Por décadas, tanto os médicos como as Instituições Governamentais têm tentado convencer os fumantes a se afastarem desse hábito.
Há varias estratégicas medicas para parar de fumar, como gomas, pastilhas, emplastros, medicamentos e até sprays nasais.
Estas estratégicas tem um êxito relativo, porém, a grande expectativa era que o cigarro eletrônico pudesse ser a melhor solução para se conseguir o sucesso em abandonar o cigarro. Isso por ele reproduzir os rituais físicos e sociais do fumante.
Apesar de ser cedo para certas confirmações, a literatura já é extensa mostrando muitos riscos.
Os cigarros comuns, que dependem da queima de tabaco, liberam milhares de compostos tóxicos nos pulmões e no ar circundante a cada tragada.
Já os cigarros eletrônicos (e-cigs), apontados como uma alternativa mais segura e mais limpa ao tabagismo, apesar de apresentarem níveis tóxicos reduzidos em relação aos cigarros, são potencialmente perigosos para sua saúde.
O que alguns estudos sobre cigarro eletrônico mostram
– Estudo recente realizado por pesquisadores da USC Biterbi descobriu que os cigarros eletrônicos têm 10 vezes menos partículas cancerígenas em seu vapor em relação ao fumo dos cigarros convencionais, porém,eles liberam metais tóxicos, em especial níquel e prata, que mesmo em quantidades muito baixas são extremamente tóxicos.
Segundo o coordenador do estudo, “As partículas de metal provavelmente vêm do cartucho dos próprios dispositivos de cigarro eletrônico – o que abre a possibilidade de que melhores padrões de fabricação para os dispositivos possam reduzir a quantidade de metais na fumaça”.
Estudos desse tipo são necessários para a implementação de medidas regulatórias eficazes. E-cigarros são tão novos, simplesmente não há muita pesquisa disponível sobre eles ainda “.
– Outro estudo para detectar metais tóxicos, incluindo nanopartículas em vapor de e-cigarette, mostrou estanho, cobre, níquel, prata, traços de silicato e nanopartículas em quantidades maiores do que você pode estar exposto de fumar um cigarro convencional. Com isso, os pesquisadores concluíram:
“O Cartomizer aerosol de um fabricante líder de EC [cigarro eletrônico] continha metais, esferas de silicato e nanopartículas. Juntas de solda pobres parecem ter contribuído para a presença de estanho no aerosol. Em testes de citotoxicidade, o fluido do cartomizer contendo partículas de estanho inibiu afixação e sobrevivência de hPF [fibroblastos pulmonares humanos].
Outros metais provavelmente vieram dos fios (cobre, níquel, prata) e outros componentes metálicos usados nos cartomizers, enquanto as partículas de silicato pareciam vir das mechas de fibra de vidro.
Enquanto as fibras externas filtravam muitas das partículas de estanho, quantidades significativas de estanho, outros metais e contas de silicato escapavam para o aerossol e resultavam em exposição humana, em alguns casos provavelmente maior do que um usuário de cigarro convencional experimentaria.”
Essa exposição crônica a metais tóxicos pode variar de sintomas sutis a doenças graves, pelo acúmulo destes metais no corpo ao longo do tempo.
Efeito sem químicos causadores de câncer
Tanto o cigarro convencional como o e-cigs estão ligados com câncer. No caso destes, quando você toma um cigarro eletrônico, uma bateria aquece um líquido.
Dentro do cartucho do cigarro eletrônico, segundo a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, há um produto anticongelante potencialmente letal chamado dietilenoglicol, além de nitrosaminas específicas do tabaco, que estão ligadas ao câncer.
Segundo a Americans for Nonsokers Rights (ANR), esse mesmo líquido contém substâncias químicas identificadas como carcinogênicos e tóxicas reprodutivas como:
- Acetaldeído
- Benzeno
- Cádmio
- Formaldeído
- Isopreno
- Níquel
- Nicotina
- N-Nitrosonornicotina
- Tolueno
Concentração de nicotina no E-Cigs pode ser mortal
Sabemos que a nicotina é viciante para qualquer pessoa, mas o é especialmente entre os adolescentes, devido à vulnerabilidade de seu córtex pré-frontal, a parte do cérebro envolvida na tomada de decisões, controle emocional e regulação de impulsos. Ou seja, ela compromete o desenvolvimento do cérebro dos jovens mais do que os dos adultos.
O cartucho do cigarro eletrônico contém um líquido aromatizante com tabaco, mentol, cereja, baunilha ou java, um umectante (tipicamente propilenoglicol ou glicerina vegetal) e, às vezes, nicotina.
Conforme se inala, você recebe uma “dose” de nicotina aromatizada sem os produtos químicos normalmente produzidos a partir da queima do tabaco, mas com outros produtos químicos.
Nesse líquido do cartucho dos cigarros eletrônicos há nicotina líquida altamente concentrada, a maioria em níveis entre 1,8% e 10%, conforme se vê disponível na internet.
Níveis acima de 7% já seriam uma dose letal para um adulto, se consumido menos do que uma colher de sopa.
De acordo com o New York Times:
“Relatos de envenenamentos acidentais, especialmente entre crianças, estão subindo. Desde 2011, parece ter havido uma morte nos Estados Unidos, um suicídio por um adulto que injetou nicotina. Mas casos menos graves levaram a um aumento nas chamadas por envenenamento. Em todo o país, o número de casos ligados a e-líquidos saltou para 1.351 em 2013, um aumento de 300% em relação a 2012, e o número deve dobrar neste ano, de acordo com informações do National Poison Data System. Em 2013, 365 foram encaminhados para hospitais, o triplo do número do ano anterior.”
Problemas respiratórios
Muitas pessoas que inalaram vapores de e-cig relataram problemas respiratórios, tosse, dor de garganta, dor no peito e reações alérgicas como coceira e inchaço dos lábios.
Problemas cardiovasculares
O líquido usado para dar sabor a cigarros eletrônicos, de acordo com um estudo da Boston University School of Medicine, pode induzir sinais precoces de doença cardiovascular a nível celular, levando a ataques cardíacos, derrames e até a morte.
De acordo com a autora do estudo, a PhD Jessica Fetterman:
“O aumento da inflamação e a perda de óxido nítrico são algumas das primeiras mudanças que levam a doenças cardiovasculares e eventos como ataques cardíacos e derrames, por isso são considerados preditores precoces de doença cardíaca. Nossos resultados sugerem que esses aditivos podem ter sérios consequências para a saúde”.
Apesar das respostas a nível epidemiológicos levarem um bom tempo, as informações que estão disponíveis, ao meu ver, são claras: trata-sede um passatempo menos ruim que o cigarro, mas isso não significa que seja bom para você.
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Referências bibliográficas:
- Journal of Environmental Science, Processes and Impacts. September 2, 2014
- MedicineNet. September 3, 2014
- PLoS ONE. March 20, 2013, 8(3): e57987
- USFDA. May 4, 2009
- HuffingtonPost. April 17, 2014
- World Health Organization. August 26, 2014
- New York Times. March 23, 2014
- Science Daily. June 14, 2018
- The Outline. June 14, 2018
- Gizmodo. June 13, 2018
- O Estado de São Paulo. 23 de Setembro de 2018. A23
- www.economist.com. 2018