Recentemente a ANVISA aprovou resolução para banir uso de gorduras trans nos alimentos até 2023. Essas gorduras têm sido implicadas em sérios problemas de saúde, em especial promovendo doença cardíaca, por interferir no funcionamento básico da membrana celular.
Está presente principalmente em alimentos industrializados, como biscoitos, massas instantâneas, margarinas, pratos congelados, sorvetes e chocolates, além de pipocas de micro-ondas.
O consumo destas gorduras trans aumentou em 21% o risco de doenças cardíacas e quase 30% do risco de morte. Esse risco já havia sido alertado pela Dra. Mary Enig, PhD, a partir do final dos anos 70, mas sem êxito, pois não deram seu devido valor.
O primeiro estudo apontando os riscos das gorduras trans surgiu em 1957, quando o Dr. Fred Kummerow publicou um artigo mostrando que era a gordura trans e não a gordura saturada animal que obstruía as artérias e promovia as doenças cardíacas.
As gorduras trans comprometem a síntese da prostaciclina, com isso o sangue nas artérias deixa de ser fluido, aumentando o risco de coágulos sanguíneos, que podem levar à morte súbita.
Porém, só no início dos anos 2000 se passou a dar importância às gorduras trans, pois aumentavam levemente o colesterol LDL.
Em 2013, a Food and Drug Administration (FDA) foi processada pelo Dr. Kummerow por não ter tomado as medidas necessárias sobre gorduras trans quando já estava ciente do volume das evidências científicas contra ela.
Só a partir de 2015 é que os óleos parcialmente hidrogenados (uma fonte primária de gordura trans) saíram da lista de ingredientes “geralmente reconhecidos como seguros”.
E, em 2019, os fabricantes de alimentos são proibidos de usarem óleos parcialmente hidrogenados em alimentos, pelos seus riscos à saúde.
No Brasil, em dezembro de 2019 a ANVISA aprovou a resolução para banir as gorduras trans, em duas fases: inicialmente limitando em 2% do total de gorduras (2021), e na segunda fase a proibição do uso do ingrediente (2023).
Substituindo a gordura trans: quais óleos usar com segurança
A melhor escolha são as gorduras animais, pois são uma parte saudável e importante da dieta humana. Nenhuma substituição criada pelo homem a nível industrial pode ser melhor do que sempre se usou com segurança na história.
Quando me refiro as gorduras saturadas saudáveis sempre usadas no passado, trata-se da banha de porco, manteiga ou óleo de coco, por exemplo.
O ideal é deixar de usar os óleos vegetais. Com isso se reduz a inflamação, danos celulares e mitocondriais.
Mas o que está ocorrendo é uma substituiçãodos óleos vegetais hidrogenados ou parcialmente hidrogenados, (geradores de gorduras trans)por outros óleos vegetais que também são inadequados.
Óleos saudáveis para cozinhar
• Banha de porco de animal a pasto. Em uma análise publicada no Plos One que elencou os 100 alimentos mais saudáveis, a banha de porco foi considerada o 8º melhor alimento. É rica em vitamina D, ômega-3, gorduras monoinsaturadas (as mesmas gorduras encontradas em abacates e azeite de oliva), gorduras saturadas e colina. Fique atento, pois muitos mercados oferecem banha de porco hidrogenada, o que não é saudável.
• O óleo de coco. É um excelente óleo para cozinhar. Possui ácidos graxos de cadeia média e está repleto de benefícios à saúde. Fique atento, pois muitos produtos não são de boa qualidade.
• Azeite de Oliva. A recomendação padrão é para se evitar o uso do azeite para cozinhar, devendo ser usado só a frio. Porém, recentemente um estudo comparou os 10 óleos mais comuns para cozinhar, e o azeite de oliva extravirgem se mostrou o melhor deles, tanto pela estabilidade oxidativa quanto pela falta de produção de compostos nocivos quando aquecido.
Mas lembre-se que neste caso, muitos deles são falsificados, adulterados com óleos vegetais baratos ou azeites sem qualidade, lesivos à saúde. (Clique aqui e veja algumas dicas para escolher o azeite ideal.)
• Manteiga de leite cru de vacas criadas a pasto. É extremamente saudável e completa. Rica em vitaminas A, D, E e K2, lecitina, iodo, selênio e ácido linoleico conjugado (CLA).
• Manteiga ghee de leite cru de vacas criadas a pasto. Difere da manteiga, pois são removidos os sólidos do leite. Sem carboidratos, fica só a gordura. A nossa manteiga ghee, com a mesma qualidade, é a conhecida manteiga de garrafa.
Óleos vegetais: os substitutos nocivos
Apesar de parecerem saudáveis, esses produtos são instáveis. Quando aquecidos, especialmente a altas temperaturas, geram vários subprodutos de oxidação, mais lesivos que a gordura trans. Há também contaminação por glifosato, que potencializa esse processo oxidativo.
As autoridades já estão fazendo sua parte, banindo as gorduras trans. Cabe agora a você tomar as rédeas da sua alimentação e trocar os óleos nocivos por aqueles que podem lhe ajudar a ter uma Supersaúde!
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Referências bibliográficas:
- Scand Cardiovasc J. December 2013;47(6):377-82
- PLOS ONE. March 13, 2015 DOI: 10.1371
- BBC News. January 26, 2018
- Weston A Price. November 25, 2011
- The Week. July 22, 2014
- Self Nutrition Data, Lard
- FDA.gov, Final Determination Regarding Partially Hydrogenated Oils
- Livro Óleo de Coco: A gordura que pode salvar sua vida. Editora Gaia. 2015
- Livro Óleo de coco: A gordura saudável. 2011
- www.drrondo.com/manteiga-e-sua-saude/
- www.drrondo.com/oleo-de-coco-verdade-que-nao-querem-te-contar/
- www.drrondo.com/oleo-de-coco/
- www.drrondo.com/como-escolher-oleo-de-coco/
- www.drrondo.com/como-escolher-azeite/
- www.drrondo.com/azeite-de-oliva-adulterado/
- www.drrondo.com/manteiga-ghee/
- www.drrondo.com/manteiga-de-garrafa-ghee-nacional/
- www.drrondo.com/perigos-oleos-vegetais/