é pedir ao seu médico uma prescrição de SSKI (iodo supersaturado de potássio). Aplique 3 gotas na sua pele e friccione no lugar uma vez ao dia. Se você tocar algo com a ponta dos dedos molhados e ficar uma mancha amarelada, significa que o iodo está na sua pele, e que você tem a quantidade suficiente de iodo.
Muitas pessoas que descobrem deficiência de iodo acabam buscando o uso do Lugol para reposição. Isso tem se tornado quase uma febre! Acredito que é algo que requer cuidado, só devendo ser feito com o acompanhamento de um médico familiarizado com essa terapêutica. Fique atento!
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Referências bibliográficas:
- Journal of Medicinal Food, April 2005;8(1):27-30
- AntennaIndia.org Spirulina
- Lancet, March 28,1998;351:923-924
- Br Med J, February 14, 1976;1:372-375.
- American Journal of Public Health, April 1993;83(4):494-495
- American Journal of Clinical Nutrition Supplement, 1993;57:276S-9S. þ 1993