A surpreendente causa do melanoma

Um dado alarmante revelou que, pelo menos nas três últimas décadas, a taxa de melanoma – o mais agressivo tipo de câncer de pele – tem aumentado bastante. E, diz-se, que a causa é a exposição à luz ultravioleta (UV) proveniente do sol.

Entretanto, as pesquisas publicadas no British Journal of Dermatology mostram que o sol não é nada mais do que um bode expiatório no desenvolvimento do melanoma e que o aumento significativo pode na verdade ser um artefato causado por diagnóstico de impulso.

De acordo com o estudo, esse aumento alimentado por lesões não cancerosas, classificadas como melanoma estágio 1, tem causado grande confusão.

A conclusão a que se chega é que o melanoma aumenta na verdade por doenças benignas, e não pela luz solar.

Durante o período de 1999 e 2004, houve um aumento de 9,39 para 13,91 casos de melanoma por 100 mil habitantes/ano, porém a incidência de evolução com mortalidade geral aumentou de 2.16 para 5.54 casos por 100.000 habitantes/ano.

Com isso, se conclui que esse aumento se deve a erro diagnosticado na classificação das lesões benignas como estágio 1 de melanoma, ou seja, as pessoas estavam sendo diagnosticadas com melanoma mesmo quando só tinham lesões não cancerosas mínimas.

Além disso, aumentam as evidências que a exposição ao sol não é a causa primária de melanoma, pois os pesquisadores observaram que a distribuição de lesões relatadas não correspondiam aos locais de lesões causadas pela exposição ao sol.

A falta de sol será o causador de melanoma?

Apesar das notícias da imprensa ligarem a exposição ao sol com o câncer de pele, não há evidências que sustentem essa informação. Há na verdade muita evidência mostrando o contrário. Diversos estudos nos últimos anos têm confirmado que a exposição ao sol apropriada pode ajudar na prevenção do câncer de pele, pois a ocorrência de melanoma tem diminuído com maior exposição ao sol, e pode ser aumentado pelos protetores solares.

Um dos fatos mais importantes que você deve saber é que o aumento desta doença tem ocorrido mais entre trabalhadores internos. Esses trabalhadores tomam de 3 a 9 vezes menos luz solar UV que trabalhadores externos, e a surpresa é que nos que trabalham em ambientes fechados houve aumento da taxa de melanoma, o que vem ocorrendo desde 1940.

Existem dois tipos de raios UV provenientes da luz solar: os raios UVB produtores de vitamina D e os raios UVA promotores de lesões de pele. Ambos podem causar bronzeado e queimadura, apesar do UVB fazê-lo mais rapidamente. O UVA, entretanto, penetra na sua pele mais profundamente do que UVB, e pode ser um fator muito mais importante no fotoenvelhecimento, rugas e câncer de pele.

Um estudo no Medical Hypotheses sugere que trabalhadores internos podem ter um aumento das taxas de melanoma porque estão expostos à luz através das janelas, e somente luz UVA pode passar pelo vidro das janelas. Ao mesmo tempo, esses trabalhadores estão esquecendo dos benefícios da exposição benéfica dos raios UVB, e têm menor nível de vitamina D.

Os pesquisadores levantaram essa hipótese da exposição a raios UVA, que passam nas janelas, como sendo os causadores das mutações e degradações da vitamina D3 formada da exposição externa; outro fator seria o baixo nível de vitamina D3 cutânea.

Sabe-se que a intensa exposição a raios UV e queimaduras iniciam o melanoma cutâneo maligno, e agora a proposta é que o aumento de exposição de UVA com o inadequado nível de vitamina D3 promovem o mesmo problema.

Com isso, conclui-se que paradoxalmente, trabalhadores externos têm diminuição de risco de melanoma se comparados com trabalhadores internos sugerindo que exposição crônica à luz solar tem efeito protetor, segundo a Revista Lancet.

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Referências bibliográficas:

– British Journal of Dermatology September 2009; 161(3): 630-634

– Eurekalert July 22, 2008

– The Lancet, Volume 363, Issue 9410, Pages 728 – 730, 28 February 2004

– Am J Clin Nutr. 2007 Jun;85(6):1586-91.

– Am. J. Epidemiol. (2007) 166 (12): 1409-1419.

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