O conceito que se prega é que depressão é causada por um desequilíbrio químico no cérebro que leva a baixos níveis de serotonina.
Essa teoria tem mais de 60 anos, e confesso que acreditei nisso por muitos anos.
Porém com o conhecimento que temos hoje, apoiado em estudos recentes, entendo que essa conexão depressão-serotonina não faz tanto sentido.
O mito da serotonina tem sido um enorme sucesso, aonde se usa não apenas uma, mas duas ou até três pílulas para tudo, desde o humor baixo até a depressão.
E sabe o que os pesquisadores encontraram numa meta análise de 38 ensaios clínicos abrangendo 3.000 pacientes deprimidos usando esses medicamentos?
Que 75% da melhora do humor vinham do efeito placebo das drogas!
Ou seja, você pode tomar uma pílula de açúcar e obter os mesmos benefícios.
Num estudo com animais, os pesquisadores eliminaram a parte do cérebro que produz a serotonina.
Você pensaria que o resultado disso seriam muitos ratos deprimidos. Mas para surpresa, os ratos sem serotonina não estavam mais deprimidos do que o grupo controle. A diferença de ratos deprimidos era praticamente igual!
Numa pesquisa em humanos, testou-se os níveis de serotonina no líquido espinhal retirados de dois grupos de pessoas. Um grupo era composto por pacientes deprimidos e o outro grupo sem depressão.
Os resultados mostraram que ambos os grupos tinham exatamente os mesmos níveis de serotonina. Portanto, a conexão depressão-serotonina, parece não funcionar.
Então, de onde vem a depressão?
Não é um raciocínio simplista assim e, portanto, o mais provável causador do problema seja a inflamação silenciosa.
Digo isso, pois um estudo da Universidade de Emory encontrou uma ligação clara entre inflamação e depressão. Quanto maior o grau de depressão dos pacientes, maior era a sua inflamação. E quando se reduz a inflamação, há um alivio da depressão nos pacientes.
Com certeza a alergia alimentar pode ter um fator muito importante nesses processos, pois atualmente ingerimos grãos com muita frequência, que pode gerar importante contribuição no problema pela inflamação que causa.
Por isso os grãos, no caso o glúten, por conter proteínas pró-inflamatórias, tem sido associado à depressão.
Isso está muito claro num estudo realizado na Austrália, no qual avaliaram 22 pessoas que não consumiam glúten, divididos em três dietas distintas: um grupo que começou a receber glúten, ou soro de leite ou placebo por apenas três dias.
Na sequência, o estado mental dos participantes foi avaliado, e os indivíduos que ingeriram glúten pontuaram muito mais na escala de depressão do que os outros.
Portanto, antes de pensar em antidepressivos, é aconselhável a fazer um teste e suprimir grãos da sua dieta, passando a se alimentar como nossos ancestrais que nunca ingeriam grãos.
Consuma a maioria de suas calorias de gordura e proteína:
- carne bovina e produtos lácteos de animais criados a pasto
- peixes de águas frias profundas
- aves e ovos de animais criados a pasto.
Enfatize gorduras saudáveis como: azeite, manteiga, banha e óleo de coco.
E se precisar atacar a depressão, veja alguns compostos naturais que elevam seu humor:
– SAMe
Essa molécula é importante na produção de neurotransmissor, sendo usado na Europa para tratar a depressão há mais de 20 anos.
Segundo um estudo de Harvard, os psiquiatras trataram 30 pacientes com depressão grave que não responderam a medicamentos clássicos.
Então foram tratados com SAMe, e em apenas seis semanas, 50% dos pacientes responderam a esse suplemento – 43% deles até tiveram uma remissão dos seus sintomas!
– Ômega-3
Há uma correlação clara que mostra que as gorduras ômega-3 ajudam a afastar a depressão. Seu consumo aumenta a massa cinzenta nas áreas do cérebro que controlam a depressão, as emoções e o humor. Essa melhora também pode ser observada em pacientes bipolares que não respondem adequadamente a drogas químicas.
Nesses casos, o óleo mais adequado é o de krill, pela maior pureza e eficiência.
– Magnésio
A deficiência de magnésio a nível cerebral está ligado à depressão grave. Sua suplementação pode melhorar a condição em menos de uma semana.
Portanto, fique de olho nessas opções! Aconselho que converse com o seu médico sobre dosagens e possibilidades no seu caso clínico.
Referências bibliográficas:
- ACS chemicalneuroscience. 2014
- Anatomy of an Epidemic: Magic Bullets, Psychiatric Drugs and the Astonishing Rise of Mental Illness in America. Crown Publishing.2010
- PLOS Medicine.November 8, 2005.
- BiolPsychiatry. 2009 May 1.
- Aliment Pharmacol Ther. 2014.