Carne Vermelha dá Câncer? Veja o que o estudo da OMS não te contou!

A mídia está agitada com a última nota da Organização Mundial da Saúde, que classificou carne processada e curada como carcinogênica e as colocou na mesma categoria do amianto, álcool, arsênico e tabaco… E em relação à carne vermelha e câncer, o que a ciência fala?      

Vou comentar novamente esse assunto, pois, todo ano, sempre procuram alguma forma de atacar a carne vermelha. Por décadas tem se dito para não se comer carne vermelha por causa do colesterol e gordura saturada que ela contém… Quando esses argumentos estavam se tornando menos convincentes, como o que já está ocorrendo, aparece outro argumento: que não podemos comer carne vermelha por causa do aumento da produção de um composto chamado TMAO, que causa doença cardíaca. Isso também já foi bem esclarecido.

Agora, nós temos ouvido para não comer carne vermelha – especialmente curada e processada – porque isso causaria câncer. Numa reportagem recente, a Organização Mundial de Saúde classificou o bacon, a linguiça e outras carnes curadas e processadas como carcinogênicos grupo 1, ou seja, a mesma categoria do tabaco, amianto, álcool e arsênico. Além disso, colocam a carne vermelha na categoria grupo 2A, que sugere que provavelmente é cancerígena a humanos, apesar de só encontrarem alguma evidência quando os estudos foram feitos em animais!

Claro, isso não é um argumento novo, tem cerca de 40 anos. Antes de 1975 os cientistas já especulavam que o consumo de produto animal estava correlacionado ao câncer.   

Qual é a consistência dessa relação entre carne vermelha e câncer?

As evidências que suportam essa alegação nunca foram consistentes, como os proponentes sugerem. Eu tenho criticado e revisado essas evidências em diversas ocasiões no passado, como você pode ver no meu site, além de mostrar toda a verdade no meu livro Sinal Verde para a Carne Vermelha, editado em 2011. Com certeza, imagino que muitos de vocês talvez não tenham tempo de ler esse material, então eu vou resumir os pontos mais salientes nesse caso.       

Vamos lá. O que você precisa entender é que é necessária uma co-linearidade entre o consumo de carne vermelha e outros fatores como:

Fatores dietéticos:

  • Estilo de vida do mundo ocidental;
  • Alto consumo de açúcar refinado e álcool;
  • Pouca ingesta de frutas, vegetais e fibras.

Fatores comportamentais:

  • Pouca atividade física;
  • Fumo em excesso;
  • IMC alto.

Fatores científicos de avaliação:

  • Estudo randomizado e não observacional

Num mundo ideal, nós deveríamos ser capazes de conduzir um estudo randomizado, controlado para determinar se carne vermelha causa câncer. Seria necessário isolar os indivíduos com vigilância médica, com alimentação, exercícios e outros fatores de estilo de vida estritamente controlados. Uma vez feito isso, separar dois grupos e alimentá-los de formas diferentes: um grupo com mais carne vermelha e outro com menos.

Infelizmente isso nunca vai ocorrer. O câncer leva décadas para se desenvolver, portanto, essas pobres almas poderiam estar vivendo em uma vigilância por ao menos 20 anos. Mesmo que encontrássemos pessoas voluntárias para um estudo desses, seria astronomicamente caro. Como resultado, nós somos levados a confiar em estudos observacionais na questão da relação entre carne vermelha e câncer. O problema com isso é que esses estudos observacionais não provam causalidade, eles somente demonstram uma associação causal!       

O melhor estudo observacional possível deveria eliminar a influência de todos os fatores anteriores. Mas, na prática, isso é difícil… para não dizer impossível!

Fatores de criaçãoCarne de animais criados a pasto

Esses estudos avaliados pela OMS são todos baseados em animais criados em confinamento, muito diferente da carne que consumimos no Brasil, aonde mais de 80% da carne vem de animais criados a pasto. Para se ter uma ideia, nos EUA, 96% da carne consumida é de animais que vivem em confinamento.

