A chave para a solução deste problema pode estar no equilíbrio da sua dieta
Segundo estudos divulgados na recente conferência da Harvard Medical School, há fortes evidências que a inflamação precede a obesidade. De acordo com um dos palestrantes da conferência, Eric Rimm, professor de Epidemiologia e Nutrição da referida instituição, nós não temos uma epidemia de obesidade, o que nos temos é uma epidemia de inflamação.
Para entender melhor esta situação precisamos primeiro observar a produção de ácido araquidônico (AA) também conhecido como gordura tóxica e como temos promovido tamanho desequilíbrio nutricional.
O nosso corpo precisa de AA. Mas fato é que em grande quantidade ele pode causar reações adversas para a saúde com consequências até mesmo letais.
Dois fatores alimentares têm causado tamanha elevação de AA em humanos. O primeiro deles tem sido o desequilíbrio entre ácido graxo ômega 6 e ácido graxo ômega 3; o segundo trata também da falta de equilíbrio entre proteína, gorduras e carboidratos na dieta. Esses dois fatores interagem com a enzima-chave (delta-5 desaturase) que produz AA.
Como a maioria das enzimas presentes em nosso corpo, a delta-5 desaturase é controlada primariamente por hormônios, especialmente a insulina e o glucagon, assim como pelo ácido graxo ômega 3 conhecido como ácido eicosapentaenóico (EPA). Em particular, altos níveis de EPA são necessários para inibir parcialmente a atividade da enzima delta-5 desaturase.
Até 1920, o consumo de ômega 6 era relativamente raro na alimentação americana, porque a maior fonte de gordura na dieta era porco, banha, manteiga e óleo de peixe. Eles foram substituídos por óleo vegetais baratos (milho, soja, girassol) que são ricos em ômega 6. Como o nível de ômega 6 aumentou na alimentação, nosso organismo passou a produzir mais ácido araquidônico (AA). Concomitante a isso, o nível de ômega 3 proveniente de óleo de peixe diminuiu drasticamente.
Essa mudança no equilíbrio destes ácidos graxos na alimentação aumentou dramaticamente a produção de ácido araquidônico, aumentando assim, a inflamação silenciosa.
O que deixou essa situação ainda pior foi o fato de que simultaneamente houve um aumento de produção de insulina causada pelo aumento do consumo de alimentos refinados e processados, como carboidratos refinados, por exemplo, incluindo pizza, pasta, e pão.
Isso é praticamente o mesmo que jogar gasolina no fogo. Esses carboidratos refinados são virtualmente glicose pura, e quando eles entram na corrente sanguínea, a produção de insulina aumenta ativando a enzima delta-5 desaturase, que por sua vez produz mais ácido araquidônico.
Com isso, temos como consequência mais resistência à insulina e leptina. Além disso, ocorre um aumento de inflamação a nível cerebral, o que causa a sensação de fome, e então ocorre essa epidemia chamada obesidade.
Referências bibliográficas:
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