A previsão é que os laboratórios brasileiros comecem a disponibilizar kits para diagnóstico de COVID-19 de várias metodologias, pois a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o teste do maior número possível de pessoas. O objetivo é mapear melhor e mais precocemente as contaminações, para indicar isolamentos quando necessário.
O próprio Ministério da Saúde anunciou que pretende aumentar os testes do tipo PCR para chegar a uma escala de aproximadamente 50 mil exames diários.
Tenho sido questionado por muitos pacientes sobre a validade de testes particulares que estão sendo oferecidos. Como isso vem de encontro com a preocupação de cada um, é importante saber realmente o que vale a pena e tem fundamento em cada momento. Assim, evitam-se erros de diagnóstico e desperdício de dinheiro.
Agora, veja de uma forma bem simples e direta a diferença de cada exame e quando ele tem fundamento.
1. Pesquisa de RNA do vírus RT PCR COVID-19
Este é o que se considera o gold standard, ou seja, o exame aonde se determina a primeira entidade da doença (usam o código genético do vírus) que se estabeleceu no corpo do paciente. Este teste:
- Atinge todas as etapas de potencial infeccioso em indivíduos, apresentando sintomas ou não.
- Baseia-se na detecção do RNA do vírus.
- Pode-se detectar logo nos primeiros dias de infecção.
Nesse tipo de teste, o paciente não precisa apresentar nenhum sinal aparente da doença, pois muitos terão o vírus em seu corpo, mas não apresentarão sintomas. Mas é importante lembrar que mesmo assim a pessoa estará disseminando o vírus entre todos os seus contatos.
No caso de quem teve contato com um doente já identificado, é imperativo que ele e seus contatos próximos façam este exame o mais rápido possível e sejam isolados. Essa é a metodologia que foi usada em massa na Coreia do Sul. O teste de pesquisa de RNA do vírus RT PCR COVID-19 é a resposta final e precisa sobre a presença do vírus na amostra analisada.
2. Teste para pesquisa de antígeno COVID-19
Todo antígeno, ao entrar em um organismo, se liga a anticorpos ou receptores de célula B, promovendo uma resposta imunológica através dos linfócitos. Neste teste, a detecção também é a partir da instalação do vírus no organismo, sendo usado em fase aguda da doença (entre o 2º e 7º dia após início dos sintomas). Ele:
- Não possui a sensibilidade e a especificidade desejada.
- Porém o resultado é rápido, cerca de 10 minutos, sendo bem útil para indicar o isolamento rápido do paciente, até que se tenha a confirmação diagnóstica através do PCR COVID-19.
Ou seja, mesmo realizando este teste, é importante não só para a pessoa, mas para todos os seus contatos, realizar o teste referência, que é o PCR COVID-19.
3. Teste para pesquisa de anticorpos IgA COVID-19
Os anticorpos IgA teoricamente são os primeiros a aparecerem, portanto trata-se de um teste de resultado precoce. Em média, eles aparecem cinco dias após o início dos sintomas.
4. Teste para pesquisa de anticorpos IgG / IgM para COVID-19
É o teste rápido mais divulgado. Em média, os anticorpos IgM aparecem 5 dias após o início dos sintomas, e os anticorpos IgG são detectados após o 14º dia do início dos sintomas.
A detecção do IgM positivo, a princípio, é resultado de uma exposição recente. Mas há uma possibilidade deste IgM ser residual (reação cruzada com outra doença), ou seja, anticorpos que se encontravam no organismo, visto que permanecem por vários meses. Neste caso, pode gerar um resultado falso positivo.
Portanto, deve-se ter muito cuidado na sua interpretação, entendendo o momento do paciente. Nem todos formarão anticorpos nos primeiros dias, podendo promover o resultado falso positivo.
Novamente, é necessária a confirmação diagnóstica através do PCR COVID-19, pois o objetivo não é isolar os IgM positivos e sim os que apresentam carga viral positiva.
Espero que essas informações tenham esclarecido melhor as diferenças entre os testes para o COVID-19. E é sempre importante lembrar: invista na prevenção e mantenha seu sistema imunológico em alta. Esse é o caminho para uma Supersaúde, mesmo em tempos de pandemia.
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Referências bibliográficas:
- Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)
- Organização Mundial da Saúde (OMS)