Quase todos os dias, escuto dos meus novos pacientes que tomam uma aspirina infantil diariamente. No conceito geral, a aspirina é tudo de bom para reduzir o risco de ter um ataque cardíaco, certo?
Mas não é bem assim…
Eu também já pensei desta forma, mas as evidências científicas não mostram isso, e muitos se negam a aceitar a sua conexão com problemas sérios de saúde.
Recentemente, três estudos recém-publicados nos mostram outra realidade. Veja só o que eles descobriram:
1 – No New England Journal of Medicine, mais uma vez ficou claro que esse conselho de aspirina diária não oferece benefícios para a maioria dos adultos saudáveis, aliás, pode realmente causar mais mal do que bem…
Essa pesquisa realizada na Austrália e nos EUA acompanhou mais de 19.000 pessoas com 65 anos ou mais. Metade do grupo recebeu uma dose baixa de aspirina. Os outros receberam um placebo.
Na avaliação, quase cinco anos após, não houve diferença na probabilidade de um dos dois grupos ter um ataque cardíaco. No entanto, aqueles que tomavam aspirina diariamente tinham maior probabilidade de desenvolver sangramento com risco de vida.
2 – O segundo estudo foi ainda mais longe e mostrou que o risco de hemorragia grave foi significativamente maior com aspirina do que com um placebo – especialmente no cérebro e no trato gastrointestinal. De fato, a maioria dos tomadores de aspirina acabou precisando de uma transfusão de sangue.
3 – Os resultados do terceiro estudo mostraram que aqueles que tomavam aspirina diariamente apresentavam um risco maior de mortalidade por todas as causas, incluindo o câncer.
Aspirina e bactérias do intestino aumentam o risco de sangramento gastrintestinal
Já em um estudo recente publicado no Journal of Australia descobriu-se que indivíduos com uma infecção por Helicobacter pylori (H. pylori) que tomam aspirina em baixas doses têm um risco ainda maior de sangramento gastrointestinal, superior do que aqueles que tomam aspirina sem a infecção.
Em uma meta-análise de quatro estudos de alta qualidade, os pesquisadores descobriram que a hemorragia digestiva alta era mais frequente naqueles que usavam aspirina e que estavam infectados com o H. pylori do que naqueles que não eram infectados. O resultado mostra que o risco quase dobrou. Os autores hipotetizaram que a relação pode ser antagônica, sugerindo:
“Do ponto de vista fisiopatológico, a interação poderia ser antagônica e não aditiva ou sinérgica; por exemplo, a infecção por H. pylori estimula a produção de prostaglandinas da mucosa gástrica, o que pode contrariar a depleção resultante da inibição da ciclooxigenase-1 da mucosa pela aspirina. ”
No entanto, como é caro e demorado para testar e tratar infecções por H. pylori, os pesquisadores acreditavam que não é prático tratar todos os pacientes em baixa dose de aspirina para H. pylori.
E os efeitos colaterais negativos continuam. Pesquisas anteriores associaram o uso excessivo de aspirina a insuficiência renal e hepática, sangramento abdominal, zumbido, catarata e derrame. Para mim, é óbvio.
Enquanto a aspirina é boa para uma dor de cabeça ocasional, o uso diário não é recomendado.
Opções naturais que funcionam tão bem quanto a aspirina
1) Nattokinase
Reduz a formação de coágulos sem efeitos colaterais Essa enzima é produzida pela bactéria Bacillus subtilis durante a fermentação da soja para produzir natto. Tem ação anticoagulante natural. Os estudos clínicos mostram que a nattokinase dissolve o excesso de fibrina nos vasos sanguíneos, melhorando a circulação e reduzindo o risco de coagulação grave. Também reduz a viscosidade sanguínea e melhora o seu fluxo, consequentemente diminuindo a pressão arterial. Também tem se mostrado eficaz na redução da trombose venosa profunda em indivíduos que estão em voos de longa distância ou em viagens de veículos. A literatura recomenda nattokinase na dosagem de 100 mg 2 vezes ao dia.
2) Gengibre
Funciona também como um anticoagulante. Contém 12 compostos flavanoides, antioxidantes mais poderosos que a vitamina E, e altamente benéficos para o coração.
Numa análise com 1.658 pessoas que ingeriram esses flavonóides por dieta, observou-se que aqueles que recebiam a menor quantidade de flavonóides tinham o maior risco de doença cardíaca.
Além disso, o gengibre também é bom para o coração, pois reduz a oxidação e consequentemente a inflamação no endotélio vascular.
Em um estudo, os pesquisadores dividiram 40 participantes em dois grupos. Metade estava saudável e a outra metade tinha história de doença arterial coronariana.
Um grupo tomou 5 gramas de pó de gengibre por dia e o outro recebeu um placebo. Após quatro semanas, a oxidação diminuiu 18% no grupo saudável e 23% naqueles com história de doença cardíaca.
Você protege seu coração com uma deliciosa xícara de chá de gengibre.
Se você quiser complementar, associe um suplemento em cápsulas que contenha 5% de gingerols. A literatura recomenda uma dose de 100 mg por dia.
Fica a dica de uma receita desse chá:
Instruções:
- Ferva 4 xícaras de água em uma panela.
- Descasque um pedaço de raiz de gengibre fresco e corte em fatias finas.
- Adicione o gengibre à água fervente.
- Cubra-o, reduza o fogo e deixe ferver por 15-20 minutos.
- Coe o chá. Adicione mel e limão a gosto… e aproveite!
–
Referências bibliográficas:
- South Asian J Prev Cardiol. 2004;8(4)
- J Transl Med.2015;13:218
- Thrombosis Journal, 2015; 13:38
- New Eng J Med. 2018 Sep 16
- Contemp Clin Trials Commun. 2017;6:105-114
- CNN, September 17, 2018
- New England Journal of Medicine, September 16, 2018
- The Medical Journal of Australia, September 24, 2018
- Allergology International, 2017;66(4)
- Angiology, 2003; 54(5)
- Science Reports, 2015;5:11601
- Annals of Internal Medicine, 2015;162(2):123
- www.drrondo.com/nattokinase-aliado-saude-arterias/