Sabe aquelas drogas para refluxo que prometem abrandar e acalmar a dor da sua doença? Bem, como eu já comentei por aqui, no final das contas elas podem na verdade CAUSAR o refluxo ácido, azia e indigestão.
Tenho falado bastante sobre os múltiplos perigos associados com medicamentos patenteados: analgésicos que causam danos ao fígado, drogas para a diabete que causam câncer, medicação para reduzir o colesterol que causa catarata… e a lista não para.
Mas esta realmente rouba a cena: um medicamento de prescrição que CAUSA o próprio problema que ele deveria eliminar?
Isso sem falar em diversos outros efeitos colaterais. Um novo estudo no Jornal Gastroenterology examinou o tratamento com a medicação inibidora de bomba de prótons (IBP). Os pesquisadores descobriram que o tratamento na verdade produzia a azia, o refluxo ácido e a indigestão em voluntários sadios que tomaram o medicamento por oito semanas.
As drogas até pareciam causar um efeito de “rebote” ácido depois do tratamento – algo que poderia promover a dependência dessas medicações. Já não chega essa surpresa, ainda temos outra. Ao final do estudo, seria esperado que o pesquisador principal recomendasse parar de usar essas drogas imediatamente, certo?
Mas, não! Ao invés disso, veja o que ele disse: “Sem dúvida, os pacientes com benefício sobre a doença de refluxo se beneficiam, e precisam do tratamento, com drogas que reprimem o ácido.”
Eu não entendo este raciocínio, pois por anos tenho falado que para muitas pessoas com azia o melhor tratamento pode realmente ser MAIS ácido, e não menos. Quando se mede a produção de ácido estomacal, a maioria quase absoluta de pessoas que sofrem com azia produz ácido estomacal em quantidades pequenas demais.
Os sintomas de azia e refluxo ácido são na verdade causados por um problema com o esfíncter inferior do esôfago (EIE). Não importa quanto ácido há no estômago – contanto que o EIE fique fechado, a azia e o refluxo não ocorrerão. Ele só deve abrir para deglutição, vômitos e emissões de gás (arrotos). Se ele abrir em qualquer outra ocasião, pode ser liberado ácido para dentro do esôfago.
Então, a resposta está em dar ao EIE um ambiente no qual ele pode sarar. A suplementação com cloridrato de betaína-pepsina pode ajudar a recuperar a digestão normal. Mas, lembre-se que o tratamento com ácido clorídrico pode ser perigoso e deve ser usado somente sob orientação médica, caso ele entenda que é o seu caso.
Na verdade, é um tratamento completamente natural e equivale à reposição de algo que está em falta no seu organismo, ao invés de reprimir uma substância essencial.
Consequências do uso de medicações inibidoras de bomba de prótons (IBP’s)
Agora, veja os efeitos colaterais das drogas para azia confirmadas por pesquisas, que eu comentei no início do artigo. São algumas condições ligadas e pioradas por ácido estomacal baixo:
- Acne rosácea
- Eczema
- Alergias
- Dermatomiosite
- Alcoolismo
- Degeneração macular
- Doença celíaca
- Lúpus
- Asma infantil
- Anemia perniciosa
- Hepatite
- Doenças de vesícula biliar
- Brotoeja
- Síndrome de Sjogren
- Depressão
- Esclerose múltipla
- Diabete (Tipo 1)
- Escleroderma
- Artrite reumatoide
- Polimialgia reumática
- Osteoporose
- Miastenia grave
- Síndrome de Raynaud
- Colite ulcerativa
- Doença de Graves
- Vitiligo
- Sinais físicos do envelhecimento (especialmente em pessoas com 60 anos ou mais)
E provavelmente tem muito mais.
Certamente, o mau funcionamento estomacal não é a única e nem a principal causa de cada uma destas doenças. Mas tomar os passos apropriados para eliminar a hipocloridria (produção insuficiente de ácido estomacal) e, ao mesmo tempo, restaurar o fluxo otimizado de nutrientes, geralmente ocasiona uma melhora significante, não importa qual for o problema.
Referências bibliográficas:
- “Heartburn Drugs May Contribute to the Problem.” (www.healthday.com)
- J Intern Med.1996;240:161-164.
- Acta Psychiatr Scand. Aug 2003;108(2):156-9
- Molecular Nutrition & Food Research. Mar 2007, 51(3):324-32
- Archives of Internal Medicine. May 10, 2010; 170(9):779-83
- Archives of Internal Medicine. May 10, 2010;170(9):747-8
- Archives of Surgery July 2011; 146(7): 851-858
- Am J Gastroenterol. Jul 2012;107(7):1001-10.
- Journal of the American Medical Association. December 11, 2013; 310(22):2435-2442
- Nephrology News and Issues. January 14, 2016
- JAMA Internal Medicine. January 11, 2016