Cada vez mais se ouve falar em problemas de fertilidade, algo que há 4 décadas atrás era raro. Os casais experimentam esse tipo de problema por várias razões.
Segundo estudo no Human Reproduction Update, em 2017, uma avaliação de 38 anos de informações mostra que a contagem de espermatozoides diminuiu de 52% a 59% em homens numa amostragem na América do Norte, Europa e Austrália, no período entre 1973 e 2011.
Recentemente, o Pew Research Center mostrou que os principais indicadores de fertilidade para casais norte-americanos diminuíram, nos últimos 4 anos, atingindo um nível recorde.
Há fatores que sabemos que são comportamentais, pois muitos casais atualmente decidem ter filhos mais tarde na vida, o que certamente pode influir na quantidade de espermatozoides.
Outros fatores associados são estilo de vida, hábitos alimentares, tabagismo, quantidades excessivas de álcool e não ter um IMC saudável, que também afetam a fertilidade.
Além disso, as pesquisas sugerem que a fertilidade masculina é afetada por toxinas e produtos químicos ambientais, que reduzem a quantidade e mobilidade de espermatozoides. O grande problema é que você pode estar em contato com essas substâncias desreguladoras endócrinas na sua rotina diária sem ter noção disso.
Produtos químicos comuns relacionados à problemas de fertilidade
São eles:
1. Bisfenol A (BPA)
Tem sido associado a problemas de fertilidade e baixa contagem e qualidade de espermatozoides. Encontrado em produtos plásticos, como garrafas de água, brinquedos infantis, revestimento da maioria das latas de alimentos em conservas.
Até recibos de caixas registradoras, dinheiro (por contato com esses recibos) apresentam concentrações significativas desse produto químico.
Segundo publicação na revista Fertility and Sterility, numa avaliação de 218 homens, com e sem exposição ao BPA, observou-se que aqueles que tinham níveis mais altos de BPA na urina estavam significativamente associados a diminuição da concentração, vitalidade e motilidade espermática.
2. Ftalatos
Químicos que levam também à redução da contagem de espermatozoides.
Ligado a atrofia testicular, comprometimento estrutural e descida testicular incompleta nos fetos, assim como câncer e alergias. Está presente em produtos de uso pessoal como sabonetes, shampoos, spray de cabelo e fragrâncias. Além disso, em pisos de vinil, detergentes, desodorizantes, plásticos automotivos, sacolas plásticas, embalagens de alimentos, mangueiras de jardim, brinquedos infláveis, bolsas de armazenamento de sangue, tubos médicos intravenosos e até brinquedos sexuais.
3. O ácido perfluorooctanóico (PFOA)
É um provável agente cancerígeno, encontrado em impermeabilizantes como panelas Teflon e Goretex
4. Methoxychlor (inseticida) e Vinclozin (fungicida)
Promovem alterações testiculares que podem ser transmitidas para outras gerações.
5. Hormônios de crescimento usados em animais de confinamento
Isso vale para carne de bovinos, aves, suínos e peixes, além de leite e derivados. Estão correlacionados com indução de adolescência prematura.
6. Fitoestrogênios
Presentes em produtos de soja não fermentados, carregados com substâncias semelhantes a hormônios.
7. Monossódio Glutamato (MSG)
Aditivo alimentar implicado com redução de fertilidade.
8. Fluoreto
Químico que está associado a taxas mais baixas de fertilidade, interrupção hormonal e baixa contagem de espermatozoides, presente na água de torneira.
9. Glifosato
Ingrediente ativo do herbicida glifosato, implicado em redução e contagem de espermatozoides em humanos, além de predisposição a defeitos no nascimento. Causa importante estresse oxidativo nos testículos, levando à infertilidade. Promove alteração do nível de testosterona e age como potente disruptor endócrino. Em animais contribui para abortos espontâneos e infertilidade.
10. Bifenilos policlorados (PCBs)
É um produto químico proibido, que não é degradado, permanecendo no ambiente, especialmente rios e oceanos, contaminando peixes.
11. Metais tóxicos e fertilidade
Não se pode ignorar também a influência de metais pesados, como mercúrio, alumínio, cádmio, arsênico e chumbo encontrados na poluição ambiental, mas também nos frutos do mar, amálgamas dentárias e vacinas, para citar alguns…
É importante avaliar o grau de intoxicação por agressores ambientais e, se for o caso, fazer uma desintoxicação pertinente. Promovem redução de contagem, motilidade e desnaturação dos espermatozoides.
12. Exposição a campos eletromagnéticos (EMF)
Estamos recebendo essas influências por todos os lados, o que segundo os estudos compromete o número e a qualidade dos espermatozoides.
Deficiência de vitamina D ligada à infertilidade
A falta de exposição ao sol, o abuso de protetores solares, e também o uso de estatinas, usadas para reduzir o colesterol, terão influência direta na produção de vitamina D.
Além disso, há medicamentos que interferem na absorção e metabolismo da vitamina D, como a colestiramina, o Dilantin e o fenobarbital. Estudos recentes mostram que a deficiência de vitamina D está ligada à infertilidade, e observou-se que:
- vitamina D é produzida localmente no espermatozoide.
- o esperma humano possui um receptor de vitamina D.
Esses fatores sugerem que essa vitamina pode estar envolvida na sinalização dos espermatozoides, aumentando a capacidade de fertilização.
Outros problemas influenciadores
1. Assentos estreitos de bicicletas: o atrito nos testículos compromete a produção de espermatozoides
2.Assentos de carro aquecidos e almofadas de aquecimento aumentam as temperaturas testiculares o suficiente para diminuir a produção de esperma.
Medicações que causam infertilidade
1. Antidepressivos: estão correlacionados comà redução da contagem e da mobilidade dos espermatozoides. Entre seus efeitos colaterais mais comuns, estão a impotência e ejaculação retardada.
2. Estatinas: podem reduzir sua capacidade de atingir o orgasmo, especialmente em homens.
Doenças crônicas e fertilidade
A maioria destas condições também desempenham papel importante na infertilidade:
1. Obesidade e resistência à insulina
Segundo publicação no Journal of Andrology, em 2008, a síndrome metabólica (caracterizada pela obesidade e resistência à insulina) está relacionada a comprometimento da fertilidade, pois há conversão periférica de testosterona em estrogênio em excesso. Isso leva à inibição do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, o que promove hipogonadismo secundário.
Além disso, o excesso de acúmulo de gordura suprapúbica e interno da coxa podem resultar em aumento da temperatura escrotal em homens muito obesos.
2. Doença celíaca (intolerância ao glúten)
Está associada a redução e anormalidades dos espermatozoides. Nos casos de doença celíaca não tratada é frequente haver redução dos níveis de testosterona.
Portanto, não faltam agressores imperceptíveis à fertilidade do homem. Fique atento. Eles devem ser bem avaliados!
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Referências bibliográficas:
- MSN January 2011
- Fertility and Sterility February 2011;95(2):625-630
- Human Reproduction Update, 2017; 23(6): 646
- Fertility SA, January 11th, 2018
- Pew Research Center, May 22, 2019
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