Se você é um daqueles apreciadores de um bom queijo, certamente já ouviu por aí que não se deve consumir o queijo cru por ser sujo e causador de doenças. Só que o que muita gente esquece, ou talvez nem saiba, é que os mais famosos queijos italianos e franceses são feitos há centenas de anos com o leite cru, garantindo a complexidade de gosto e de textura tão característica das bactérias boas encontradas neste leite.
Mas, para que esse queijo cru seja realmente seguro e de qualidade, a fonte é extremamente importante. Por isso, as vacas devem ser criadas em pasto; os animais criados em sistema de confinamento não têm a mesma garantia de qualidade, o que aumenta o risco de contaminação tanto do leite como da carne. Para se ter uma ideia, a grande maioria das doenças transmitidas por alimentos nos Estados Unidos está ligada ao gado confinado e aos alimentos altamente processados, e não aos alimentos crus como se imagina.
A bem da verdade, nenhum alimento é completamente seguro, mas leite e queijo crus não são mais perigosos que alface, tomate ou outro alimento que é consumido normalmente.
Mito das gorduras
Por conter gordura saturada e colesterol, o queijo ainda é visto por muitos como indutor de obesidade e doença cardíaca. Acontece que isso é um mito que já caiu por terra, pois há numerosos estudos que confirmam que a gordura saturada não está associada com doença cardíaca e obesidade, mas sim com um agregador de saúde.
Os países que consomem mais queijo, como a França, a Itália e a Grécia, por exemplo, apresentam baixas taxas de obesidade e hipertensão.
Qual é o queijo de qualidade?
Uma coisa é certa: nem todos os queijos são iguais! Existem os queijos naturais e os queijos processados.
O queijo natural é um produto simplesmente fermentado, feito com os ingredientes básicos: leite, cultura mãe, sal e coalho. Quando produzido a partir do leite cru esses queijos passam a ser riquíssimos em:
- proteínas e aminoácidos de alta qualidade;
- ômega 3 e gordura saturada boa de alta qualidade;
- combinação de vitaminas e minerais, como fósforo, zinco, vitaminas A, B2, B12 e D, além de conter os três nutrientes que agem sinergicamente: vitamina D, vitamina K2 e cálcio. Estes nutrientes são importantes na prevenção de doença cardiovascular, cerebral e osteoporose;
Além disso, este tipo de queijo ajuda no combate da inflamação no corpo, pois apresenta melhor proporção entre ômega 3 e ômega 6 – que é de 1 para 2 – , enquanto que o leite pasteurizado (normalmente de gado confinado) tem a proporção ômega 3 e ômega 6 de 1 para 25. Isso sem falar que ele também é livre de antibióticos e hormônios de crescimento;
Outra condição importante é que o queijo de leite cru tem um sabor mais pronunciado e rico do que os queijos de leite pasteurizado, que nesse processo destrói enzimas e bactérias boas que dão sabor ao alimento.
Mesmo que você seja intolerante à lactose, existem muitos queijos que serão bem tolerados, pois a lactose é removida durante o processo de produção do mesmo.
Conteúdo de gordura saturada
A gordura dos laticíneos varia entre 50% e 60% de gordura saturada, sendo que consiste em muito ácido oleico, o mesmo do óleo de oliva, tão saudável.
O outro tipo de gordura é o ácido linoleico conjugado (CLA) que ajuda a perder peso.
Benefícios da gordura saturada
- Fornece componentes para as membranas celulares (blocos de construção).
- Fornece hormônios e substâncias similares essenciais à saúde.
- Fonte de energia na alimentação.
- Aumenta a absorção de vitaminas lipossolúveis A, D, E e K.
- Necessária para a conversão de caroteno em vitamina A.
- Aumenta a absorção de minerais.
- Agente antiviral (ácido caprílico)
- Agente anticáries, antiplacas e antifungos (ácido laurico)
- Reduz o colesterol (ácido palmítico e esteárico).
- Modulador genético e prevenção de câncer (ácido butírico).
Diante de tudo isso que conversamos até aqui fica evidente a resposta para o título deste artigo. Concorda? Aposte no queijo cru e você estará ganhando em saúde!
Referências Bibliográficas:
- Livro Sinal Verde para a Carne Vermelha. Editora Gaia
- Nutr Metab Cardiovasc Dis. September 2009
- The American Journal of Clinical Nutrition. March 2010 vol. 91 no. 3 535-546
- Food Safety News. February 18, 2013
- European Journal of Clinical Nutrition. June 2010;64:569-577
- Journal of Nutritional Science and Vitaminology. 2011; 57(2): 138-143
- Annals of Internal Medicine. December 2010;153(12):790-9