Conforme as estatísticas de mortes mostram uma maior predisposição ao coronavirus, já temos conhecimento de que obesidade, diabetes e doenças cardíacas, são as mais preocupantes.
Agora, algo curioso tem mostrado ser um forte indicador da vulnerabilidade dos homens ao COVID-19, fato que não se observou nas mulheres. Essa descoberta vem de pesquisadores da Universidade Swansea do Reino Unido que avaliaram medidas dos dedos anelares de 103.482 homens e 83.366 mulheres de 41 países em relação aos dedos indicadores.
Trata-se da proporção entre os dedos indicador e o anelar, que na verdade já tem uma correlação de maior exposição à testosterona no intra útero. Ou seja, é algo que os indivíduos já nascem com essa característica.
Quando se tem o dedo anelar maior que o dedo indicador, haverá menor risco de morte por COVID-19.
Nos países em que os homens tem essa característica, como Malásia, Rússia e México, a taxa de mortalidade por COVID-19 foi de 2,7 por 100.000.
Já em países como Reino Unido, Espanha e Bulgária, aonde os homens tem um comprimento menor do dedo anelar em comparação com o dedo indicador, a taxa de mortalidade por COVID-19 foi de 4,9 por 100.000.
Portanto, níveis mais altos de testosterona são considerados protetores devido a seus efeitos na enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2), apesar dessa associação ser uma área muito nova de estudo, necessitando mais pesquisas para confirmação.
Outro estudo publicado na revista Andrology também encontrou uma ligação entre baixos níveis de testosterona em homens e COVID-19 grave.
Avaliou-se 31 homens com COVID-19 que foram admitidos na unidade de terapia intensiva respiratória do Hospital Carlo Poma em Mântua, Itália.
Os pacientes que tinham níveis mais baixos de testosterona tiveram pior prognostico e maior índice de mortalidade.
Segundo o professor honorário sênior em virologia da Universidade de Kent, no Reino Unido, Jeremy Rossman, declarou a Newsweek:
“Não se pensa que a testosterona tenha um impacto direto na doença de COVID-19, ao invés de afetar outros fatores, como os níveis de expressão da ACE2 … Essa é uma área de estudo muito nova e mais pesquisas serão necessárias para confirmar a associação entre níveis de testosterona e doença de COVID-19, além de determinar como os níveis de testosterona afetam o curso da doença “.
Testosterona alta reduz riscos de COVID-19
Na verdade, os indivíduos que tem testosterona elevada apresentam também níveis ótimos de ACE2, uma enzima que é benéfica, pois promove a regeneração do tecido.
Ironicamente, o problema é que o coronavírus se liga ao ACE2 e o usa para entrar nas células, onde se multiplica.
Porém, quando os níveis de ACE2 se tornam ótimos, pode se tornar protetor, pois se opõe ao vírus.
Esse paradoxo é melhor explicado pelos pesquisadores ao Early Human Development:
“O SARS-CoV2 entra nas células através da molécula receptora ACE2. Paradoxalmente, a regulação positiva de ACE2 se refere a efeitos protetores da infecção por COVID-19, possivelmente porque se opõe à perda de ACE2 da superfície celular. Especulamos que nos homens a regulação da ACE2 refere-se a alta testosterona e baixa relação 2D: 4D “. Eu explico essa relação mostra dedo anelar maior que o dedo indicador.
Maneiras naturais de aumentar a testosterona
Infelizmente em relação a sua exposição pré natal, à testosterona ou o comprimento do seu dedo anelar, nada pode ser feito. Porém, há maneiras naturais de estimular a produção de testosterona, que garantem maior proteção contra doenças virais, inclusive o COVID-19.
Lembre-se que após os 30 anos, inicia-se lentamente o declínio dos níveis de testosterona. Acentua-se no envelhecimento levando a sintomas como diminuição do desejo sexual, disfunção erétil, depressão, maior risco cardiovascular, perda de vigor físico e massa muscular, dificuldades de concentração e memória
São elas:
1. Limitar o carboidrato e aumente as gorduras boas
Procure consumir uma dieta rica em gorduras boas, proteína em moderação, muita fibra vegetal e carboidrato virtualmente zero
As boas gorduras que me refiro são:
– Azeite de Oliva, óleo de coco
– Carnes de animais criados a pasto
– Manteiga de leite cru de animais criados à pasto e Gemas de ovos caipiras
– Nozes cruas, como amêndoas ou nozes
– Abacates
2. Manter o peso
Se você estiver acima do peso, haverá comprometimento da sua sensibilidade à insulina, e consequentemente os níveis de testosterona estarão reduzidos.
3. Melhorar a sensibilidade à insulina
Com erro alimentar e/ou excesso de peso, haverá comprometimento da sensibilidade à insulina, o que consequentemente gera mais obesidade, diabetes, doença cardiovascular, hipertensão e redução de testosterona.
