Melatonina é o antioxidante mais importante no nosso corpo, além de estimular a síntese de glutationa, superóxido dismutase e catalase.
É encontrada em altas concentrações na célula, em especial nas mitocôndrias. Para isso é fundamental a exposição ao sol, apesar que isso seria importante somente para a vitamina D.
Entretanto, o contato da pele com o sol, estimula a melatonina intra mitocondrial.
De acordo com o PhD Russel Reiter, o maior expert em melatonina, ele explica:
“A radiação infravermelha próxima penetra com relativa facilidade na pele e nos tecidos subcutâneos. Cada uma dessas células contém mitocôndrias e parece que a radiação infravermelha próxima detectada de fato induz a produção de melatonina. Isso é importante, porque agora achamos que a melatonina dentro das mitocôndrias é induzível sob muitas condições estressantes.
Isso não está definitivamente provado, mas parece que sob estresse, todas as células podem aumentar sua capacidade de produzir melatonina porque ela é muito produtiva. E normalmente, sob estresse, radicais livres são gerados. Isso é enfatizado pelo [fato] de que nas plantas… isso acontece.
Em outras palavras, se você expõe as plantas à seca, ao calor, ao frio, à toxicidade de metais, a primeira coisa que elas fazem é aumentar sua melatonina, porque todas essas situações geram radicais livres. E suspeitamos, embora isso ainda não tenha sido definitivamente provado, em células animais também, incluindo células humanas.”
Tipos de melatonina
Há 2 tipos de melatonina no nosso corpo: a que é produzida na glândula pineal, que circula no nosso sangue, e a melatonina sub-celular, produzida dentro das nossas mitocôndrias, e não saindo para a corrente sanguínea.
Com a exposição ao sol, indiretamente haverá estimulo na glândula pineal para produzir melatonina no período da noite.
E esta sim, é a que pode ser medida na circulação, mas não entra na mitocôndria, Dr. Reiter explica:
“Em outras palavras, se você remover cirurgicamente a glândula pineal de um animal ou humano, os níveis sanguíneos de melatonina são essencialmente zero. Não totalmente zero — acho que o que acontece é que as mitocôndrias em outras células continuam a produzir melatonina e parte dela vaza para o sangue e lhe dá um resíduo — mas você não tem ritmo circadiano.
A produção de melatonina na glândula pineal é altamente rítmica, dependendo do ciclo claro-escuro. Isso não é verdade para a melatonina nas mitocôndrias. Não é cíclica. Não é impactada pelo ambiente claro-escuro. Pode ser afetada por certos comprimentos de onda de energia, mas não é afetada pelo ambiente claro-escuro.
Então, os níveis sanguíneos são derivados da glândula pineal, e esse ritmo é muito importante para definir os ritmos circadianos. Em outras palavras, a função dessa melatonina é bem diferente da função da melatonina produzida pela mitocôndria. Ela define o ritmo. Claro, sempre há alguma eliminação pela melatonina também, mas a eliminação real está envolvida com a melatonina produzida pelas mitocôndrias.”
Com a suplementação oral de melatonina, esta entra na célula e na mitocôndria, garantindo a neutralização das radicais livres e função mitocondrial.
Função da melatonina nas principais doenças crônicas
O grande causador de problemas de saúde, é disfunção mitocondrial, e a melatonina tem função fundamental na mitocôndria, podendo ajudar no tratamento da maioria das doenças crônicas, especialmente das mais comuns que são doença cardíaca e câncer.
Melatonina e doença cardíaca
Ela é fundamental na prevenção e cura na situação aguda.
Quando o ataque cardíaco ou derrame ocorrem, há uma interrupção da circulação, o que causa falta de oxigênio e sem este, rapidamente deterioram.
Porém, na síndrome de reperfusão, aonde os vasos sanguíneos se abrem, e o oxigênio volta para essas áreas sem o mesmo, ocorre o dano máximo por excesso de geração de radicais livres.
Nesses casos, a dose é de cerca de 20 a 50 mg, dependendo do peso.
A primeira dose deve ser tomada imediatamente e depois manter as 10 h da manhã, 4 h da tarde e antes de dormir.
Veja o comentário do expert, Dr. Reiter:
“Há uma grande quantidade de estudos, incluindo alguns em humanos, onde se você der melatonina para induzir um ataque cardíaco em animais ou um ataque cardíaco acidental em humanos, você pode preservar ou reduzir a quantidade de infarto cardíaco, a quantidade de dano que ocorre no coração”, diz Reiter:
“Há um cardiologista muito famoso nas Ilhas Canárias, o professor Dominguez-Rodriguez, com quem trabalhei. E nós, há cerca de três anos, publicamos um artigo onde infundimos melatonina diretamente no coração após o vaso ser aberto. Isso reduziu o dano cardíaco em cerca de 40%.
