Com a rotina cada vez mais acelerada e as inúmeras atividades da vida moderna, cada vez mais pessoas estão varando a noite para dar conta de tudo. Elas estão ficando expostas por um tempo maior à luz artificial externa e nem sequer imaginam o risco que isso representa para a saúde.
Um estudo recente, publicado no jornal da Associação Europeia para o Estudo do Diabetes, a Diabetologia, mostrou que a luz artificial externe à noite – também conhecida como LAN – está relacionada a um risco aumentado de diabetes.
Este estudo foi realizado pelo Instituto de Doenças Endócrinas e Metabólicas de Xangai, Hospital Ruijin, Escola de Medicina da Universidade Jiaotong de Xangai, na China. Ou seja, em um dos países com o maior índice de iluminação artificial no mundo.
Inclusive, o diabetes vem sendo considerado como um problema crítico de saúde pública na China e isso se deve a fatores de risco comportamentais e ambientais causados, essencialmente, pela rápida urbanização e o crescimento econômico do país.
Riscos da LAN
Além dos riscos para a saúde, como veremos adiante, a luz artificial à noite representa também um risco em potencial para o meio ambiente, pois ela causa um desequilíbrio no organismo de insetos, plantas e animais, podendo leva-los à morte.
Por si só essa baixa na biodiversidade já provoca sérios danos à saúde do homem, considerando que somos totalmente dependentes da fauna e da flora.
Acontece que, além das causas ambientais, a LAN também interfere no nosso organismo de forma silenciosa, mas potencialmente fatal.
Um estudo feito com trabalhadores noturnos demonstrou que aqueles que são expostos à luz noturna artificial estão mais propensos a ter ritmos circadianos interrompidos.
Vale lembrar que os ritmos circadianos estão relacionados às mudanças que ocorrem no nosso organismo, incluindo reações mentais e físicas, no período de 24 horas.
Somado à essa interrupção, esses trabalhadores também apresentaram riscos aumentados para doença cardíaca coronária.
Como se não bastasse, outra pesquisa apontou que uma maior exposição à LAN está associada a um aumento de 13% e 22% na probabilidade de sobrepeso e obesidade, respectivamente. Nessa pesquisa ela também foi apontada como uma das causas do desenvolvimento de diabetes em idosos.
O aumento da intensidade da LAN, também trouxe aumentos correspondentes no índice médio de massa corporal (IMC), pressão arterial sistólica e níveis de colesterol ‘ruim’ (LDL) na população exposta.
O que mais o estudo chinês aponta
Para chegar aos resultados finais, o estudo se valeu de dados do Estudo de Vigilância de Doenças Não Transmissíveis da China. Os pesquisadores fizeram uma amostra representativa da população chinesa tomada em 2010 em 162 locais em todo o país.
Quase 99 mil adultos chineses, passaram por entrevistas para coletar informações demográficas, médicas, renda familiar, estilo de vida, educação e histórico familiar. A idade média dos participantes foi de 42,7 anos e aproximadamente metade eram mulheres.
Foram calculados o Índice de Massa Corporal (IMC) e coletadas amostras de sangue para obtenção dos níveis de glicose sérica em jejum e após a refeição, bem como a hemoglobina glicada.
A partir daí os participantes de cada local de estudo receberam um nível médio de exposição à luz artificial noturna ao ar livre. Os níveis de exposição foram ordenados do mais baixo ao mais alto e agrupados em cinco grupos de 20% do mais alto ao mais baixo (os chamados quintis), com a intensidade de luz mediana no quintil mais alto sendo 69 vezes maior do que no mais baixo.
O estudo descobriu que:
– o quintil mais alto de exposição à LAN estava associado a um aumento relativo de 28% na prevalência de diabetes do que nas áreas do quintil mais baixo.
– a exposição crônica à LAN externa residencial foi positivamente associada aos níveis de glicose no sangue, resistência à insulina e prevalência de diabetes, e inversamente associada à função das células beta, mesmo após o ajuste para muitos fatores de risco importantes para diabetes.
– em média, para cada 42 pessoas que vivem em regiões no quintil mais alto de exposição à LAN, há mais um caso de diabetes que não teria ocorrido se esses indivíduos vivessem em áreas no quintil mais baixo.
Associação Médica Americana pede mais atenção à luz artificial
Não só os chineses vêm chamando a atenção para os riscos da luz artificial. Já em 2016, no Congresso Anual da Associação Médica Americana, foram apresentadas novas diretrizes de como se deve reduzir o efeito negativo para a saúde e seus efeitos ambientais pelas luzes de LED, especialmente nas ruas.
Apesar da economia que geram, são lesivas, tanto é que algumas cidades americanas que colocaram muita iluminação de LED nas ruas já estão tendo que reduzir essa quantidade.
Nova York já reduziu 25% das iluminações de LED nas ruas. O motivo é o desconforto e a desabilidade causada pela intensidade da luz, que pode promover diminuição de acuidade visual e segurança, além de suprimir a produção de melatonina à noite, muito mais do que outras formas de iluminação.
E isso, como consequência promove:
– redução de horas de sono;
– sonolência diurna, com comprometimento das funções; e
– obesidade
Como evitar a luz azul artificial
Essa luz azul artificial deve ser evitada sempre, e não somente à noite. Para isso deve-se, após o entardecer, usar óculos que bloqueiam essa luz, com lentes âmbar, ou específicos para bloquear essa luz artificial.
Assim você reduz essa exposição nas ruas, no uso dos equipamentos eletrônicos e no ambiente de casa, o que é benéfico para a sua saúde.
Fique atento ao tempo que você passa exposto a esse tipo de iluminação e tente reduzi-lo ao máximo.
Mesmo que hajam outras causas mais expressivas para o desencadeamento de diabetes e outras doenças crônicas, evitar a luz natural não pode deixar de ser considerado como uma forma de prevenção se você quiser ter uma supersaúde!
Referências Bibliográficas
– Diabetologia. “Novo estudo revela que a exposição à luz artificial externa à noite está associada a um risco aumentado de diabetes”.
– Luz Azul Artificial: Nossa Nova Inimiga: https://drrondo.com/luz-azul-artificial/