Você já parou para se perguntar de onde vem nossos hábitos alimentares? Muitos acreditam que eles estão ligados ao nosso paladar. Afinal, esse é o primeiro contato com qualquer alimento. Um gosto agradável ou não é fator decisivo na hora de comer algo…
Por outro lado, o seu cérebro é igualmente importante. É ele quem recebe e processa todas essas informações. Devemos nos lembrar também que o órgão é responsável pelas nossas decisões. Ou seja, mesmo que o gosto não seja tão agradável, por sabermos que determinado alimento faz bem, podemos insistir em consumi-lo.
O interessante é que isso pode transformar o nosso hábito, e passamos a ver essa comida com outros olhos. Ela torna-se, então agradável ao nosso paladar. Sim, o corpo humano é realmente fantástico e muito curioso… Mas será que tem mais alguma parte envolvida na nossa relação com o que comemos? Segundo alguns pesquisadores, parece que sim!
O elo digestivo-cerebral
Pesquisadores portugueses têm analisado qual a relação direta da digestão com nosso gosto por determinados alimentos – e, consequentemente, nossos hábitos alimentares. Segundo os estudos, além do nosso paladar, nosso organismo também “aprende” sobre a comida quando começa a digestão.
Em pesquisas em ratos, eles descobriram que mesmo quando os animais não podiam sentir o gosto do que comiam, escolhiam aqueles que eram mais nutritivos para o organismo. Segundo Albino Oliveira-Maia, Diretor da Unidade de Neuropsiquiatria do Centro Champalimaud, em Lisboa, Portugal:
“Uma vez dentro do organismo, a comida é dividida em nutrientes e começa a pós-ingestão. Nesta fase, é a vez do sistema digestivo ‘provar’ a comida e conversar com o cérebro sobre a sua escolha de refeição”.
O que o estudo mostra é que o nervo vago, que liga a região intestinal ao cérebro, é responsável por isso. Na verdade, essas informações vêm do fígado, que recebe da digestão tanto os nutrientes quanto as toxinas dos alimentos.
Assim, ele age como um “sensor”, mandando o recado sobre o que é de fato bom ou ruim para você, desencadeando reações no cérebro. É isso que move nosso aprendizado alimentar. Mais uma prova que, ao pensarmos em hábitos alimentares, devemos enxergar o indivíduo como um todo.
Esse é o caminho da nova medicina: compreender da melhor forma possível a complexidade de cada um. Afinal, somos únicos. Portanto, lembre-se que há muitos fatores envolvidos na mudança dos hábitos alimentares. Cabe a você, que quer mudar, ter força de vontade para alcançar os resultados que deseja. Supersaúde!
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Referências bibliográficas:
- Ana B. Fernandes, Joaquim Alves da Silva, Joana Almeida, Guohong Cui, Charles R. Gerfen, Rui M. Costa, Albino J. Oliveira-Maia, Postingestive Modulation of Food Seeking Depends on Vagus-Mediated Dopamine Neuron Activity, Neuron, 2020, ISSN 0896-6273, DOI: 10.1016/j.neuron.2020.03.009.
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