4. Jejum intermitente cíclico
O jejum intermitente cíclico aumenta os níveis de testosterona, assim como melhora os hormônios da saciedade, incluindo insulina, leptina, adiponectina, colecistocinina (CKK), melanocortinas e peptídeo 1 do tipo glucagon (GLP-1).
Com isso você resolve também a obesidade, diabetes, doença cardiovascular e hipertensão.
5. Reduzir o estresse crônico
Em situação crônica de estresse, seu corpo libera altos níveis de cortisol, o que bloqueia os efeitos da testosterona.
Minha sugestão para gerenciar esse estresse é a meditação de 20 minutos duas vezes ao dia.
6. Exercícios de alta intensidade e treinamento de força,
Exercícios curtos e intensos, intervalados como o treinamento supra aeróbico realizado três vezes por semana, têm um efeito positivo comprovado no aumento dos níveis e manutenção de testosterona.
Já o exercício aeróbico moderado ou prolongado, não tem efeito nos níveis de testosterona.
7. Treinamento resistido (musculação)
Realizado com frequência melhora os níveis de testosterona.
Procure elevar os pesos devagar, gerando movimentos lentos, o que permite um maior ganho muscular.
8. Otimizar a vitamina D
Promove aumento de testosterona e libido. Trata-se de um hormônio esteroide, mantendo qualidade e quantidade de espermatozóides.
É importante checar seus níveis através de um teste de 25 (OH) D, também chamado de 25-hidroxivitamina D, cujos valores recomendados são de 50-70 ng / ml.
A exposição consciente ao sol é a MELHOR maneira de otimizar seus níveis de vitamina D. O tempo aconselhável no caso é cerca de 30 minutos, sem proteção, de preferencia entre 10 e 15 horas.
No caso de suplementação, os estudos mostram que o adulto médio precisa tomar 8.000 UI de vitamina D por dia.
9. Zinco
Esse mineral é fundamental para a produção de testosterona, e a deficiência está ligada com redução de níveis de testosterona.
É muito frequente que adultos acima dos 60 anos apresentem deficiência desse mineral. Sua suplementação no caso interfere com os níveis de cobre, portanto é importante que você esteja sendo acompanhado por um médico.
Consuma alimentos ricos em zinco como: carnes e laticínios de animais a pasto como leite, queijo cru, iogurte ou kefir e peixes de água profundas.
10. Tribulus terrestres
É uma erva indiana que desenvolveu uma reputação por suas habilidades sexuais, pois aumenta os níveis de hormônio luteinizante no corpo, induzindo a elevação dos níveis de testosterona.
Uma avaliação em homens saudáveis usando Tribulus apresentou um aumento médio de 30% nos níveis de testosterona após apenas cinco dias de suplementação oral. Nos estudos a dosagem usada foi de 250 a 500 mg uma vez por dia.
11. Cordyceps. Dong Chong Xia
Há muito que é utilizado tanto na medicina tradicional chinesa como na tibetana. Cientistas da Universidade de Nottingham estudam a cordicepina, um dos compostos medicinais ativos encontrados nesses fungos, como um potencial medicamento contra o câncer e de correção de ecologia intestinal, fundamental na defesa imunológica.
Além disso, melhora o desempenho sexual e atlético, promovendo aumento de testosterona. Foi utilizado com muito êxito por atletas olímpicos chineses, despertando o interesse, pois aumenta a produção de ATP, força e resistência, e tem efeitos antienvelhecimento.
O Cordyceps apresenta também ação hipoglicemiante, importante no emagrecimento e diabetes. Age protegendo o fígado e os rins, aumenta o fluxo sanguíneo e tem sido usado para tratar a hepatite B. A literatura mostra dosagens eficientes de 500 mg, 2 a 4 vezes por dia.
Atenção, esses suplementos ainda não são aprovados no Brasil. Converse sempre com seu médico sobre qualquer possibilidade de tratamento, mesmo com relação a suplementos naturais. E Supersaúde!
Referências bibliográficas:
- Early Human Development. July 2020, Vol. 146, 105074
- The New York Post. May 26, 2020
- Andrology. May 20, 2020
- Newsweek May 27, 2020
- Cell. Apr 16, 2020;181(2):271-280
- Daily Mail. May 26, 2020
- Science. November 16, 2018; 362(6416): 770-775
- Arch Androl. Aug 1981;7(1):69-73
- Nutrition. May 1996;12(5):344-8
- Neuro Endocrinol Lett. Oct 2007;28(5):681-5
- National Institutes of Health, Office of Dietary Supplements, Zinc
- Horm Metab Res. Mar 2011;43(3):223-5.
- Horm Behav. Nov 2010;58(5):898-906.
- Study presented at The Endocrine Society’s 91st Annual Meeting, June 13, 2009, Washington, D.C.
- www.drrondo.com/controle-glicemia-combate-coronavirus/
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- www.drrondo.com/estresse-cronico-aumenta-o-risco-de-cancer-e-doenca-cardiaca/