Estresse crônico aumenta o risco de câncer e doença cardíaca

mulher com estresse crônico no trabalho de frente para o computador

Hoje em dia, com a nossa vida tão agitada, uma coisa é certa: o nível de estresse cresce sem parar!

As pesquisas recentes mostram exatamente o que estamos passando: os brasileiros estão mais estressados do que nunca, sendo que problemas financeiros e de trabalho estão no top das fontes de estresse.

Outros fatores importantes estão relacionados ao emprego, baixa remuneração e carga de trabalho aumentada. E quem paga o preço alto de todo esse estresse psicológico? A sua saúde! O estresse causa inflamação, que está correlacionada com diversas doenças, desde obesidade e diabetes até doença cardíaca e câncer.

Estresse e câncer

Segundo estudos em animais que estão sob estresse crônico, há mudanças no seu sistema linfático que permitem que o câncer se dissemine com maior facilidade e rapidez, afetando também o progresso do tumor.

Tudo isso é potencializado pelos hormônios do estresse, adrenalina, norepinefrina e epinefrina. Portanto, o estresse emocional pode contribuir no desenvolvimento do câncer e reduzir a eficiência do tratamento.

Estresse e risco cardíaco

Não há dúvidas de que o estresse crônico compromete o seu coração. Como falei anteriormente, o trabalho é um fator importante na geração desse estresse. De acordo com estudos, quanto mais horas você trabalha por semana, mais aumenta o risco de doença cardíaca. O risco aumenta ainda mais a cada hora extra acrescentada!

Estresse e glândula adrenal

Nesse estresse crônico, as glândulas adrenais acabam sobrecarregadas, o que leva à fadiga adrenal. Os hormônios produzidos pela glândula adrenal controlam diversas funções corpóreas, e agem em todas as fases de estresse agudo a crônico.

Nos momentos iniciais, o cortisol se eleva, pois é a situação aguda, de ataque ou defesa. Na sequência, se esse estresse continua, há uma adaptação hormonal que tem uma resistência individual para suportar essa cronicidade de estresse. Porém, há um momento em que ele não dá mais conta. É quando frequentemente ocorrem manifestações como:

  • dificuldade de lidar com emoções negativas como raiva, medo, culpa e depressão;
  • ansiedade;
  • ataques de pânico;
  • taquicardia;
  • hipoglicemia;
  • sudorese fria;
  • sensação de desmaio;
  • falta importante de energia;
  • tremores;
  • inflamação crônica, infecção ou dor;
  • excesso de trabalho, físico ou mental;
  • falta de sono (trabalha até tarde ou vai para a cama tarde da noite).

Como mensurar o seu estresse adrenal

Além de uma avaliação do estado geral, nutricional, clinico e laboratorial há exames importantes como um painel hormonal, que podem ser:

  • teste de urina de 24h;
  • teste de saliva;
  • teste sanguíneo;

Tratamento

Suas glândulas adrenais localizadas justo acima dos rins são responsáveis por uma das funções mais importantes do nosso corpo: administrar o estresse. Quando elas ficam sobrecarregadas ou exauridas, o seu corpo inteiro sente isso e sofre por extrema exaustão.

Atualmente, a fadiga adrenal é o enorme problema da nossa sociedade. Em ritmo acelerado, as pessoas agem como se seus negócios fossem distintivos de honra.

Os sintomas são tão prevalentes que se tornaram “normais” no nosso modo de vida. Eles são de difícil diagnóstico, a menos que a sua saúde já esteja bem deteriorada, com sinais como:

  • ansiedade e /ou mal humor;
  • dificuldade em manter o sono durante a noite;
  • dificuldade de acordar pela manhã;
  • sensação de exaustão e necessidade de dar uma soneca à tarde;
  • fadiga constante;
  • sistema imunológico deprimido;
  • memória reduzida;
  • dificuldade de reagir a desafios de estresse, sentindo-se frequentemente exaurido ao menor desafio de estresse ou todo o dia;
  • ganho de peso;
  •  compulsão por alimentos salgados, açúcar e gordura;
  • problemas de pele;
  • fraqueza muscular;
  • desmotivado para fazer exercícios;
  • não melhora, não evolui na atividade física, ficando muito cansado em vez de se sentir revigorado com o exercício;
  • sentir tonturas sentado ou deitado;
  • piora da síndrome pré-menstrual ou dos sintomas da menopausa;
  • redução de libido.

