Com frequência recebo pacientes com seus exames laboratoriais, nos quais já se adiantam dizendo que os resultados estão todos ótimos, pois estão dentro dos valores de referência dos laboratórios.
Outras vezes já estiveram em diversos profissionais de saúde que também entenderam como normais os resultados.
Porém, a situação de saúde destes pacientes continua sem solução, pois suas queixas continuam iguais, e pior, muitas vezes expostos a riscos sérios que poderiam ser evitados.
Muitas vezes, para resolver mistérios de saúde, é necessário o teste correto e a sua adequada interpretação somados à clinica para provocar um diagnóstico completo.
Alguns exames não podem mais ser interpretados somente com os valores de referência considerados normais. Sabe por quê? Porque os estudos que suportaram essas diretrizes são baseados em outra época, quando o nível nutricional era diferente e o grau de agressão tóxica ambiental e oxidativa era outro.
Outro fator é que os intervalos para o normal variam de laboratório para laboratório, e com isso o diagnóstico continua a ser desperdiçado.
Alguns desses testes não são rotineiros e devem ser solicitados, como a ferritina sérica (que mede o ferro armazenado) e a glutamiltranspeptidase (GGT – uma enzima hepática correlacionada com toxicidade do ferro, risco de doença e mortalidade por todas as causas). Eles podem ser extraordinariamente úteis, mas geralmente declarados normais porque os resultados estão “dentro do alcance” quando, para o indivíduo, os níveis são realmente anormais.
Ao monitorar seus níveis séricos de ferritina e GGT e tomar medidas para diminuí-los se forem muito altos, você pode evitar sérios problemas de saúde, pois você tem uma combinação de ferro livre altamente tóxico e depósito de ferro para manter essa toxicidade.
Ferritina
É uma proteína que se liga ao ferro.
Quando a ferritina sérica é baixa, detecta deficiência de ferro.
Já no caso da ferritina sérica alta, significa presença de inflamação e geração aumentada de radicais livres que danificam suas membranas e proteínas celulares, além de agressão mitocondrial e de DNA.
Esse excesso de ferro está ligado com aumento dos riscos de:
- doença cardíaca
- diabete melitus
- doença neurodegenerativa
- doença óssea e articular
- doença hepática / vesícula biliar
- câncer
- desequilíbrios hormonais
- envelhecimento precoce
- cirrose hepática não alcoólica
- infecções
Valor de referência da ferritina
Os valores de referência de ferritina sérica diferem por idade e sexo.
Os recém-nascidos e os bebês têm níveis muito elevados de ferritina.
Mulheres 15 a 200 ng / mL
Homens 20 a 300 ng / mL
Em alguns laboratórios, dependendo da metodologia, um nível de ferritina de 395 ng / ml cai no intervalo normal, o que é muito alto para uma saúde ideal.
Valor de referência da ferritina para uma saúde ideal
Não cometa o erro de se guiar pelo que é considerado “normal”. Esses níveis serão a garantia para desenvolver doenças crônicas.
Para uma saúde ideal, os intervalos que você deseja são:
Mulheres 40 a 60 ng / mL
Homens 40 a 80 ng / mL
Soluções se seu nível de ferro é alto
Doar sangue: se você é um homem adulto, você deve doar sangue duas a três vezes por ano, ou até os seus níveis se tornarem normais. Nos casos de níveis de ferritina superiores a 200 ng / ml, recomenda-se uma programação de flebotomia mais agressiva.
Gama-glutamiltranspeptidase (GGT)
É uma enzima hepática que tradicionalmente tem sido medida para detectar a saúde, transporte de aminoácidos e peptídeos, além de função hepática.
O papel biológico normal do GGT é restaurar a glutationa, o principal antioxidante do corpo, tendo importante proteção natural contra o estresse oxidativo.
Quando as concentrações de GGT estão acima dos intervalos “baixos normais”, o excesso de GGT pode catabolizar (quebrar) a glutationa causando a depleção crítica deste importante antioxidante.
Quando a glutationa está esgotada e apenas quantidades insuficientes permanecem para proteger os órgãos do corpo do estresse oxidativo, o dano começa a ocorrer.
Com níveis excessivos de metais, como o ferro, há aumento do processo destrutivo, que combinada com GGT baixa gera um resultado extremamente prejudicial.
É considerado pelo setor de seguros de vida como a única medida que é mais preditiva da mortalidade precoce.
Níveis elevados de GGT estão ligados com aumento dos riscos de:
- estresse oxidativo
- diabetes tipo 2
- aterosclerose
- doença renal
- acidente vascular cerebral
- câncer
- síndrome metabólica
- morte por qualquer causa
- doença autoimune
- cirrose hepática não alcoólica
Valor de referência do GGT
Os intervalos de laboratório “normal” do GGT geralmente são:
Mulheres 40 a 45 U / L
Homens 65 a 70 U / L
Valor de referência do GGT para uma saúde ideal
Aqui, novamente não cometa o erro de se guiar pelo que é considerado “normal”.
Para uma saúde ideal, os intervalos que você deseja são:
Mulheres 9 U / L
Homens 16 U / L
Soluções se seu nível de GGT é alto
- Dieta equilibrada que inclui amplas porções de frutas, nozes e vegetais ricos em vitamina C, fibra, betacaroteno, antocianinas e folato. Isso reforça as defesas antioxidantes naturais do corpo;
- Reposição de glutationa. Sempre que seu nível GGT aumenta, sua glutationa desce. O aminoácido cisteína, encontrado em proteína de soro de leite, aves e ovos, desempenha um papel importante na produção de glutationa do seu corpo;
- O consumo de café e chá ajuda a reduzir os níveis de GGT;
- Doar sangue reduz o GGT e outras enzimas frequentemente associadas a doenças do fígado.
Alerta
Certos medicamentos podem aumentar seu GGT. Esta é uma das razões pela qual dificilmente os médicos pedem o teste de GGT, pois ele pode desencorajar os seus pacientes a usarem certos remédios.
Portanto, confira com seu médico para saber se você deve parar alguma medicação ou mudar para outra que não cause riscos.
Quanto aos medicamentos sem receita médica, como ibuprofeno e aspirina, saiba que podem danificar seu fígado.
Então, se você está preocupado em manter sua saúde e prevenção de doenças crônicas, aconselho realizar e monitorar os exames de ferritina e GGT regularmente.
Prestar atenção a isso é mais um dos caminhos para uma Supersaúde!
Referências bibliográficas:
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