Diverticulite e Microbioma

Diverticulite é uma condição comum no mundo moderno, sendo que mais de 30% das pessoas acima dos 50 anos está sujeita. E isso, com o avanço da idade, pode chegar a 80% das pessoas.

Trata-se de uma inflamação ou infecção intestinal com a formação de pequenas bolsas na parede do intestino.

Manifesta-se com dores abdominais, constipação, diarreia, náuseas, vômitos, febre e sangramento retal.

Quando ocorrem complicações, evoluem para abcessos, fistulas e obstrução intestinal.

O que causa diverticulite

– Consumo de pouca fibra vegetal

Sempre se preocupam em aumentar a ingesta de fibras, pois a alimentação moderna, refinada e industrializada é o grande fator desencadeante da condição, além disso temos:

– Inatividade

– Uso de certas medicações como anti-inflamatórios não esteroides e esteroides e antibióticos crônicos

– Obesidade

Pelo excesso de consumo de açúcares e alimentos ricos em óleos vegetais que apresentam alta concentração de ácido linoleico (LA).

– Tabagismo

Porém, o que precisa ficar claro, é que estes fatores isolados ou associados, geram um desequilíbrio ao microbioma.

Como ocorre condições nas quais as fezes se tornam de difícil acesso no trato digestivo, há necessidade de pressão maior no cólon durante os movimentos intestinais.

Caso a sua dieta seja pobre em fibras, suas fezes ficam duras e finas, obrigando seu cólon a exercerem mais pressão para movimentá-las. Isso eleva a pressão na musculatura do colón, propiciando pontos de fraqueza que acabam desenvolvendo divertículos.

Continuando com esse tipo de dieta, aumentam os riscos desses divertículos se inflamarem e ocorrem infecções.

De acordo com Cureus:

“Muitas teorias foram sugeridas para as diferentes etiologias da doença diverticular, e acredita-se que a causa mais comum seja uma dieta pobre em fibras. Acredita-se que dietas pobres em fibras estão associadas ao aumento da pressão intracolônica, o que leva à formação de divertículos”.

Diverticulos e Composição microbiana

De acordo com pesquisa do Massachusetts General Hospital and Harvard Medical School, aonde coletaram 121 amostras de fezes de mulheres com diverticulite severa e compararam com121 mulheres sem esta condição.

Concluíram que há uma significante diferença na comunidade microbiana nos dois grupos.

As mulheres com diverticulite tinham mais agentes pró-inflamatórios tais como o micróbio Rumnococcus gnavus 1,7-acido dimetilúrico, além de vários metabolitos relacionados com histidina.

Havia também depleção de produtos finais de bactérias, como o butirato com ações anti-inflamatórios e redução de agentes anti-inflamatórios.

Esse estudo mostra como a composição da dieta rica em fibra como protetora de diverticulite, evidenciando a importância do efeito protetor da dieta rica em fibras na proteção do microbiota intestinal, conforme a revisão da publicação no Journal of Personalized Medicine, descreve o potencial do papel das fibras no intestino em relação à diverticulite:

“Alterações na composição da microbiota foram observadas em pacientes que estavam desenvolvendo diverticulite aguda, com redução da atividade anti-inflamatória, composta por exemplo com o Clostridium cluster IV, Lactobacillus e Bacteroides.

Observações recentes apoiaram que uma disbiose caracterizada pela diminuição da presença de espécies bacterianas anti-inflamatórias pode estar ligada à inflamação da mucosa, e um ciclo vicioso resulta de uma inflamação da mucosa que conduz à disbiose ao mesmo tempo.

Uma alteração na microbiota intestinal pode levar a uma ativação alterada das fibras nervosas e subsequente disfunção neuronal e muscular, favorecendo assim o desenvolvimento de sintomas abdominais.”

Restaurando a microbiota intestinal

Esse desequilíbrio da flora intestinal (disbiose) é a causa principal no desenvolvimento da diverticulite, pois quando há equilíbrio da flora, há redução da inflamação no cólon.

O importante é estimular a produção de bactérias com ação anti-inflamatórias por produzir butirato, um tipo de ácido graxo de cadeia curta. Trata-se de uma bactéria gran negativa altamente protetora.

Isso é fundamental na manutenção da flora intestinal equilibrada.

Como restaurar a flora intestinal

– Consumir alimentos ricos em Akkermansia, um tipo de bactéria benéfica ao intestino, e que contribui em cerca de 10% do microbioma.

Exemplo, alimentos ricos em polifenois, fermentados, além de uma grande diversidade de bactérias boas, devendo se associar probióticos e prebioticos.

– Evite alimentos ricos em ácido linoleico (LA) encontrado em óleos vegetais, grãos e alimentos processados, pois estes destroem as boas bactérias.

– Akkermansia é um tipo de bactéria boa que produz Mucina, uma substância gelatinosa protetora da mucosa intestinal, gerando uma barreira na parede da mucosa. Isso evita danos mecânicos, irritação química e bactérias patogênicas, além de agir no combate de infecções.

Referências bibliográficas:

– Cleveland Clinic, Diverticulitis

– National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases, Symptoms & Causes of Diverticular Disease

– Cureus. 2023 Aug; 15(8): e43158

– Nat Commun. 2024 Apr 29;15(1):3612. doi: 10.1038/s41467-024-47859-4 – J Pers Med. 2021 Apr; 11(4): 298

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