Comer Insetos: a Alimentação do Futuro?

Aposto que muita gente vai ter calafrios só de ler o título desse artigo. Você é uma delas? A ideia de comer insetos, à primeira vista, pode parecer um absurdo. Afinal de contas, sempre aprendemos que eles são sujos, transmitem doenças e devem ser exterminados do nosso convívio.

Bom, como sempre, tudo depende do ponto de vista e, principalmente, do modo como são criados. No ocidente, tendemos a ter uma verdadeira aversão aos insetos… Mas você sabia que, no mundo todo, comer insetos é um hábito para pelo menos 2 bilhões de pessoas?

Eles estão em sua maior parte em países orientais e no continente africano. No Japão, as larvas de uma determinada vespa são muito apreciadas; em Malawi, as cigarras são um prato adorado; e na China… Bem, você já deve ter sido em alguma reportagem que muitos e muitos insetos são vistos como iguarias alimentares.

Comer insetos vai salvar o planeta?

Atualmente, há mais de 1900 espécies de insetos consideradas apropriadas para o consumo humano. Tanto que a FAO, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, considera-os uma saída futura para a necessidade crescente de alimentos para a população mundial.

O primeiro motivo para isso tem relação com o meio ambiente. É claro que para criar insetos que podem servir como alimentação são necessários criadouros especiais com condições de higiene adequadas, certo? Ainda assim, é preciso muito menos espaço e alimentos para a criação desses pequenos seres.

O segundo motivo é que eles têm grandes concentrações de proteínas. Segundo Marcel Dicke, professor de entomologia da Universidade de Wageningen, as moscas, por exemplo, tem quase 60% de proteínas, enquanto a carne de boi tem 28%. Em casos de escassez de alimentos, elas seriam então uma saída a se considerar. Há quem acredite, inclusive, que você já deveria comê-las agora.

Será que vale a pena?

Um dos principais problemas de comer insetos é essa mesmo que você está pensando ao ler esse texto: o fator cultural, ou seja, a aversão que temos a eles.

Um grupo de pesquisadores comparou a aceitação de insetos na alimentação em alemães e chineses. No país oriental, que já tem esse costume, as pessoas tiveram a tendência a aceitarem melhor os insetos mesmo em seu “formato natural”. Já na Alemanha os mais aceitos eram alimentos feitos com matéria prima de insetos, mas processados.

A conclusão da pesquisa é que tudo se trata da familiaridade de cada cultura com esse tipo de alimentação. Segundo eles, se os insetos forem aos poucos incorporados na alimentação ocidental, no futuro isso não parecerá tão estranho como hoje.

Inclusive já falei por aqui sobre a descoberta de um “leite de barata” que é uma aposta de superalimento. Será que em algumas décadas comer insetos vai ser comum? É aguardar para ver. Enquanto isso, aproveite as dicas de alimentação e receitas aqui do site. E fique tranquilo: por enquanto não temos nenhuma com esses bichinhos!

 Referências bibliográficas:

  • Forest products critical to fight hunger – including insects. Food and Agriculture Organization. 13 may. 2013.
  • Food Quality and Preference. Volume 44, September 2015, Pages 148-156.
  • Revista Super Interessante. 31 out. 2016.
  • Mosaic BBC. 14 out. 2016.
  • https://drrondo.com/leite-de-barata-mais-novo-superalimento/
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