Como restaurar a saúde da agressão dos óleos vegetais

Nas últimas décadas, a composição de gordura do corpo humano tem mudado substancialmente em relação aos nossos ancestrais.

Nossos bisavós viveram numa época que a estratificação das gorduras era basicamente saturadas, e agora predominam os ácidos graxos poliinsaturados (PUFA), em especial o ácido linoleico (LA).

Hoje o nosso tecido adiposo contém 136% mais ácido linoleico do que a 50 anos atrás.

O motivo disso, é claro, foi pelo aumento da ingesta de óleos vegetais, alimentos refinados que contém os mesmos óleos e uma vilificação das gorduras saturadas, o que causou sua queda de consumo. 

Consequências dessa mudança

As gorduras poliinsaturadas (PUFAs) são instáveis e de fácil oxidação, ao passo que as gorduras saturadas não são agredidas por oxidação.

No caso, veja os 2 motivos que causam oxidação nos ácidos graxos poliinsaturados (PUFA), levando a inflamação e dano celular:

– Oxidação enzimática, ocorre quando o ácido linoleico é convertido em ácido araquidônico, levando a aumento de inflamação.

– Oxidação não enzimática, ocorre quando os radicais livres atacam os PUFAs, formando aldeídos tóxicos, promovendo disfunção celular, dano oxidativo e inflamação sistêmica. Esse processo aumenta quando as gorduras ricas em PUFAs são expostas ao calor, oxigênio ou estresse oxidativo.

Reduzir a ingesta de PUFAs

Este é um processo lento, no qual deve-se evitar ao máximo o uso desses óleos vegetais e alimentos industrializados, por conterem esses produtos.

Saiba que a meia vida desses óleos, inseridos nas nossas gorduras levam 680 dias para serem eliminados, ou seja, demoram quase 2 anos para se ficar livre deles.

Estratégia protetora contra PUFAs

Enquanto se está reduzindo a ingesta de PUFAs, é interessante introduzir na dieta gorduras saturadas de cadeia ímpar, como o C15:0.

O C15:0 é um ácido graxo saturado essencial, que o nosso corpo não pode sintetizar em quantidades adequadas.

Através da fermentação de fibras pelo microbioma intestinal, se consegue pequenas quantidades desse ácido graxo.

Porém, a maioria das pessoas é deficiente de C15:0 pelo pouco consumo de fontes alimentares tradicionais que o contém, como laticínios gordurosos e gordura de animal ruminante.

Benefícios do C15:0

O seu mais importante benefício é reduzir o dano oxidativo causado pelo excesso de PUFAs.

Por ser uma gordura saturada estável, o C15:0 é incorporado nas membranas celulares, tornando-as mais resistentes à peroxidação e redução de estresse oxidativo.

Com isso, protege os PUFAs de serem oxidados.

Apresenta também outros benefícios como:

– Fortalece estruturas celulares

– Reduz inflamação

– Melhora a função mitocondrial

– Ativa o metabolismo

– Aumenta a produção de energia

– Melhora a diversidade do microbioma intestinal

– Favorece a função das enzimas hepáticas

– Reduz risco cardiovascular

Fontes alimentares de C15:0

1. As maiores concentrações estão em:

– gorduras lácteas

– gorduras de animais ruminantes

Lembre-se que gorduras de animais confinados apresentam menor nível de C15:0.

Portanto, prefira produtos de animais criados à pasto.

2. Cozinhar com manteiga de animal à pasto, Ghee ou sebo, em vez de óleos vegetais ou óleo de oliva.

3. Consuma regularmente queijo de animal criado à pasto.

Assim você restaura o perfil de gorduras como dos nossos ancestrais, garantindo um melhor e mais saudável metabolismo.

Referências bibliográficas:

– Adv Nutr. 2015 Nov 10;6(6):660–664

– Journal of Biological Chemistry. Volume 284, Issue 48, 33425-33436

– Progress in Lipid Research.  May 2006,Volume 45, Issue 3, Pages 203-236

– Journal of Lipid Research. Volume 38, Issue 10, 2012-2022

– Prostaglandins Leukot Essent Fatty Acids. 2012 Oct-Nov;87(4-5):135-41.  

– Journal of Lipid Research. 1 January 1966,Volume 7, Issue 1, Pages 103-111

– J Lipid Res. 1966 Jan;7(1):103-11

– Nutrients. 2023, 15(21), 4607

– Sci Rep. 2020; 10, 8161 

– Discover C15:0, Promising broad benefits from C15:0

– Nutrients. 2023 Oct 30;15(21):4607

– WholeFoodCatalog, Foods High in Pentadecanoic acid

– Foods. 2019 Aug 17;8(8):350

< Artigo Anterior