O que faz a Carne de Gado confinado Americano ser diferente da nossa?

A carne de vaca é o esteio do jantar americano tradicional, mas muitos também a consomem no almoço ou até mesmo no lanche da tarde.  As suas múltiplas formas aparecem nos churrascos de verão, ceias de feriados, jantares em dias de trabalho e praticamente em todo lugar onde houver pessoas comendo.

De fato, os americanos comem mais carne do que qualquer outra população do mundo. Dados apontam que um americano típico come mais de 27 quilos de carne por ano.

Isso me traz até o tópico da minha discussão:  grande parte desta carne (a maioria, para ser mais exato) está repleta de aditivos prejudiciais e o animal do qual essa carne vem foi criado de tal forma que ele fornece, na melhor hipótese, pouco mais para o seu corpo do que uma barriga cheia, e na pior, a degeneração da sua saúde.

Pense nisso: você realmente sabe de onde veio a costela suína ou a carne moída que está consumindo? Em que lugar esse animal viveu?  Como ele foi criado? O que ele comia? Será que ele era realmente saudável? Talvez você prefira não pensar nisso porque tem a intuição de que a resposta não é boa.

A maioria do gado comercial é alimentada com grãos

Na medida em que mais e mais americanos percebem a importância de eliminar ou reduzir os grãos em suas dietas, a carne provavelmente se tornará um substituto crescentemente popular.  Entretanto, já que quase todo o gado, antes de ser abatido, é alimentado com grãos, se você comer a carne de vaca que foi criada dessa forma, ela piorará a sua proporção ômega 6/ ômega 3.

De acordo com um estudo publicado no The European Journal of Clinical Nutrition, os animais alimentados com grãos terão mais gordura ômega 6, que pode promover doença cardíaca, e menos gordura ômega 3, que é benéfica para a saúde do seu coração.

É muito mais vantajoso comer a carne de vaca que foi alimentada a pasto, mas você também tem que tomar cuidado porque muitas marcas anunciam que os animais são criados dessa forma, quando a verdade é outra.  Eles fazem isto porque todo gado é alimentado a pasto, mas o que realmente vale é aquilo que comeram nos meses antes de serem processados.  Você vai ter que telefonar para a pessoa que efetivamente criou as vacas, e não para o gerente da loja, se quiser saber a verdade.

Uma forma barata, porém eficaz, de determinar se a carne de vaca é realmente de alimentação a pasto é comprar a carne moída.  Cozinhe a carne lentamente até que fique bem passada; drene-a e colete toda a gordura.  A carne do animal que foi alimentado com pasto contém uma quantidade alta de gorduras ômega 3 e estará relativamente rala. Também estará em estado líquido à temperatura ambiente, uma vez que contém poucas gorduras saturadas, que são na sua maioria sólidas na temperatura ambiente.

Hormônios

A maioria dos bezerros que são criados confinados vai de 40 quilos a 1.000 quilos em um período de 14 meses.  Este não é um feito natural.  Junto com enormes quantias de grãos (geralmente o milho) e suplementos de proteína, os bezerros são dados ou implantados com várias drogas e hormônios que, como afirma a indústria de carne, “promovem o crescimento eficiente”.

Qualquer combinação dos hormônios naturais estradiol, progesterona e testosterona e os hormônios sintéticos zeranol e acetato de trembolona pode ser dada ao gado.  Outro hormônio, o acetato de melengesterol, também pode ser acrescentado ao alimento para “melhorar o ganho de peso e a eficiência da alimentação”.

Quantidades mensuráveis de hormônios encontradas na carne de vaca criada confinada são transferidas para os seres humanos. Alguns cientistas acreditam que o consumo de estrógeno de carne alimentada com hormônios pode resultar em câncer, puberdade precoce e contagens baixas de esperma.

Antibióticos

Aproximadamente quatro milhões de quilogramas de aditivos alimentícios de antibióticos são usados anualmente no processo de criação de gado.  Muitas pessoas não sabem que o maior uso de antibióticos nos Estados Unidos está no alimento para animais para que eles ganhem mais peso, mas também para prevenir contra surtos de doença que podem se espalhar facilmente, já que os animais são criados próximos uns dos outros.

Esse uso rotineiro de antibióticos está contribuindo para o problema em expansão de resistência aos antibióticos em humanos.  Os animais criados em ambientes naturais e não os de “fazendas-fábricas” raramente requerem antibióticos.

Irradiação

A carne de vaca pode estar irradiada, o que significa que tenha sido tratada com raios gama produzidos pelo material radioativo cobalto 60, ou por eletricidade, para matar as bactérias.  Os efeitos do consumo em longo prazo de produtos alimentícios irradiados ainda não foram investigados.

Cola de carne: você pode não se dar conta, mas está consumindo partes minúsculas de carne, que seriam difíceis de serem vendidas separadamente e pertencem a dezenas, ou centenas, de animais, mas que passam despercebidas até pelo açougueiro mais experiente.

Essa cola a que me refiro é a enzima chamada transglutaminase, e muitas destas colas são produzidas pelo cultivo de bactérias, enquanto outras são feitas de plasma sanguínea de porcos e vacas.

Quando pulverizadas em uma proteína a como do bife, por exemplo, forma uma ligação com polímeros insolúveis que agem essencialmente ligando as partes de forma a ficar invisíveis as diferenciações das partes. Em seguida, essa carne colada é envolta em um filme de plástico, seguido de refrigeração.

Assim, mesmo um açougueiro experiente vai ter dificuldades de diferenciar as partes de um prime bife.

A indústria alega que o uso da transglutaminase é para melhorar a textura geral da proteína.

Ractopamina: a carne americana contém um betagonista que aumenta a síntese proteica, tornando o animal mais musculoso.

É sabido que a ractopamina afeta o sistema cardiovascular dos humanos, pode causar hiperatividade, degradação muscular e intoxicação alimentar, além de aumentar a morte nos rebanhos. Mais de 20% desta substância permanece na carne que é comprada no supermercado e apesar dos riscos, 45% dos porcos criados na América contém essa substância e no gado pelo menos 30% deles.

Recentemente a Rússia baniu a carne americana ao descobrir que ela continha essa substância.

Estresse animal: o animal de confinamento convive em pequeno espaço movimentando-se pouco, convivendo com dejetos (fezes e urina) produzidos por eles mesmos, o que causa uma liberação de amônia e outros gases altamente tóxicos que são respirados e absorvidos, causando lesões pulmonares, cardíacas, neurológicas e cerebrais nesses animais.

Por isso, todo cuidado é pouco na hora de comprar e, principalmente, consumir a carne. É preciso estar atento a diversos fatores e se resguardar de estar ingerindo somente o que traz benefícios para a sua saúde e de sua família.

 

Referência Bibliográfica:

– Sinal Verde para a Carne Vermelha. Editora Gaia, 2012

– WCRF/AICR Expert Report — Food, Nutrition, Physical Activity and the Prevention of Cancer: a Global Perspective

– World Cancer Research Fund International Expert Report Recommendations

– Science May 5, 2011

– European Centre for Disease Prevention and Control

– Medical News Today November 19, 2012

– Antibiotic Information Leaflet

– The Journal of Pediatrics, Published Online November 8, 2012 

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