Ferro heme e carne vermelha induz diabetes?

Se tem algo que temos certeza de acontecer é que a cada ano é certo que apareça um estudo dizendo que a carne vermelha é ruim para nós.

Agora é mais um, aonde pesquisadores conhecidos de plantão adeptos de vegetarianismo, como no caso: Walter Willet, Frank Hu e colegas, sugerindo uma ligação entre o consumo de ferro heme (encontrado na carne vermelha) e aumento de risco de Diabetes.

Entretanto o estudo NÃO prova que consumir mais ferro heme aumente o risco de diabetes.

Assim como a maioria dos estudos epidemiológicos de nutrição, este é mais um deles, cheio de problemas, pois inclui um viés de saúde, confundindo correlação com causalidade, ignorando a importância dos padrões alimentares.

Debate do Ferro Heme

A carne vermelha é uma fonte de alta qualidade de proteína e nutrientes.

Já tentaram alegar que ela contribui para câncer, doença cardíaca e por aí a fora.

Porém, agora se apoiam que a abundância de ferro heme, como último mecanismo para explicar o suposto risco do seu consumo.

Independente se você é carnívoro, ou estritamente vegetariano, e se é algo entre esses extremos, é importante entender sobre o ferro heme para ajudá-lo a se manter informado para suas decisões.

Ferro heme é a forma de ferro que se liga a hemoglobina ou mioglobina.

É encontrada primariamente em alimentos de origem animal, carne vermelha, aves e peixes.

Em contraste, ferro não heme é forma encontrada em vegetais como os folhosos verde escuro, legumes e cereais fortificados.

Nosso corpo absorve cerca de 15 a 35% de ferro heme, comparado com 2 – 20% de ferro não heme.

Essa eficiência mostra porque a carne vermelha é a melhor fonte de ferro.

Na teoria, os pesquisadores hipotetizam que o ferro heme pode ter efeitos negativos quando consumido em grande quantidade.

Ou seja, induziria o estresse oxidativo, podendo lesar células e DNA.

O estudo em questão

Em 2024, uma publicação na Nature Metabolism por Wang e colaboradores, traz novas ideias sobre a correlação da ingesta do ferro heme e o risco de diabetes.

Analisaram 204.615 participantes de 3 grandes estudos de corte do Nurses’ Health Study, Nurses’ Health Study II e o Health Professionals Follow-up Study.

Avaliaram um período de 36 anos e concluíram que o ferro heme induziria aumento de risco de diabetes tipo 2.

Interpretando os resultados

  • Encontrou-se significante associação entre ingesta de ferro heme e saúde, mas somente em população americana e não de outros países. Vale lembrar que a dieta americana e estilo de vida, influenciam esses resultados.
  • Fatores que geram confusão: ferro heme não existe isolado na dieta. Há diversos fatores que confundem, pois pessoas que consomem mais ferro heme (primariamente de carne vermelha) podem ter outros hábitos ou estilo de vida que aumentam o risco de diabetes tipo 2. Normalmente pessoas com altos níveis de ingesta de ferro heme são geralmente menos ativas fisicamente, fumam e ingerem poucas fibras.

Além disso, os americanos que consomem mais carne, podem estar abusando de hambúrgueres de lanchonetes conhecidas, alimentos processados e refinados.

Portanto, apresentam mais ferro heme do que pessoas de outros países.

Com isso, não se consegue determinar a relação causa efeito entre ferro heme e níveis de biomarcadores de risco de diabetes.

Efeito protetor de outros nutrientes

Baseado em estudo de Vogel e colaboradores (2015) que investigou o efeito da clorofila no ferro heme, induzir câncer em camundongos.

Clorofila um pigmento presente nos vegetais verdes, podem bloquear o efeito adverso do ferro heme no intestino. Especificamente alimentando camundongos com clorofila preserva o efeito possível citotóxico e hiperproliferativo .

Com isso, forma-se uma proteção em volta do heme bloqueando a formação de heme citotóxico no intestino.

Isso mostra que consumir carne vermelha com vegetais verdes (ricos em clorofila) podem aliviar o efeito potencial negativo do ferro heme.

Conclusão

O efeito da clorofila contra o ferro heme no intestino, sugerem que consumir carnes com vegetais tem efeito protetor.

Esta é uma das razões que sempre orientei, uma dieta que contenha alimentos de origem animal e vegetal.

Portanto, consumindo alimentos ricos em ferro heme, como a carne vermelha, considerar associar alimentos ricos em clorofila, presente nos vegetais verdes escuros.

A solução é considerar um prato rico em vegetais e proteína animal.

Referências bibliográficas:

– Carcinogenesis. February 2005; Volume 26, Issue 2, Pages 387–393

– Nutrition, Metabolism and Cardiovascular Diseases.  January 2015; Volume 25(1), Pages 24-35

– Nature Medicine. October 28, 2022; Pages 2075-2082

– Gastroenterology. October 2002; Volume 123(4), Pages 985-991

– Nature Metabolism.  August 13, 2024

– Pharmacoepidemiology and Drug Safety. February 03, 2004; (Vol. 13, Issue 4, pp. 257–265)

< Artigo AnteriorPróximo Artigo >