Quando éramos crianças, muitos de nós ouvíamos falar que existiam “bichinhos” na nossa barriga…
Pais e avós antigamente costumam falar muito isso, principalmente no caso de crianças que comiam demais.
Em geral, esses “bichinhos” na barriga eram uma referência a possíveis verminoses, que seriam as responsáveis pelo apetite exagerado.
Mas curiosamente, hoje parece que a ciência está descobrindo que de fati existem bichinhos na nossa barriga…
E que eles podem até mesmo “escolher” o que queremos comer.
Calma… Não são necessariamente bichinhos ruins, como as verminoses…
Mas as bactérias da sua flora intestinal!
Um estudo publicado recentemente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, dos Estados Unidos, fez um teste com ratos de laboratório.
Eles separam 30 animais em 3 grupos, e cada grupo recebeu bactérias intestinais de um tipo diferente de roedor.
Ou seja, eles tiveram sua flora intestinal modificada para se parecer com a de outros animais, no caso, ratos selvagens.
Incrivelmente, cada grupo de ratinhos escolheu para comer nutrientes diferentes…
Iguais aos preferidos dos roedores que tiveram a flora intestinal “imitada”.
É como se os “bichinhos da barriga” – as bactérias da flora intestinal – escolhessem o que eles tinham vontade de comer!
Será que isso acontece com você também?
É bem possível. Afinal, não é novidade que o intestino e o cérebro estejam sempre se comunicando.
Hoje se fala até no intestino como um “segundo cérebro”, tamanha sua capacidade de nos influenciar.
Acontece assim…
Depois que você come, a digestão gera moléculas como subprodutos, e elas sinalizam se você comeu comida suficiente…
Ou talvez precise de nutrientes específicos que estão em falta – daí certas “vontades” específicas.
Mas o que nem todo mundo sabe é que as bactérias da flora intestinal podem produzir algumas dessas mesmas moléculas, comunicando-se assim diretamente com o seu cérebro para conseguirem a comida necessária.
E é assim que elas dizem… “Hey! Que tal nos dar um pouco mais de proteínas? Aquele bife parece apetitoso e ótimo pra isso!”
Dicas para uma boa flora intestinal
Então, como fazer as bactérias dos seus intestinos terem “vontade” de comer coisas saudáveis e não pedirem batatas fritas, sorvetes ou massas?
Ainda não há 100% de certeza de que você conseguirá isso…
Mas a dica que posso te dar é consumir alimentos que tenham bactérias benéficas para a saúde.
Elas irão ajudar tanto na sua saciedade quando na sua imunidade, podendo inclusive ser grandes aliadas no emagrecimento.
Para melhorar sua flora intestinal, consuma:
- Iogurte
- Kefir
- legumes em conserva, como kimchi e chucrute
- Tempeh
- Missô
- Leite e derivados crus de animais criados a pasto
- Fibras, como as presentes nos vegetais, que servem de alimento e ajudam no crescimento dessas bactérias boas
Outra opção interessante são os suplementos probióticos. Eles são práticos e levam essas bactérias direto para seus intestinos.
Procure por suplementos que contenham o Lactobacillus acidophilus, com pelo menos 200 milhões de CFUs (unidades formadoras de colônia).
Lembre-se de conseguir um bom produto, garantindo que essas bactérias vivas cheguem ao colón ainda eficazes.
Supersaúde!
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Referências bibliográficas:
- Brian K. Trevelline, Kevin D. Kohl. The gut microbiome influences host diet selection behavior. Proceedings of the National Academy of Sciences, 2022; 119 (17) DOI: 10.1073/pnas.2117537119.
- University of Pittsburgh. “Got food cravings? What’s living in your gut may be responsible.” ScienceDaily. ScienceDaily, 20 April 2022.
- Christian Diener, Shizhen Qin, Yong Zhou, Sushmita Patwardhan, Li Tang, Jennifer C. Lovejoy, Andrew T. Magis, Nathan D. Price, Leroy Hood, Sean M. Gibbons, Henrik Munch Roager. Baseline Gut Metagenomic Functional Gene Signature Associated with Variable Weight Loss Responses following a Healthy Lifestyle Intervention in Humans. mSystems, 2021; DOI: 10.1128/mSystems.00964-21.
- American Society for Microbiology. “Gut microbiota influences the ability to lose weight.” ScienceDaily. ScienceDaily, 14 September 2021.
- Combate à Obesidade: como os Probióticos podem Ajudar – www.DrRondo.com