Função das glândulas adrenais

Suas glândulas adrenais secretam cerca de 50 hormônios, muitos dos quais essenciais para a vida. São eles:

1) Hormônios da glândula adrenal e suas ações:

  • Epinefrina (adrenalina) e Norepinefrina (noradrenalina):  agem na resposta às situações de luta ou fuga.
  • Dhea, pregnenolona, progesterona, estrógenos, testosterona, androstenediona: agem como antioxidantes, reparadores dos tecidos, dos hormônios sexuais, equilibram o cortisol e função antienvelhecimento.
  • Cortisol: regulação do açúcar sanguíneo, ação anti-inflamatória, resposta inflamatória, tonificação do coração e vasos sanguíneos. Estimulação do sistema nervoso central, normalização da reação ao estresse. Efeito anti-inflamatório.
  • Androsterona: regulação do sódio, potássio e volume líquido.

2) Glicocorticoides: cortisol que ajuda o seu corpo a converter o alimento em energia normalizando a glicemia, responde ao estresse e mantem a sua resposta inflamatória ao sistema imunitário. Tonifica o coração, vasos sanguíneos e estimula o sistema nervoso central. Normaliza a reação ao estresse.

3) Mineralocorticoide: esses hormônios, como a aldosterona, ajudam a manter a sua pressão arterial e volume sanguíneo normal, equilibrando a relação sódio, potássio e água no seu corpo.

4) Adrenalina: hormônio que aumenta o seu ritmo cardíaco e controla o fluxo de sangue para os músculos e cérebro, além da conversão de glicogênio em glicose no seu fígado. Responde ao estimulo de luta e fuga.

Juntos, esses hormônios controlam as seguintes funções:

  • mantém os processos metabólicos, como o controle da glicemia e regulação da inflamação;
  • controlam a sua resposta de luta e fuga ao estresse;
  • produz os hormônios sexuais, como estrógeno e testosterona;
  • regulam o seu equilíbrio hídrico e salino.

Suas glândulas adrenais são responsáveis por grande parte da sua resposta ao estresse. Porém, quando elas ficam exauridas, depletadas, ocorre a redução de vários hormônios, em especial o cortisol. Conforme o grau de deficiência, aparecem os sintomas leves ou severos.

Sua forma extrema é conhecida como Doença de Addison, uma condição potencialmente fatal que causa fraqueza muscular, emagrecimento, hipotensão e hipoglicemia. Num estágio anterior encontra-se a fadiga adrenal, conhecido como hiponatremia. Apesar dos sintomas não serem tão severos, podem ser debilitantes.

Programa de recuperação adrenal

A reparação da glândula adrenal requer uma combinação de ações para se ter resultado:

  • inicialmente deve-se mudar o estilo de vida, gastando menos e criando mais energia;
  • o que você come e bebe tem reflexo direto na recuperação;
  • checar alergia alimentar e ambiental;
  • teste hormonal completo;
  • teste para metais tóxicos;
  • reposição nutricional;
  • estratégia antioxidante;
  • teste de ecologia intestinal.

Com isso, você conseguirá criar o seu programa de recuperação. Outro fator importante é ter paciência até superar essa fase, e partir para uma super saúde!

 

Referências bibliográficas:

  • American Journal of Preventative Medicine May 1998
  • The Journal of Neuroscience, 15 February 2000, 20(4): 1568-1574
  • European Journal of Epidemiology May 2005
  • Journal of Biological Chemistry March 12, 2007
  • New York Times March 27, 2013
  • Journal of Physiology and Pharmacology December 2011; 62(6):591-9.
  • Nature Medicine June 22, 2014
  • Journal of Occupational and Environmental Medicine March 2016: 58(3); 221-226
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