Normalmente, é possível acondicionar os ovos em temperatura ambiente, sem risco algum. Porém, caso esses ovos estejam infectados com Salmonela, as bactérias irão se multiplicar com muito mais rapidez. Por isso, é aconselhável que sejam então acondicionados no refrigerador, especialmente se são produzidos por galinhas confinadas, aonde aumenta o risco de presença de bactérias como a Salmonela.
Isso ocorre porque essas galinhas são retiradas do seu habitat natural, o que acaba comprometendo a sua resistência às doenças por estresse. A meia vida de um ovo não refrigerado é de 7 a 10 dias, e no caso dos ovos refrigerados passa para 30 a 45 dias.
Se você está usando ovos orgânicos, caipiras, com a película intacta, eles devem ser consumidos em alguns dias. Você pode deixá-los num armário, por exemplo. Essa película é natural e tem a função de protegê-los. Porém, quando se lava os ovos, se retira essa película protetora, tornando sua casca porosa, o que permite a entrada de bactérias indesejáveis.
Além disso, ao se lavar os ovos em água fria, acaba-se criando um vácuo, o que atrai as bactérias mais rapidamente para dentro do ovo. As análises estatísticas mostram que a penetração de bactérias no ovo é mais alta nos lavados do que nos não lavados.
É importante saber também que se você compra ovos que já estão refrigerados no mercado, eles devem ser acondicionados também no refrigerador, pois se deixá-los em temperatura ambiente a sua superfície fica umedecida pela diferença térmica, o que estimula o crescimento bacteriano. Portanto, se você comprar ovos que estão sem lavar e em temperatura ambiente, deve transportá-los e guardá-los nas mesmas condições. Só aconselho colocar no refrigerador se for demorar para consumi-los.
O ovo é um alimento que causa muita confusão: afinal, ele é bom ou mau para a saúde? Essa dúvida, geralmente, tem a ver com a presença de gordura saturada, que muitos ainda acreditam que pode fazer mal para a saúde. Nada disso tem fundamento, aliás, a realidade é o contrário disso! Ovos são uma fonte incrível de proteínas e gorduras, nutrientes que a maioria das pessoas está deficiente. Consiste em um dos alimentos mais saudáveis que você pode consumir, prevenindo doenças cardíacas.
O que alguns estudos falam sobre os ovos
- comer mais do que 6 ovos por semana não aumenta o risco de nenhum tipo de derrame.
- consumir 2 ovos por dia não afeta a função endotelial em adultos saudáveis, mostrando que o colesterol da alimentação é menos lesivo para o coração do que se pensava anteriormente.
- com o cozimento do ovo, suas proteínas são convertidas pelas enzimas gastrointestinais, gerando peptídeos que agem como medicações inibidoras de ACE, que promovem a redução de pressão arterial.
- numa pesquisa feita na Carolina do Sul, nos EUA, observou-se que entre adultos não há correlação entre colesterol sanguíneo com os ditos “maus hábitos” alimentares, como consumir carne vermelha , gordura animal, frituras, ovo, manteiga, leite integral, bacon, linguiça e queijo.
- – ovos são ricos em betaína (ou trimetilglicina) um nutriente que facilita a remetilação da homocisteína em metionina, pois é sabido que homocisteína elevada é um risco importante de geração de bebes com defeito de tubo neural, doença cardiovascular e Alzheimer
Como consumir os ovos
De preferência consumir a gema crua, pois o aquecimento lesa os nutrientes sensíveis da sua composição. Os ovos mexidos são os piores, pois ocorre o contato da gema, que por si só tende a oxidar com o calor, mas há ainda mais um fator agravante. Na clara, há presença de ferro, que no contato com a gema na alta temperatura oxida mais ainda o colesterol do ovo, sendo esta a única situação desfavorável pelo fato dessa oxidação gerar inflamação silenciosa no seu corpo.
Só consuma ovos crus se forem orgânicos de galinhas caipiras, pois ovos de granja tem maior risco de contaminação. Outra opção é consumir o ovo pochê, aonde se preservam todas as suas propriedades benéficas.
Isso vale também para o ovo cozido e até o frito, lembrando-se de usar uma gordura saturada saudável para prepará-lo e não quebrar a gema. Deve-se conservá-la intacta. A gema do ovo, quando é quebrada, promove além da maior oxidação uma redução de 50% de antioxidantes, e caso seja colocado no micro-ondas reduz-se mais ainda.
Evite ovos enriquecidos com ômega 3, pois estes são originários de galinhas alimentadas com ômega 3 de baixa qualidade, já oxidado. Além disso, eles perecem mais rápido do que os normais.
Num estudo realizado por Ned Kock, mostrou-se que consumir ovos diariamente promove a saúde. Consumir um número de ovos por semana foi associado com colesterol LDL e formação de placa, mostrando que a maior quantidade de placas ocorre com o LDL baixo. É importante explicar que antes se pensava que consumir a gema do ovo elevava o LDL colesterol, causando a formação de placas. Porém, observou-se que com o consumo de certa quantidade de ovos, as partículas de LDL colesterol são transformadas de pequenas em grandes, o que as torna menos lesivas, assim como o consumo de gordura saturada.
O consumo regular de ovos não apresenta impacto no risco de doença cardíaca e diabetes. Procure, dentro do possível, consumir ovos orgânicos caipiras e não os de granja, pois além do menor risco de contaminações salmoneloses etc., são mais ricos em nutrientes, como mostra a Mother Earth News ao comparar os dados do Departamento de Agricultura Americano. Foram comparados ovos de galinhas que pastoreiam com os de galinha de granja, observando-se nutrientes nas de pastoreio:
- 2 vezes mais ômega 3
- 3 vezes mais vitamina E
- 7 vezes mais beta caroteno
- e 2/3 mais vitamina A
Então, conte com os ovos na sua dieta. Mas prefira os orgânicos e prepare da melhor forma. Assim, eles poderão contribuir ainda mais para que você tenha uma Supersaúde!
Referências bibliográficas:
- American Journal of Clinical Nutrition. February 10, 2016
- Authority Nutrition. November 2015
- The American Journal of Clinical Nutrition. May 27, 2015
- British Journal of Nutrition. Jun 26, 2014 :1-18.
- Nutrition Journal. November 27, 2013, 12:155
- The Canadian Journal Cardiology. Nov 2010
- Mother Earth News. October/November 2007
- Medical Science Monitor. Jan 2007; 13(1):CR1-8
- International Journal of Cardiology. Mar 2005, 10;99(1):65-70
- Archives of Internal Med. Sep 11, 2000; 160