Segundo o Health Effects Institute, cerca de 95% do planeta está respirando ar cheio de poluição. E você pode estar se perguntando o que isso e as mudanças climáticas têm a ver com as doenças neurológicas. E a resposta é: tudo! Pelo menos foi o que mostrou os resultados de uma revisão de escopo da pesquisa publicada neste mês de novembro na Neurology, a revista médica da Academia Americana de Neurologia.
De acordo com a revisão, pessoas com doenças neurológicas como dor de cabeça, demência, esclerose múltipla e doença de Parkison podem apresentar pioras dos sintomas devido às mudanças climáticas. A revisão trouxe também que o AVC tende a se tornar mais prevalente devido a essas mudanças.
Essas considerações foram obtidas após os pesquisadores analisarem estudos publicados sobre mudanças climáticas, poluentes, temperaturas extremas e doenças neurológicas em um período entre 1990 e 2022.
Ao todo foram identificados 364 estudos classificados entre as categorias: estudos sobre o impacto da poluição (289); estudos sobre eventos climáticos extremos e flutuações de temperatura (38); e estudos sobre doenças neuroinfecciosas emergentes (37).
E o que esses estudos mostraram?
Esses estudos evidenciaram as relações entre:
– a variabilidade da temperatura e o agravamento dos sintomas neurológicos;
– os climas quentes e infecções transmitidas por carrapatos e mosquitos; e
– os poluentes transportados pelo ar e a gravidade de doenças cerebrovasculares.
Como bem ressaltou o autor da revisão Andrew Dhawan, MD, DPhil, de Cleveland Clinic em Ohio e membro da Academia Americana de Neurologia, os danos já causados pelo aumento da temperatura no Meio Ambiente são irreversíveis e, à medida em que a temperatura aumenta os problemas seguirão acontecendo.
Assim, já conhecendo a interferência que isso provoca na saúde neurológica das pessoas, os neurologistas precisam estar atentos e devem procurar se antecipar em como as doenças também podem mudar.
Ele ainda alertou sobre a necessidade de que mais estudos sejam feitos sobre formas de reduzir a transmissão de doenças neuroinfecciosas, bem como sobre de que maneira a poluição do ar também pode afetar o sistema nervoso.
Outra preocupação é que os estudos avaliados foram realizados em regiões mais ricas em recursos, o que sugere que os resultados podem não se aplicar a locais com menos recursos ondes os danos causados podem ser ainda maiores.
Também precisamos ficar atentos a uma questão muito importante
Tudo o que mencionamos até aqui tem a ver com as interferências externas. Agora pense você em como tudo isso pode ser agravado quando estamos em um ambiente fechado e potencialmente contaminado.
Pois saiba que isso acontece todos os dias, o dia todo, e a gente às vezes nem se dá conta.
Poluição dentro dos ambientes
Os agressores dentro de casa são, 100 vezes mais importantes do que a poluição externa. São, portanto, uma enorme fonte de doenças crônicas em pessoas suscetíveis.
Dentro de um ambiente estamos sob constante exposição advinda de diversas fontes, ao passo que a poluição externa corresponde somente a 10% do tempo de nossa vida; é uma exposição intermitente a produtos e as fontes são ilimitadas.
Entre os poluentes de interiores de maior importância temos os pesticidas; gás e produtos derivados do tabaco; produtos de construção e solventes orgânicos.
Mas podemos citar também outros produtos tais como: produtos de toalete; plásticos; produtos de limpeza; telefones celulares; WiFi; computadores e por aí vai.
Para que se desencadeie alguma sensibilidade química importante, é necessária a presença de alguns fatores: sua ação negativa, dependendo do tempo de uso, da toxicidade do produto e da frequência com que se usa o produto. Esses produtos podem ser absorvidos de três formas, no nosso organismo: podem ser inalados, ingeridos ou absorvidos pela pele.
Quando absorvidos, têm afinidade por estruturas lipídicas que são mais vulneráveis aos produtos químicos, como é o caso das células do cérebro (o cérebro é o órgão mais gorduroso do corpo) e do sistema nervoso principalmente.
Tanto é que a membrana celular é uma estrutura lipídica altamente vulnerável a esses elementos, permitindo sua entrada e provocando alterações no metabolismo celular (o cérebro é o principal alvo).
Sintomas
Além do agravamento de doenças neurológicas, como já mencionamos, a exposição à poluição também pode causar problemas tais como: depressão, fadiga, memória diminuída, falta de concentração, ideias dispersas, dor de cabeça, sensação espacial ou aérea, tonturas, confusão mental, irritação nos olhos e garganta, laringite, tosse crônica, asma, bronquite, palpitações, erupções de pele e outros sintomas.
Se quisermos manter nossa saúde em dia precisamos urgentemente fazer a nossa parte para que possamos ficar o mais longe possível dos poluentes. É preciso colaborar também para que, de alguma forma, o aquecimento do clima possa ser freado. Isso é urgente e pelo bem de todos!
Referências Bibliográficas
– Academia Americana de Neurologia. “As mudanças climáticas e a poluição do ar estão piorando as doenças neurológicas?” ScienceDaily
– Poluição do Ar Reduz Inteligência e Expectativa de Vida: www.drrondo.com