A outra coisa que acontece em um ataque cardíaco é que as células cardíacas não se regeneram. Uma vez que você perde uma célula cardíaca, elas acabam… e são substituídas por tecido fibroso. Claro, o tecido fibroso não é contrátil, então você tem insuficiência cardíaca.
Acabamos de publicar um artigo, novamente com o mesmo cardiologista, mostrando que se as pessoas que estão potencialmente sofrendo de insuficiência cardíaca por causa de um coração danificado, elas sobrevivem melhor e por mais tempo se receberem melatonina regularmente. É um estudo pequeno… mas acho que seria um campo que valeria a pena explorar.”
“Se eu tivesse um ataque cardíaco e tivesse melatonina comigo, eu tomaria melatonina”, diz Reiter. “A questão é quanto? … Esta não é uma recomendação para nenhum dos seus pacientes, mas eu não hesitaria em tomar 50 miligramas de uma vez, e alguns posteriormente nas próximas 24 horas, mesmo durante o dia. Porque você não quer perder mais células cardíacas do que o absolutamente necessário …
Eu já sugeri isso várias vezes. Em outras palavras, um técnico de emergência médica sai, pega um paciente que claramente tem um ataque cardíaco. Eu acho que no local, imediatamente, a melatonina deve ser administrada por via intravenosa em vez de oral. Seria difícil administrá-la oralmente. Essa seria minha recomendação.”
Além disso, nesses casos deve se associar methilene blue que é altamente benéfico na síndrome de reperfusão, logo no início do quadro e continuar diariamente. A dosagem é cerca de 5 mg/dia.
Melatonina e Câncer
Pode ser bem útil na prevenção e tratamento do câncer, conforme Dr. Reiter explica:
“As células cancerosas são inteligentes. Elas fazem tudo o que podem para permitir sua sobrevivência contínua. Parece contra intuitivo, mas o que elas fazem é impedir que o piruvato entre na mitocôndria, e isso reduz a produção de ATP. Mas como consequência disso, elas aceleram algo chamado glicólise e isso é muito ineficiente na produção de ATP, mas o faz muito rapidamente. Então, elas têm energia suficiente.
A importância de impedir que o piruvato entre na mitocôndria, agora pensamos, é o fato de que o piruvato é um precursor de algo chamado acetil coenzima A. A acetil coenzima A é um cofator para a enzima que regula a produção de melatonina na mitocôndria.
Então, ao eliminar ou impedir que o piruvato entre na mitocôndria, [as células cancerosas] impedem ou reduzem a produção de melatonina, porque elas não permitem que o cofator necessário seja produzido. Em outras palavras, previmos há cerca de quatro anos que, de fato, as mitocôndrias das células cancerígenas produziriam menos melatonina.
Posteriormente, mostramos isso em dois estudos, ambos cânceres uterinos. Claramente, os níveis de melatonina e a atividade das enzimas nas mitocôndrias desses tipos de células cancerígenas são pelo menos cerca de metade do que seriam normalmente. A prevenção do piruvato na mitocôndria, esse é o metabolismo do tipo Warburg.
A outra coisa é que o piruvato é metabolizado em ácido láctico. Ele escapa da célula e produz um ambiente ácido para a célula cancerígena, e as células cancerígenas gostam desse ambiente ácido. Então, se você puder reduzir o metabolismo do tipo Warburg, poderá limitar o crescimento das células cancerígenas e talvez também a metástase…
Algumas células cancerígenas podem ser cancerígenas apenas em meio período porque [durante a noite] quando têm melatonina alta, evitam o metabolismo do tipo Warburg. O interessante sobre o metabolismo do tipo Warburg [é que] … muitas células patológicas, células inflamatórias, células que são afetadas por beta-amiloide no cérebro, exibem esse metabolismo de tipo específico …
E sabemos que células inflamatórias — células inflamatórias M2 e M1 — podem ser convertidas de um lado para o outro pela melatonina. As células inflamatórias podem ser prevenidas dando-lhes melatonina [por causa] de seu efeito no metabolismo do tipo Warburg. Então, o metabolismo do tipo Warburg é comum em muitas, muitas células patológicas.”
Melatonina e Diabetes tipo 2
Nestes casos, para se resolver a hiperglicemia, recomenda-se melatonina na dosagem de 1 gr para neutralizar o efeito negativo da hiperglicemia.
Que fique claro que ela não trata a causa da Diabetes tipo 2, só age nos danos que a hiperglicemia causa.
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Referências bibliográficas:
– UT Health. Russel Reiter, Ph.D.(Archived)
– NIH. Methylene blue reperfusion
– Journal of the American College of Cardiology. 12 Jul, 2022, Vol. 80, Issue 2, Pages 138-151
– drrondo.com/7-beneficios-da-melatonina/
– drrondo.com/6-formas-de-estimular-a-melatonina-naturalmente/