Derrubando Definitivamente o Mito da Carne Vermelha

As recomendações das diretrizes alimentares que limitam ou proíbem o consumo de todo tipo de carne vermelha, processada ou não, acabam de perder o sentido de uma vez por todas.

Venho falando isso há pelo menos 20 anos, inclusive tendo lançado o livro Sinal Verde para a Carne Vermelha, em 2010. Nele eu já enfatizava tudo que acaba novamente de ser confirmado e que já tínhamos evidências suficientes para sabermos.

Agora, uma nova pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Dalhousie, no Canadá, causou um alvoroço na comunidade cientifica. Trata-se de um conjunto de recomendações sobre consumo de carne vermelha e de carne processada desenvolvida com base em 5 revisões sistemáticas que consideram todas as questões.

Essa revisão sobre valores e preferências relacionadas à saúde rendeu 54 artigos da Austrália, Canadá, Europa e Estados Unidos, incluindo 41 estudos quantitativos e 13 qualitativos.  

Mesmo assim a American Heart Association, American Cancer Society e a Harvard School of Public Health resistem a aceitarem o estudo.

Resumo das evidencias de danos e benefícios do consumo de carne vermelha não processada

1. Essas conclusões são baseadas em uma meta-análise de 61 estudos envolvendo mais de 4 milhões de participantes, aonde se observou:

  • Não haver evidências de que a diminuição da ingestão de carne vermelha possa resultar redução de risco cardiovasculares (doença cardiovascular, acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio).
  • Não haver evidências de que a diminuição da ingestão de carne vermelha possa resultar redução de risco de diabetes tipo 2.
  • Não haver diferenças estatisticamente significativas para mortalidade por todas as causas e mortalidade cardiovascular.    

2. Já a meta-análise de 17 cortes com 2,2 milhões de participantes também mostra evidências insignificantes de que a diminuição da ingestão de carne vermelha não processada possa resultar em uma redução da mortalidade geral por câncer ao longo da vida.

3. Outros 70 estudos de corte com pouco mais de 6 milhões de participantes não mostram riscos aumentados de incidência cardiometabólicas e adversos de câncer (mortalidade por câncer de próstata e incidência de câncer de mama geral, colo retal, esofágico, gástrico, hepático e pancreático). Ou seja, sem diferenças estatisticamente significativas para esses tipos de câncer.

4. Em revisão de 12 ensaios clínicos (com 54.000 participantes) randomizados sobre danos e benefícios do consumo de carne vermelha não processada, observou-se:

  • pouco ou nenhum efeito no risco de principais resultados cardiometabólicos, mortalidade e incidência de câncer;

5. Meta-análise de 23 estudos de corte com 1,4 milhão de participantes, forneceu evidências de que a diminuição da ingestão de carne vermelha não processada não traz redução de risco para:

  • eventos cardiovasculares (doença cardiovascular, acidente vascular cerebral, e infarto do miocárdio).
  • diabetes tipo 2  
  • câncer
  • mortalidade por todas as causas e mortalidade cardiovascular  

Recomendação de consumo para carne vermelha não processada

Baseado nestas revisões sistemáticas que consideraram todas essas questões se recomenda:

  • Para adultos com 18 anos ou mais, a sugestão é a continuação do consumo atual de carne vermelha não processada.

Resumo das evidências de danos e benefícios do consumo de carne vermelha processada

1. Meta-análise de 10 estudos de corte com 778.000 participantes, avaliando-se os efeitos da redução de ingestão de carne vermelha processada, apresentou:

  • ausência de evidencias significativas cardiometabólicas adversa (mortalidade por todas as causas, mortalidade cardiovascular, acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio) 
  • ausência de evidências em relação ao diabetes tipo 2      

2. Em estudo com 3,5 milhões de participantes para efeitos adversos em relação ao câncer, também não se observou que uma redução de consumo pudesse reduzir mortalidade geral por câncer ao longo da vida; mortalidade por câncer de próstata; e a incidência de câncer de esôfago, colo retal e de mama.

3. Outros 70 estudos de corte com pouco mais de 6 milhões de participantes não mostram riscos aumentados de incidência cardiometabólicos e adversos de câncer (mortalidade por câncer de próstata e incidência de câncer de mama geral, colo retal, esofágico, gástrico, hepático, pancreático, endometrial, oral, ovariana). Ou seja, sem diferenças estatisticamente significativas para esses tipos de câncer.

4. Em outra meta-análise com 21 estudos, avaliando resultados cardiometabólicos adversos com base em uma média de 10,8 anos de acompanhamento e resultados adversos de câncer ao longo da vida, também não se observou risco significativo com o consumo ou sua redução de ingesta.

Recomendação para consumo de carne vermelha processada

Baseado nestas revisões sistemáticas que consideraram todas essas questões se recomenda:

  • Para adultos com 18 anos ou mais, a sugestão é a continuação do consumo atual de carne vermelha processada.

Conclusão

O consumo de carne vermelha não processada e processada não apresentou risco significativo em relação à saúde, portanto não sendo um fator causal de resultados adversos à saúde. Se você ainda tinha dúvida, espero que entenda de uma vez por todas que a carne vermelha não é sua inimiga. Precisamos dela para uma Supersaúde!

Referências bibliográficas:

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  • Effect of lower versus higher red meat intake on cardiometabolic and cancer outcomes. A systematic review of randomized trials. Ann Intern Med. 1 October 2019
  • Red and processed meat consumption and risk for all-cause mortality and cardiometabolic outcomes. A systematic review and meta-analysis of cohort studies. Ann Intern Med. 1 October 2019
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  • Red meat and health outcomes: a systematic review. PROSPERO 2017 CRD42017074074.
  • The impact of residual and unmeasured confounding in epidemiologic studies: a simulation study. Am J Epidemiol. 2007;166:646-55
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