Fraude e Salmonela: A Verdade Incompreensível sobre a Contaminação de Alimentos

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A fraude alimentar está em ascensão. Isso tem ocorrido durante séculos, com diversos casos notórios bem documentados, e agora estamos frente a uma nova situação destas. Dessa vez, é a galinha quem está pagando o pato.

Segundo denúncias, há uma possível fraude em análises laboratoriais. A corrupção entre frigoríficos e fiscais sanitários teria o objetivo de burlar fiscalização para exportação de produtos contendo bactérias – no caso, a Salmonela – para países aonde a tolerância para isso é menor.

Trata-se de um caso delicado, especialmente para a carne de aves, gerando insegurança tanto para nós consumidores como para os importadores.

Será essa apenas a ponta do iceberg?

Em termos de saúde, de bem-estar dos animais e da sustentabilidade ambiental, o ideal é que se consuma dentro do possível apenas carne de animais criados alimentando-se com pastagem ou pastoreados.

Aqui me refiro não só especialmente às carnes de aves, mas também à carne vermelha, além de seus produtos animais relacionados, tais como ovos e produtos lácteos.

Usando estatísticas americanas, cerca de um a cada seis americanos ficam doentes ao consumir alimentos contaminados.

Suas queixas variam desde diarreia e vômitos, que desaparecem por conta própria em menos de 24 horas, até casos que podem levar à falência de órgãos, paralisia, comprometimento neurológico, cegueira, natimortos e até mesmo a morte.

O problema é que lá, nos EUA, 94% dos animais são criados confinados, praticamente o oposto da nossa produção.

Só isso já nos deixa com produto bem melhor e mais seguro.

Nessas condições de confinamento é que os patógenos transmitidos aumentam, e quanto maior a fazenda, maiores são as chances de contaminação.

Segundo um estudo comparativo, galinhas confinadas tiveram 23% do rebanho positivas para Salmonela, enquanto pouco mais de 4% dos rebanhos que pastoreavam soltos testaram positivo. E quanto maior a operação, maior era a contaminação.

O que potencializa isso?

Normalmente, a alimentação de aves confinadas, com rações transgênicas à base de soja e milho, estão fortemente expostas ao glifosato.

Com isso, os resíduos de glifosato promoverão uma disbiose intestinal (alteração de ecologia intestinal da ave), pois matarão de preferência espécies benéficas de microorganismos, como Enterococcus, Bifidobacterium e Lactobacillus, deixando que espécies patogênicas, como Salmonela e Clostridium floresçam, o que pode causar danos.

E para acentuar mais esse problema, as galinhas criadas em confinamento são rotineiramente alimentadas com antibióticos, arsênico e até mesmo antidepressivos, trazendo mais desvantagens para a saúde.

Estes são outros fatores que também causam alteração da disbiose intestinal, aumentando ainda mais o risco de se contrair uma doença resistente a antibióticos, que cada vez está mais presente.

Para se ter uma ideia, cerca de 80% de todos os antibióticos utilizados nos EUA tem como objetivo a agricultura e confinamentos. A rotina do uso contínuo de antibióticos de baixa dose permitem que as bactérias sobrevivam e se tornem cada vez mais resistentes aos medicamentos.

Segundo o Grupo de Trabalho Ambiental (EWG), em 2013 observou-se bactérias resistentes aos antibióticos em 39% das partes de frango cru.

Segundo o relatório do Center for Disease Control and Prevention (CDC) que detalha as fontes mais comuns de doenças transmitidas por alimentos entre 1998 e 2008, a grande maioria (19%) das mortes por intoxicação alimentar foi ligada a aves contaminadas.

E como consequência, deve-se fazer bastante atenção as fontes que podem gerar a doença. São elas:

  • Aves, em especial de animais confinados
  • Ovos, em especial de animais confinados
  • Produtos contaminados (particularmente tomates, brotos e melão)

Existe um nível seguro de Salmonela em frango?

Alguns dizem que não, outros são mais tolerantes a essas cepas de Salmonela patogênicas.

Não fique esperando poder contar com as regulamentações governamentais para mantê-lo seguro, pois você pode ter surpresas.

E isso não só no Brasil, praticamente em todo o mundo. Só para exemplificar, segundo os testes do Consumer Reports, 83% dos frangos vendidos em supermercados americanos apresentam contaminações com Campylobacter ou Salmonela.

Todas as aves podem conter Salmonella, e não existe um nível definido para as peças de frango. Como a Salmonella é tão prevalecente, você deve procurar fazer a manipulação mais segura e o cozimento adequado.

É a Avicultura manchada com bactérias, como Campylobacter e Salmonella. Fique atento!

Referências bibliográficas:

  • CDC, Attribution of Foodborne Illness, 1998-2008
  • Newswise August 9, 2011
  • Curr Microbiol December 9, 2012
  • BBC News January 17, 2013
  • Time January 28, 2013
  • Time Magazine January 30, 2013
  • BBC News June 15, 2014
  • CDC.gov Foodborne Disease Statistics
  • O Estado de São Paulo. 6 de Março de 2018. B10 e B11
  • Folha de São Paulo. 6 de Março de 2018. A13 e A16
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