Eu tenho certeza que existe algum cheiro que te traz boas recordações de tempos atrás. Pode ser o cheiro de alguma comida que sua avó fazia quando você era criança, o odor das plantas de algum jardim ou praça onde você brincava sempre… E por aí vai.
A verdade é que o cheiro tem uma relação íntima com nossas memórias. Mas como será que eles são guardados e permanecem tão vivos na nossa lembrança? Essa é uma resposta que alguns cientistas da Universidade de Toronto podem estar começando a compreender.
O que acontece, segundo eles, é que as informações sobre espaço e tempo se integram em uma região do cérebro importante para o sentido do olfato: o núcleo olfativo anterior (AON). Essa ainda é uma região pouco conhecida do nosso cérebro pela ciência.
Quando cheiro, espaço e tempo se juntam, você tem uma memória completa – o que, onde e quando – ativada pelo olfato. Para usar o exemplo do início do texto: você se lembra da comida que sua avó fazia (o que), todas as vezes que passava o fim de semana na casa dela (onde) durante suas férias de verão (quando). Isso faz a recordação ser tão viva e especial.
Mas essas descobertas não são importantes só com relação ao assado da vovó. Tem muita coisa importante implicada…
Cheiro, memória e Alzheimer
Ao analisar esse núcleo olfativo anterior, os pesquisadores encontraram uma importante ligação nervosa com o hipocampo, região crítica para a memória que é muito afetada pelo Alzheimer. Curiosamente, a perda ou redução da capacidade de sentir cheiros é um dos primeiros sinais da doença…
Segundo os pesquisadores, a descoberta desse circuito pode trazer avanços nas pesquisas dos problemas desse tipo:
“Isso demonstra que agora entendemos quais circuitos no cérebro governam a memória episódica do olfato. O circuito pode agora ser usado como um modelo para estudar aspectos fundamentais da memória episódica humana e os déficits de memória de odor vistos em condições neurodegenerativas”.
Ou seja, entender como funciona a relação entre o cheiro e a memória pode ajudar a descobrir doenças neurodegenerativas mais cedo. É esperar para conferir os avanços!
Bom, e se você quiser algumas dicas para ter uma super memória, dê uma olhada em outro post sobre o assunto. É só clicar aqui!
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Referências bibliográficas:
- Nature Communications volume 9, Article number: 2735 (2018).
- Scientists uncover new connection between smell and memory. Science Direct. 23. Jul. 2018.
- https://drrondo.com/dicas-memoria/