Se você perguntar, a maioria das pessoas irá lhe dizer que já passou por situações de estresse no trabalho… Talvez nem a maioria, mas TODAS afirmem isso!
Mas há vários tipos de estresse. De um lado está o estresse emocional, que frequentemente nos leva a agitação, perda de sono, ganho de peso, variação do humor e tantos outros problemas que eu poderia passar o dia inteiro listando…
Mas há também o estresse físico no trabalho. É aquele ligado a trabalhos que exigem esforço físico repetitivo, como uma pessoa que passa horas organizando caixas em prateleiras, por exemplo. Embora nem sempre esse tipo de serviço gere estresse emocional, o desgaste e estresse físico são grandes.
Para entender melhor essa relação, pesquisadores da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, avaliaram um grupo de 99 idosos saudáveis, com idades entre 60 e 79 anos. Eles fizeram entrevistas sobre seus trabalhos mais recentes, para que se medisse os níveis de estresse físico.
Depois, foram feitos exames de ressonância magnética para mensurar o volume cerebral dos voluntários. O estudo concluiu que quanto maior o nível de estresse físico no trabalho durante a meia idade, menor o volume do hipocampo na terceira idade.
Como se sabe, o hipocampo é a área do cérebro relacionada à memória. Para os pesquisadores, o estudo é importante pois é o primeiro que relaciona o estresse físico ao envelhecimento cognitivo. Já se sabia que esse tipo de estresse é um fator de risco para doenças crônicas, mas pouco se havia elucidado até agora sobre os efeitos no cérebro.
Estresse físico, lazer e trabalho
Essa notícia é curiosa, pois sabemos que atividades físicas, quando feitas em forma de lazer, são benéficas. Por outro lado, atividades repetitivas feitas no trabalho podem trazer prejuízos, ainda que sejam também físicas.
Segundo a Dra. Aga Burzynska, uma das autoras do estudo, o objetivo agora é entender como minimizar esse quadro:
“Essa descoberta sugere que as demandas físicas no trabalho podem ter associações paralelas, ainda que opostas, à saúde do cérebro. A maioria das intervenções para adiar o declínio cognitivo se concentra no lazer, não no seu trabalho. É um território desconhecido, mas talvez pesquisas futuras possam nos ajudar a fazer alguns ajustes no nosso ambiente de trabalho para a saúde cognitiva a longo prazo”.
Enquanto isso, no entanto, é importante que você não fique parado. Muitas pessoas que têm trabalhos que envolvem esforço ainda acham que por isso não precisam praticar atividades físicas nas horas livres. Essa pesquisa mostra como essa afirmação está errada.
O esforço repetitivo do trabalho pode lhe prejudicar, enquanto um exercício físico prazeroso pode trazer benefícios. Assim, praticando-o, você contrabalança os prejuízos.
Então, mude essa balança para o seu lado. Use seu tempo livre para uma atividade física que você goste. Será algo prazeroso e ainda vai melhorar a sua saúde.
Agora, se você é daqueles que acha que não tem tempo, saiba que também há opções. O treino supra-aeróbico, por exemplo, que descrevo no meu livro 20 Minutos e Emagreça, é rápido, funciona e não exige uma grande parcela da sua agenda.
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Referências bibliográficas:
- Agnieszka Z. Burzynska, Daniel C. Ganster, Jason Fanning, Elizabeth A. Salerno, Neha P. Gothe, Michelle W. Voss, Edward McAuley, Arthur F. Kramer. Occupational Physical Stress Is Negatively Associated With Hippocampal Volume and Memory in Older Adults. Frontiers in Human Neuroscience, 2020; 14 DOI: 10.3389/fnhum.2020.00266
- Colorado State University. “Physical stress on the job linked with brain and memory decline in older age.” ScienceDaily. ScienceDaily, 22 July 2020.
- Corridas de longa distância podem prejudicar a sua saúde – www.DrRondo.com