Quando se pensa em prevenção ou tratamento do diabetes tipo 2, o que vem em mente é equilibrar a glicemia. Porém, cuidar das suas mitocôndrias é tão importante quanto.
É extremamente necessário que se comece a ver as mitocôndrias como algo fundamental para que você se mantenha saudável e ativo, pois essas “usinas” são os geradores de energia em todas as células do seu corpo.
Essa energia produzida é conhecida como trifosfato de adenosina, ou ATP.
No caso da disfunção mitocondrial, ocorre queda importante de produção de ATP, e consequentemente seus órgãos e tecidos passam a funcionar mal, desencadeando doenças crônicas, como o diabetes.
Essa condição contribui diretamente para o desenvolvimento da resistência à insulina e diabetes tipo 2, pois o ATP é o fator-chave que liga a glicemia com a secreção de insulina, de acordo com publicação na revista Redox Biology.
Com isso, haverá uma tendência de acúmulo de gordura dentro da célula e resistência à insulina, ou seja, é o começo do diabetes tipo 2.
Nesta condição, sua glicemia se torna descontrolada e não há transformação correta de alimentos em energia.
Como reativar suas mitocôndrias e cuidar da glicemia para evitar o diabetes
Indiscutivelmente o mais importante está na sua alimentação.
Deve-se fazer uma dieta rica em gorduras, proteína em moderação, vegetais folhosos em abundância e carboidrato virtualmente zero.
Nestes casos, adote uma dieta keto ou o jejum intermitente cíclico. A dieta primal ou keto é altamente protetora para a mitocôndria. Usando essa estratégia, que é o combustível certo, você minimiza o estresse oxidativo na mitocôndria, o que é fundamental.
O jejum intermitente cíclico, a forma mais prática de se fazer restrição calórica, é conhecido por alterar a expressão de centenas a milhares de genes, alguns dos quais estão relacionados à longevidade enquanto outros desempenham um papel no metabolismo, proteção mitocondrial, crescimento celular, reprodução, resposta imune e muito mais.
Estímulo mitocondrial:
– N-acetil L-cisteína (NAC). É um aminoácido precursor da glutationa, a principal defesa antioxidante para as mitocôndrias. Repara os danos oxidativos, protegendo assim as suas mitocôndrias.
Segundo estudos, o NAC pode estabilizar o açúcar no sangue melhorando a resistência à insulina. A dosagem recomendada pela literatura é no mínimo 500 mg por dia.
– Glutationa. O mais potente antioxidante endógeno, com capacidade para reciclar e potencializar a ação de outros varredores de radicais livres como vitamina C, a vitamina E, a coenzima Q10 e o ácido alfa-lipóico. Diabéticos descompensados apresentam deficiência de glutationa e sua normalização ajuda a controlar essa condição.
Mesmo em condição de hiperglicemia aonde ocorre glicação dos açucares ela intervém de modo positivo. A maioria das publicações recomenda a dosagem de 50 mg por dia.
– Rhodiola rosea. Fitoterápico com ação ergogênica e potencial de aumentar a produção de energia mitocondrial. De acordo com a literatura, se aconselha 250 mg 2 vezes ao dia.
– Astaxantina. Protege contra danos oxidativos no DNA, melhorando a geração de energia permitindo que as células exerçam suas funções normais, e no caso manterem a queima de gordura e preservar a sensibilidade à insulina.Os estudos apresentam bons resultados com dosagens de 4 mg / dia.
– L-Carnitina. Aminoácido que induz a entrada de gordura na mitocôndria para geração de energia e queima. Incrementa a função mitocondrial.
Dosagem sugerida pelas pesquisas é de 500 mg por dia.
– Thiamina (B1). Faz parte do complexo B. Essencial para produção de energia. No caso dos diabéticos, segundo os estudos, melhora a circulação e a função endotelial. Além disso, previne a formação de subprodutos da glicação dos açúcares nos diabéticos. A literatura recomenda 1 a 2 mg por dia
– Riboflavina (B2). É uma das vitaminas encontradas no complexo B. Auxilia o corpo na ação antioxidante, sendo fundamental no auxílio à glutationa na peroxidação lipídica e síndrome de reperfusão. A maioria dos estudos sugere 25 mg por dia.
– Piridoxina (B6). Mais uma vitamina do complexo B. Ajuda a regular a glicemia a liberação de insulina, segundo publicação no Journal of Diabetes Research em 2015. Além disso, previne a disfunção endotelial e resistência à insulina. A dosagem sugerida pelos estudos é de 12 mg por dia.
– Ômega 3. Ácido graxo essencial, com ação anti-inflamatória. Inibe a geração de oxidação mitocondrial e celular, especialmente em células pancreáticas. A nível circulatório, melhora a viscosidade sanguínea e evita glicação dos açúcares. Os estudos sugerem de 2 a 3 g por dia
– Ácido Alfa Lipóico. É um varredor de radicais livres, com ação tanto no meio lipossolúvel como hidrossolúvel, regenerando outros antioxidantes como as vitaminas C, E, coenzima Q10, NAD (nicotinamida adenina dinucleotídeo) e glutationa. Além disso, melhora a sensibilidade à insulina.
Portanto, na próxima vez em que for checar sua glicemia, lembre desses fatores. Cuidar das suas mitocôndrias é fundamental!
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Referências bibliográficas:
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- PubMed.gov, Riboflavin (Vitamin B2) and Oxidative Stress: A Review
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- Journal of Diabetes Research December 31, 2015
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- Huffington Post June 10, 2016
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