Em épocas de comemorações e festas, tem se tornado um componente frequente nas decorações o uso de glitter. Ele é usado para realçar o brilho dos eventos, tornando-se algo extremamente popular e virando um grande negócio.
Glitter são partículas microscópicas de plástico, medindo 5 mm ou menos, usadas em maquiagens, trabalhos manuais e celebrações, que podem levar semanas para serem removidos completamente da sua casa.
Ele adere-se facilmente à pele, cabelo, roupas, unhas, além de carpete, tapete, em sulcos do assoalho, enfim em toda a sua casa. Ou seja, uma vez usado, o brilho torna-se completamente irritante pela dificuldade de ser eliminado.
Apesar de não ser perigoso à primeira vista, mas em quantidades mínimas esses pequenos pedaços de brilho podem facilmente entrar em seus olhos, irritando e até ulcerando a sua córnea, aumentando seu risco de infecção ocular ou perda permanente de visão, segundo os oftalmologistas.
Poluição microplástica
Mas os problemas não param por aí. O glitter compromete os tratamentos de água, os rios e a própria vida selvagem.
Essa poluição microplástica já alcançou as águas previamente cristalinas e puras do Oceano Ártico, onde o dano à vida marinha e às águas oceânicas continua a se espalhar.
Pedaços de partículas microplásticas são consumidos pela vida marinha e ficam no estômago dos pássaros, fazendo com que as aves morram de fome. Enquanto a grande maioria dessas partículas se origina da degradação de peças maiores de plástico, o glitter entra no ambiente já pequeno o suficiente para animais marinhos menores o ingerirem.
Somado a isso, ainda temos as garrafas, sacos e palitos plásticos que são descartados e distribuídos nas águas oceânicas em peças microplásticas, que estão gerando uma verdadeira “poluição plástica” nos oceanos.
Esses produtos estão no mar ou podem ter parado nos estômagos de animais. É um tipo de acidente que os biólogos têm visto com frequência. Como exemplo, golfinhos que aparecem mortos boiando na praia, com chinelo de borracha preso na boca…
Outro exemplo é peixe espada que ficou com a boca enroscada no carretel de uma linha de pesca, acabando por morrer de fome. Ele atualmente está exposto no aquário de Ubatuba, do Instituto Argonauta e do Projeto Tamar.
Segundo a bióloga do Instituto, Carla Beatriz Barbosa, ela já encontrou tartarugas com mais de 25 bexigas no estomago, e até um pinguim enrolado em um ramalhete de flor.
A ONU estima que 8 milhões de toneladas de lixo entram por ano nos oceanos, sendo que cerca de 80% desse lixo é plástico. Até 2050 estima-se que possa haver mais plásticos do que peixe no mar.
Isso traz prejuízos para a Biodiversidade e para a saúde humana. Os cientistas ambientais atualmente pedem a proibição do glitter, e governos, empresas e sociedade civil se posicionaram na ONU fazendo uma série de compromissos de eliminar os microplásticos dos oceanos e adotar ações para prevenir e reduzir a poluição marinha até 2025.
A Revista Science em 2015 publicou um trabalho realizado por pesquisadores australianos e americanos, colocando o Brasil como 16º pais com maior quantidade de plástico desaguado nos oceanos devido ao lixo gerado em terra, estando à frente dos Estados Unidos (20º). Em primeiro lugar neste ranking está a China.
Então, nas festas, quando for utilizar o glitter, lembre-se disso. Preservar o ambiente em que vivemos é uma responsabilidade de cada um, mesmo nos pequenos atos!
Referências bibliográficas:
- National Geographic, November 30, 2017
- CNN, November 29, 2017
- Town & Country Eye Care, December 17, 2012
- All About Vision, Corneal Abrasion
- Medscape, December 15, 2016
- O Estado de São Paulo. A12; 23/12/2017.