Você costuma usar enxaguantes bucais? Se sim, imagino que ficou intrigado com o título desse artigo. Realmente, parece algo muito estranho, pois parecem ser duas coisas que não têm a menor relação uma com a outra…
Porém, a ciência está sempre disposta a nos mostrar algo que sequer imaginamos. E, felizmente, para o nosso bem! Pesquisadores da Universidade de Plymouth, na Inglaterra, mostraram que essa ligação é algo mais simples – e preocupante – do que imaginamos à primeira vista.
Alguns voluntários correram em esteiras durante 30, 60 ou 90 minutos. Meia hora depois, foram orientados a fazer bochechos com enxaguantes bucais. Enquanto um grupo usou antissépticos convencionais, outros bochecharam com um placebo.
Duas horas depois disso, os cientistas analisaram amostras de saliva e mediram a pressão arterial dos participantes. Como se sabe, a prática de atividade física promove redução na pressão, tanto durante a execução quanto um tempo depois.
Mas os resultados mostraram algo surpreendente. O grupo que usou o placebo manteve esses benefícios normalmente… Mas o que usou o enxaguante bucal real teve perda no efeito de redução de pressão na primeira hora de recuperação.
E mais: duas horas depois, a pressão já estava normalizada, e não mais baixa, como deveria estar. Resumindo: os efeitos de diminuição da pressão arterial causados pelos exercícios se perderam por causa dos enxaguantes bucais. Mas, por que isso acontece?
Enxaguantes bucais e a perda de bactérias boas
Mais uma vez, tudo se resume às bactérias boas que vivem no seu corpo. Nesse caso, estamos falando da ecologia bacteriana da sua boca. Quando os participantes usaram o enxaguante antisséptico, não mataram só as bactérias nocivas, mas também as boas bactérias bucais.
Algumas delas são responsáveis por transformarem nitrato em nitrito, uma molécula que ajuda no aumento dos níveis do óxido nítrico no corpo. Este último é essencial para a dilatação das artérias, o que ocorre depois dos exercícios e tem efeitos positivos para sua saúde.
Por isso, ao simplesmente matarem essas bactérias, os enxaguantes bucais interferiram diretamente na pressão arterial. É o que o estudo comprovou. Craig Cutler, co-autor da pesquisa, comentou:
“De fato, é como se as bactérias orais fossem a ‘chave’ para abrir os vasos sanguíneos. Se forem removidos, o nitrito não poderá ser produzido e os vasos permanecerão em seu estado atual. Os estudos existentes mostram que, à parte os exercícios, o enxaguante bucal antibacteriano pode realmente aumentar a pressão sanguínea em condições de repouso; portanto, este estudo acompanhou e mostrou o impacto do enxaguante bucal nos efeitos do exercício”. Pois é… Agora tudo está explicado e faz muito, muito sentido!
Enxaguantes: não tão bons para você
Essa nova pesquisa confirma algo que eu já havia alertado por aqui: os enxaguantes bucais podem aumentar sua pressão. A consequência são problemas cardiovasculares e toda a lista de consequências da hipertensão.
Então, se você usa esse tipo de produto por causa de mau hálito, precisa conhecer algumas medidas naturais para controlar o problema. Para saber as origens disso e tomar as medidas adequadas, sugiro que clique aqui e aqui. Certamente alguma dessas dicas vai ajudar, e sem colocar sua pressão e saúde em risco!
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Referências bibliográficas:
- https://drrondo.com/evite-antisseptico-bucal/
- https://drrondo.com/mau-halito/
- Post-exercise hypotension and skeletal muscle oxygenation is regulated by nitrate-reducing activity of oral bacteria. Free Radical Biology and Medicine, 2019; 143: 252 DOI: 10.1016/j.freeradbiomed.2019.07.035