Para se ter uma ideia, segundo informações do portal Today I Found Out, uma vaca de 17 arrobas produz cerca de 4.500 hambúrgueres padrão McDonald’s, que são de um tamanho menor do que outros produtos do mercado. Infelizmente, isso não se traduz no que acontece na prática, pois certamente essa carne desse hambúrguer não vem de uma vaca só!
São usados diferentes animais, também de origens diferentes, para se produzir um lote de hambúrguer desse tipo. No caso de produção em larga escala, se acondiciona cerca de 1.500 kg de carne de diferentes origens misturadas. Mas será que todas as carnes são de gado criado a pasto?
No Brasil, as chances disso são maiores, ao contrário do que acontece na Europa e América do Norte. Veja a diferença entre essas carnes, que vale para outros produtos animais, como laticínios e ovos:
Carne de animal confinado
Tem maior possibilidade de conter bactérias resistentes a antibióticos, pois segundo estudo do FDA, cerca de 55% do gado confinado contém essas bactérias. Para a carne de porco essa porcentagem é de 70%, e para o frango, 40%. Essas bactérias que contaminam a carne passam os seus genes resistentes a outras bactérias no corpo, predispondo maior possibilidade de doença.
Além disso, elas ficam também no esterco destes criatórios, que são usados nos campos como fertilizante natural ou eliminados pelos rios, fazendo com que esta resistência se espalhe mais ainda na nossa cadeia alimentar.
Carne de animal a pasto
O grau de contaminação é baixo, pois além de não precisarem de antibiótico, salvo exceções, vivem num ambiente favorável para crescer de forma segura. O gado a pasto tem uma composição melhor que o confinado, como:
- Concentrações maiores de vitaminas (beta caroteno, vitamina E) e minerais (cálcio, magnésio e potássio);
- Melhor relação Ômega 3: Ômega 6;
- Maior concentração de CLA, potente protetor de câncer e emagrecedor;
- Carne mais magra.
Além disso, o gado confinado sofre com outros fatores causados pelo uso de alimentação com grãos transgênicos e pelo ambiente inóspito que vive:
- Acidose – normalmente, durante o processo digestivo, as bactérias do rúmen do gado produzem ácidos que são neutralizados por componentes da alimentação a pasto com capim. No caso do confinamento, os grãos não permitem a produção normal de saliva pelos animais, causando indigestão ácida, como consequência comprometendo a absorção de nutrientes pelo animal.
- Abcessos hepáticos – causado por bactérias presentes no rúmen inflamado e ulcerado, que atinge o fígado. Estatisticamente, cerca de 30% desses animais de confinamento apresentam isso.
- Inchaço – no processo digestivo do capim, a produção de gases pelos animais tem eliminação fácil, mas nos animais que consomem grãos, esses gases ficam retidos causando distensão abdominal, cuja intensidade pode até causar incapacidade respiratória, que leva a asfixia e morte.
- Confinamento – esse ambiente ácido no trato digestivo causa a produção de thiaminase, que destrói vitamina B1 deixando o cérebro sem energia e podendo gerar paralisia.
- Pneumonia – no tempo seco, com o aumento da poeira, isso pode agredir o sistema imunológico, comprometendo o sistema respiratório e até causando a morte.
Portanto, dê preferência ao consumo de carnes de animais a pasto. Isso é melhor não apenas para a sua saúde, como para todo o meio ambiente. Lembre-se disso quando for comer um hambúrguer!
Referências bibliográficas:
– Today I FoundOut.com June 16, 2015
– J ANIM SCI September 2009 vol. 87
– Livro Sinal Verde para a Carne Vermelha. Editora Gaia