Na condição de confinamento, o gado recebe todo tipo de recurso para que se obtenha a carne no menor tempo possível, o que implica no uso de estratégias artificiais, animais estressados e fora do ambiente natural, rações também não naturais à sua alimentação, antibióticos, hormônios, estimulantes de crescimento, enfim, tudo que acaba também alterando sua flora intestinal e a nossa por consequência. Isso potencializa ainda mais o risco desfavorável, pois como você sabe, você é o que você come, o que vale para os animais também. E ao nos alimentarmos deles, comprometemos altamente a nossa saúde. Então, consuma sempre carne de animais criados a pasto!

Fatores de ecologia intestinal

Fatores de ecologia intestinal são de significativa importância e deveriam ser levados em consideração nos estudos da OMS, mas NÃO foram. Veja:

Flora bacteriana: estudos prévios têm mostrado que a composição da flora bacteriana pode afetar diretamente a influência de fatores dietéticos no risco de câncer.

Por exemplo, Streptococcusbovis, Bacteroides, Fusobacterium, Clostridia e HelicobacterPylori têm sido implicados no desenvolvimento de tumores, enquanto Lactobacillusacidophilus L-plantarum e Bifidobacterium Lougum têm se mostrado inibidores de câncer de cólon. Outros estudos têm mostrado que certas espécies de bactérias estavam elevadas em populações com alto risco de câncer de cólon, enquanto outras espécies eram altas em populações com risco de câncer de cólon reduzido.

Finalmente, um estudo recente comparou a flora intestinal de 60 pacientes com câncer colo retal a 119 pacientes normais, no grupo controle. Os pacientes com câncer tiveram elevação significativa de Bacteroides / Prevatella (ambas as espécies são reconhecidas como potencialmente lesivas), quando comparada com o grupo controle, e a diferença não afetou as características gerais dos pacientes (isso é, idade, IMC, histórico familiar de câncer), tamanho de tumor, localização ou estágio da doença.

Resumindo, as pessoas com ecologia intestinal alterada (flora intestinal alterada) estão em risco de câncer caso consumam qualquer alimento, o que vale para a carne vermelha também.

Refletindo

Mesmo que você ignore tudo o que está escrito neste artigo e aceite o que a Organização Mundial de Saúde afirma, você sabe o quanto aumenta o seu risco de câncer se você comer carnes curadas e processadas? Cerca de 3 casos de câncer de cólon por 100 mil adultos. Isso significa que você tem 1 em 33 mil chances de desenvolver câncer de cólon por comer carnes curadas e processadas, segundo a OMS.

Como podem estar as carnes curadas e processadas classificadas no mesmo nível do tabagismo, que todos sabemos que aumenta o risco de câncer de pulmão em 20 vezes?

A Organização Mundial de Saúde classificou outros 940 agentes carcinogênicos, além de carne vermelha, como potencial carcinogênico.

Então, vamos seguir o que eles dizem. Veja alguns exemplos do que você teria que fazer:

  • não respire o ar (carcinogênico classe 1)
  • não se sente perto de uma janela repleta de sol (classe 1)
  • não aplique Aloe Vera (classe 2B)
  • simplesmente não tome sol! (classe 1)
  • não pense em beber vinho ou café (classe 2B)
  • não consuma alimento grelhado (classe 2A)
  • não trabalhe por turnos (classe 2 A)

Realmente, fica difícil viver neste mundo…

Portanto, o que essa pesquisa mostra é que o consumo moderado de carnes processadas ou curadas é susceptível de constituir um risco significante de saúde, mas você pode contornar isso com os seguintes conselhos:

  • melhorando a sua flora intestinal;
  • consumindo alimentos verdadeiros, ricos em nutrientes;
  • exercitando-se regularmente;
  • fazendo terapias de desintoxicação;
  • tomando suplementação antioxidante.

Em relação à carne vermelha há menos evidências, sugerindo que nós devamos limitar o consumo de carne vermelha fresca, mas que deva ser preparada por métodos corretos e no ponto certo. Essa limitação do consumo não é nada novo, aliás, é exatamente o que tenho pregado nos meus artigos e livros, ou seja, consuma carne em quantidade moderada e use altas concentrações de gorduras boas (60 a 85%), fibras vegetais e frutas com bastante moderação para se ter o máximo de saúde.

Vejo você na polêmica do próximo ano!

Super saúde!

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Referências bibliográficas:

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